Haverá alguma forma melhor de perceber o quanto evoluímos do que olhar para trás? À medida que a indústria vai crescendo e tornando mais madura, e à medida que os jogadores vão abrangendo faixas etárias mais amplas, temos visto uma tendência para revisitar o passado e dar-lhe uma nova vida. Temos visto a nostalgia a ganhar um papel cada vez mais preponderante na nossa indústria e, com ela, vemos os regressos de jogos que já podem ser considerados clássicos. E é para esses regressos que olhamos agora e que reconhecemos.
Entre jogos diretamente relançados tal como eram há anos atrás, jogos que receberam um rápido facelift para embelezar a nitidez visual, jogos que passam a ficar disponíveis nas consolas modernas com algum conteúdo adicional, bónus e nunca antes visto, e jogos que foram completamente refeitos de raiz para tentar modernizar e fazer uma experiência corresponder à visão cor de rosa que aplicamos quando nos recordamos da mesma, 2024 foi um ano riquíssimo em "novas velhas" ofertas. Gostando-se ou não, é uma tendência que funciona e que parece estar para ficar, portanto abracemo-la e reconheçamos o que de melhor foi feito neste canto da indústria.
Se existe um RPG icónico dentro do género JRG e em particular da era da PlayStation 2 é Persona 3. As exuberantes personagens, o enredo de despedaçar o coração ou as música imemoriais tornam este título em algo verdadeiramente marcante para qualquer pessoa que o jogue. Com Persona 3 Reload, a Atlus pega em todos estes aspectos, baralha-os, reconstrui-los e incrementar ainda todo um conjunto de melhorias para ir de encontro aos parâmetros mais atuais da indústria. O resultado? Um título que, à semelhança do original, consegue servir de base para a evolução das séries de JRPGs da companhia e da indústria no geral.
Sim, muito à semelhança do que Persona 3 conseguiu fazer ao criar as fundações de jogabilidade para títulos como Persona, Shin Megami Tensei, Soul Hackers ou Tokyo Mirage Sessions, acredito que Persona 3 Reload servirá como base para os futuros lançamentos da companhia e não só. Se tivesse que indicar um ponto menos positivo seria a não inclusão desde o lançamento da expansão "The Answer" que vinha com a versão "PES" do original (onde desta vez foi vendido com uma DLC). Ainda assim, a história do "Episode Aigis" revelou-se como uma oportunidade perdida de melhoria dos problemas do original, por talvez o jogador não tenha ficado muito a perder, mas seria uma adição bem vinda certamente.
No final, Persona 3 Reload deixar-nos-á com lágrimas nos olhas, mas com uma visão verdadeiramente nova do mundo que vivemos e dos valores que assumimos!
Apesar de jogar há muitos anos, continua a haver algumas falhas básicas no meu percurso. Pois, este ano tive uma oportunidade fantástica de colmatar uma delas com a chegada do remake de Paper Mario: The Thousand Year Door. E deixem-me que vos diga: tudo o que sempre ouvi dizer do jogo era bem verdade. É uma aventura divertidíssima, com um sistema de batalha tão focado quanto imprevisível, e com algumas das personagens mais memoráveis de todo o universo de Mario. Ainda por cima, esta nova versão é estupendamente bela de contemplar. Por isso, Paper Mario: The Thousand-Year Door é o meu remake do ano, e uma experiência à qual certamente regressarei várias vezes!
Passados muitos anos do seu lançamento original, finalmente terminei o Dead Rising. Tal foi possível graças a esta nova versão do jogo, que trouxe várias melhorias tanto gráficas como técnicas, sendo uma destas os novos controlos que melhoraram bastante a jogabilidade e me deram um novo ânimo para terminar a história. Esta é a melhor versão deste clássico da Xbox 360 e sem dúvida vou das maiores surpresas que tive este ano. Espero mesmo que o sucesso seja elevado e que a Capcom faça um trabalho igualmente bom com o segundo título e quem sabe, traga o terceiro título para as consolas da Sony.
Em 2024, Final Fantasy VII Rebirth foi a minha escolha óbvia para o título de Melhor Remake/Remaster — porque, francamente, não me lembro de ter jogado outro remake ou remaster este ano o que facilitou bastante esta decisão. Já tinha revisitado o clássico, mas o Rebirth trouxe uma nova perspectiva com mudanças na narrativa que, em certos momentos, deixaram-me a coçar a cabeça, pensando: "Será que isso fazia mesmo sentido?"
Dito isto, algumas dessas alterações acabaram por adicionar mais profundidade e contexto à história. Em vez de simplesmente seguirem o mesmo caminho do original, as novas adições deram espaço para explorar mais sobre personagens e eventos, o que trouxe à tona novas camadas de interpretação. É como se o Rebirth tivesse dado vida à imaginação que o título original sempre prometeu, mas devido à geração em que viveu não conseguia.
É um remake que mantém o coração do original, mas também traz algo de novo, e por isso, permanece como o melhor remake/ remaster de 2024, pelo menos na minha lista.
O maior defeito do remake de The Thousand-Year Door é não ter sido lançado mais cedo. Este RPG já era magnífico na GameCube. Eu já sabia que o jogo era magnífico. Vocês já sabiam que o jogo era magnífico. Tudo o que precisávamos era um remaster ou até um simples port que o libertasse da GameCube e nos desse a oportunidade de o jogar numa plataforma moderna, seja pela primeira ou pela enésima vez, e deliciarmo-nos com as suas mini-histórias excêntricas, combate por turnos refinado, e rios de charme como poucos jogos (Mario ou não) possuem.
No entanto, não foi só um remasterzinho que recebemos. A Intelligent Systems tratou o regresso do segundo Paper Mario com a reverência que a ocasião pedia, concedendo-lhe um soberbo e caprichado remake. A apresentação é belíssima, a banda sonora foi totalmente recriada com samples atualizados e complementada com muitas novas músicas, e um tsunami de melhorias de qualidade de vida aproxima o remake da melhor versão possível de The Thousand-Year Door. Se ainda não o jogaram... não acham que já esperaram que chegue?
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Introdução por Filipe Castro Mesquita
Edição do Texto por Tiago Sá
Thumbnail e Imagens de Texto por Carlos Cabrita
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