Análise | Synduality Echo of Ada - Casual, Simples e Repetitivo



Com o início do ano a trazer um calendário de lançamentos mais calmo, Synduality Echo of Ada chega num momento oportuno para quem procura uma nova experiência dentro do género RPG de ação. Prometendo uma fusão de ficção científica, gestão de inventário  e combates intensos, este título ambiciona destacar-se num mercado cada vez mais saturado. Com um mundo devastado e uma relação peculiar entre humanos e inteligências artificiais no centro da sua história, será que consegue cumprir essa promessa? Vamos descobrir.





A história de Synduality Echo of Ada leva-nos a um futuro distópico, onde a humanidade sofre as consequências de uma chuva venenosa conhecida como “Lágrimas da Lua Nova”, que dizimou grande parte da população e deu origem às deformadas criaturas conhecidas como Enders. Para sobreviver, os humanos construíram o refúgio subterrâneo Amasia, onde criam as Magus, inteligências artificiais com personalidades próprias. O jogador assume o papel de um piloto de robôs gigantes (chamados Cradle Coffins), que forma uma ligação com Magus, e se torna seu companheiro.

A história, embora interessante à primeira vista, perde força rapidamente. Desde o momento em que começamos a jogar, somos incutidos uma missão simples: subir à superfície para recolher recursos. Tirando algumas missões que nos dão excertos sobre o passado, a trama torna-se irrelevante, e o jogo segue um caminho onde a exploração é a principal motivação.




É precisamente nesta exploração que reside o verdadeiro foco de Synduality. A bordo do Cradle Coffin, os jogadores aventuram-se por vastos ambientes pós-apocalíticos, como prédios destruídos, zonas empresariais abandonadas e áreas rurais em ruínas, todas envoltas numa atmosfera de desolação e mistério. O objetivo é claro: buscar recursos valiosos para a sobrevivência e para o upgrade da base. No entanto, essa missão vem acompanhada de ameaças. Estas podem ser os Enders, criaturas mutantes que vagam pelas ruínas, ou outros Drifters – jogadores ou NPCs que disputam os mesmos recursos, criando cenários de PvEvP (jogador contra jogador e ambiente).

O combate mistura ação em tempo real com um sistema de gestão de munições e habilidades, exigindo que o jogador equilibre estratégia e agressividade para sobreviver às incursões. Cada expedição é preparada previamente, o que significa que a quantidade de munições levada tem de ser ponderada com cuidado. Levar muitas balas ocupa espaço precioso que poderia ser usado para armazenar itens recolhidos durante a missão, mas levar poucas pode ser um risco, pois a escassez de munição no mapa torna difícil repor o stock. Para piorar, os inimigos apresentam diferentes padrões de ataque: enquanto alguns são mais resilientes e exigem precisão e paciência, outros atacam em grupo, forçando uma resposta rápida e eficiente. Assim, a escolha da arma certa para cada situação, aliada a uma boa gestão dos recursos e das habilidades do Cradle Coffin, torna o combate um jogo constante de risco e recompensa.





No entanto, apesar das intenções de equilibrar essa dinâmica, rapidamente notamos que o jogo pode frustrar os jogadores. Seja pela falta de espaço para carregar materiais de volta para a base ou pela possibilidade de sermos eliminados por um inimigo escondido que destrói tudo o que recolhemos em apenas dois ataques. Mesmo a movimentação do nosso Cradle é pouco fluida, com controlos que, por vezes, parecem pesados e difíceis de ajustar, o que aumenta o desafio das incursões e, em certos momentos, a sua exasperação. A falta de resposta imediata e a sensação de descontrolo durante o combate contribuem para a sensação de que o jogo não está a oferecer a experiência dinâmica que promete.

Apesar da promessa de variedade nas incursões, sentimos que o jogo perde um pouco do seu encanto após várias expedições. Os inimigos, que mudam apenas ligeiramente em tonalidades e padrões, e os recursos, que se repetem de forma previsível, contribuem para incursões demasiado repetitivas. As diferentes localizações, embora diversas, não oferecem tanta novidade, o que faz com que, após 10 ou 15 expedições, o jogador se sinta preso a uma rotina monótona. A exploração e o combate, que inicialmente prometiam adrenalina, começam a perder a empolgação.




Outro ponto que deixa a desejar é o sistema de personalização dos Cradle Coffins. Embora possamos modificar as nossas máquinas com diversas armas, armaduras e habilidades, este sistema não mantém o nosso interesse com o tempo. Exemplificando: embora haja diferenças claras entre uma sniper e uma caçadeira, as armas comuns, como as metralhadoras, são praticamente idênticas entre si, sem grande relevância na escolha. A evolução das armas segue o já conhecido modelo de live services, onde as armas passam de uma cor branca (menos poderosa) para uma cor laranja (mais rara e poderosa), mas, na prática, isso não acrescenta muita profundidade ao jogo.

Com uma mecânica simples e casual, Synduality Echo of Ada aposta numa experiência acessível, mas incorre numa repetição que tira o encanto do título. Apesar disso, a sonoplastia do jogo destaca-se, criando uma atmosfera envolvente que complementa bem o ambiente desolado das explorações. O som da chuva incessante, o vento cortante e os passos dos Enders adicionam uma sensação de imersão no mundo pós-apocalíptico. Os monólogos da Magus, que servem como suporte emocional durante as incursões, também ajudam a suavizar a repetitividade da jogabilidade, fazendo do relacionamento entre piloto e IA um ponto positivo no jogo. Mesmo com os problemas de gameplay, é na sonoridade que o título mantém um toque de qualidade, criando uma conexão emocional que suaviza a irritação e monotonia de certos momentos.




Mas até a prestação gráfica é um problema. Notámos quedas de frame rate recorrentes em cenários mais movimentados, algo que pode ser frustrante durante os combates. Além disso, bugs ocasionais, como as balas passaram pelos inimigos sem os atingir, ou quedas que ocorrem quando saltamos para uma plataforma com confiança apenas para o nosso robot falhar a ação comprometem a experiência. Apesar disso, a Bandai Namco já prometeu atualizações para corrigir estes problemas.



Conclusão

No final, Synduality Echo of Ada apresentou-se como uma proposta interessante no género de RPGs de ação, mas falha em muitos aspetos que impedem uma experiência mais envolvente. A premissa inicial é cativante e o mundo pós-apocalíptico tem muito potencial, mas a repetitividade das incursões, a falta de profundidade no combate e nas personalizações, bem como os problemas técnicos, tornam o jogo pouco satisfatório a longo prazo. A sonoridade é, sem dúvida, um dos poucos pontos positivos que consegue manter o jogador imerso na atmosfera sombria, mas não é suficiente para mascarar as falhas no gameplay. Com algumas atualizações e melhorias, pode ser que o jogo consiga corrigir parte desses problemas, mas por agora, Synduality Echo of Ada revela-se uma experiência casual, simples e repetitiva, que falha em manter o entusiasmo após as primeiras horas de jogo.

 

O melhor

  • Ambiente sonoro imersivo;
  • Enredo inicial e a sua premissa;

 

O pior

  • Combate limitado;
  • Repetição nas excursões e no geral;
  • Combates e movimentação pouco fluidos;


 

Nota do GameForces: 5/10


Título: Synduality Echo of Ada
Desenvolvedora: Game Studio;
Editora: Bandai Namco Games;
Ano: 2025.

Nota: Esta análise foi realizada com base na versão digital do jogo para a PlayStation 5, através de um código gentilmente cedido pela editora.

Autor da Análise: Filipe Martins

Análise | Synduality Echo of Ada - Casual, Simples e Repetitivo  Análise | Synduality Echo of Ada - Casual, Simples e Repetitivo Reviewed by Filipe Martins on fevereiro 05, 2025 Rating: 5

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