A atualidade encontra-se praguejada por remakes, remasters, reboots, etc. É uma verdade incontornável e que certamente apresenta valências positivas e negativas no mercado contemporâneo dos videojogos. Neste artigo vamos abordar o lançamento de mais um remake, desta vez de um dos títulos mais acarinhados por qualquer fã de RPGs Japoneses! Exatamente, estamos a falar do remake de Dragon Quest III, que agora assume-se com o sufixo “2D HD”. Vamos então embarcar nesta viagem a um passado longínquo onde a dificuldade, compromisso e diversão eram valores incontornáveis num lançamento de "grande" escala... pensando bem, talvez o passado não seja assim tão longínquo!
Passando às introduções: Dragon Quest III HD-2D Remake é, fundamentalmente, uma reimaginação moderna do clássico RPG lançado originalmente em 1988 para o Famicom. Desenvolvido pela Square Enix em colaboração com a Artdink, este remake procura revitalizar a experiência original, incorporando uma estética mais contemporânea, algumas melhorias na jogabilidade e um refinamento das mecânicas de jogo. Tudo isto, procurando simultaneamente manter a essência que cativou jogadores há quase quatro décadas atrás (estarei a ficar velho???).
Definitivamente, uma das características mais marcantes deste remake e que certamente ficará no topo da memória de quem o jogar, passa pela adoção do estilo visual HD-2D, combinando sprites 2D em arte pixelizada com detalhados ambientes 3D. Portanto, um aspecto que, no fundo, procura criar uma sensação de profundidade e modernidade. Esta abordagem, anteriormente utilizada em títulos como Octopath Traveler, confere ao jogo uma aparência de diorama, onde personagens em pixel art interagem com cenários ricamente detalhados. A iluminação aprimorada e as paletas de cores vibrantes realçam cada cenário, desde aldeias pitorescas até masmorras sombrias, proporcionando uma experiência visualmente deslumbrante. Em particular os efeitos especiais e interações entre arte pixelizada e os cenários envolventes são extremamente ricos, transmitido um sentimento bastante gratificante para o jogador que permite uma imersão “deliciosa” neste mundo.
Mantendo-se fiel às raízes da série, Dragon Quest III HD-2D Remake preserva a estrutura clássica de exploração e combate por turnos. Neste título, os jogadores são convidados a explorar um vasto mundo, repleto de cidades, cavernas e castelos, enfrentando inimigos em batalhas aleatórias que ocorrem fora das zonas seguras das vilas e cidades. O sistema de classes implementado permite a personalização da equipa, oferecendo a possibilidade de recrutar aliados com diferentes especializações para auxiliar na missão. Uma adição notável a este remake é a nova classe de " Monster Wrangler", que permite capturar e treinar criaturas para utilizá-las em combate, adicionando uma camada extra de estratégia e profundidade à jogabilidade.
O enredo por seu lado apresenta-se bastante simples. Centrado num jovem herói, descendente do lendário guerreiro Ortega, que segue a sua jornada épica para derrotar o Arquidemónio Baramos e claro… salvar o mundo da destruição iminente. Aí está, simples e direto! Efectivamente, embora a premissa seja simplicista, especialmente quando comparada a narrativas mais complexas dos RPGs modernos, a história é enriquecida por uma variedade de pequenas subenredos e personagens memoráveis que o protagonista encontra ao longo do caminho. Esta abordagem permite uma imersão mais gradual no universo do jogo, oferecendo momentos de introspecção e descoberta que complementam a missão principal perfeitamente. No final, o sentimento transmitido ao jogador passa mais por termos passado por um processo de descoberta e introspecção, do que propriamente conseguir derrotar o inimigo que nos propusemos no início da nossa demanda. É, portanto, um excelente caso de estudo em como a narrativa consegue potenciar bastante a experiência de um jogo, mesmo que este contenha um enredo ou conceito mais simples.
Falando em experiência transmitida ao jogador, este remake introduz várias melhorias destinadas a otimiza-lá no que se toca a diversas mecânicas de jogo. Entre elas, destaca-se a possibilidade de ajustar a velocidade das batalhas, permitindo combates mais rápidos e dinâmicos. Além disso, a funcionalidade de gravação automática e a opção de salvar o progresso em qualquer igreja facilitam a gestão do jogo, tornando-o mais acessível tanto para veteranos como novatos na série. A interface foi redesenhada para uma navegação mais intuitiva, e foram adicionados marcadores de objetivos para auxiliar na orientação durante a exploração do vasto mundo do jogo.
Ainda assim, apesar das numerosas melhorias, salientamos que é possível que alguns jogadores possam sentir alguns elementos algo desatualizados, tais como a frequência de encontros aleatórios e a necessidade de "grinding" para avançar em determinadas partes da história. Embora estas mecânicas sejam reminiscências dos RPGs clássicos e possam ser vistas como parte do charme nostálgico do jogo, poderão não agradar a todos os públicos, especialmente àqueles acostumados às conveniências modernas.
Por fim não podemos deixar de abordar a banda sonora de Dragon Quest III HD-2D Remake. Esta mantém a icónica composição de Koichi Sugiyama, agora remasterizada com arranjos orquestrais que elevam a grandiosidade da aventura. As melodias clássicas, como o tema de exploração e as músicas de batalha, foram revitalizadas sem perder o charme nostálgico do original. Os efeitos sonoros também receberam um tratamento aprimorado, trazendo maior imersão às interações no mundo do jogo, desde o som das espadas chocando-se contra os inimigos até os distintos bleeps dos menus clássicos da série. Estes elementos sonoros combinam-se harmoniosamente com a estética HD-2D, proporcionando uma experiência verdadeiramente envolvente para o jogador.
Conclusão
Dragon Quest III HD-2D Remake é uma experiência que homenageia fielmente um dos títulos mais influentes da história dos RPGs. Apresentando-se com uma estética visual deslumbrante, melhorias significativas na jogabilidade e uma narrativa clássica que resistiu ao teste do tempo (ainda que simplicista), este remake oferece uma experiência que é simultaneamente nostálgica e refrescante. Algumas mecânicas poderão apresentarem-se como desajustadas da realidade atual, como por exemplo a necessidade de grinding para prosseguir no jogo, mas no global pode ser uma excelente porta de entrada para a série Dragon Quest. Quer o jogador seja um conhecedor da série ou um novato, este título proporciona uma aventura envolvente que celebra o legado de um verdadeiro clássico dos videojogos.
O Melhor
- Grafismo pixelizado e fundos 3D com uma qualidade extraordinária e envolvente;
- Introduções de qualidade de vida na jogabilidade que permitem uma experiência mais em linha com as dinâmica actuais;
- Banda sonora de luxo;
- Animações verdadeiramente cativantes;
- Narrativa progressiva muito bem introduzida.
O Pior
- Algumas mecânicas permanecem desactualizadas para o mercado actual;
- Dificuldade em discernir o rumo a prosseguir em diversas ocasiões da história.
Pontuação do GameForces: 8/10
Título: Dragon Quest III - HD 2D Remake
Desenvolvedora: Square Enix
Publicadora: Square Enix
Ano: 2024
Nota: Esta análise foi realizada com base na versão do jogo para a PlayStation 5, através de uma cópia adquirida pelo redator.
Autor da Análise: Carlos Silva
Análise | Dragon Quest III - HD 2D Remake - Homenagem ao Passado
Reviewed by Carlos Silva
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janeiro 31, 2025
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