Mario, The Last of Us, Fallout, Sonic... Nos últimos anos, têm sido muitos os universos gaming a dar ao salto para o pequeno e grande ecrã. Pode-se afirmar que este imiscuir de meios artísticos advém de bases narrativas sólidas; porém, muito mais importante para explicar esta expansão é a robustez dos seus universos consolidados. Universos reconhecidos pela sua iconografia e leitmotifs musicais sonantes, mas principalmente pelo seu acervo de personagens carismáticas, com protagonistas, antagonistas, e NPCs de todos os jeitos e feitios.
Nos jogos lançados em 2024, vimos tanto a revigoração de personagens clássicas como a introdução de figurantes memoráveis inéditos. E é isso que celebramos neste primeiro artigo dos GameForces Awards - as personagens meticulosamente construídas para enriquecer as histórias que vivemos e nas quais mergulhamos durante este ano de 2024. Para tal, podemos considerar vários ângulos. O desenvolvimento de uma personagem desde o primeiro momento em que somos brindados com a sua presença até ao rolar dos créditos. O peso da personalidade de uma personagem no mundo e na narrativa do jogo que jogamos. Um desempenho memorável por parte de um ator, seja de voz, seja de captura de performance, ou seja de ambos. Ou até o impacto de uma personagem que extravasa os limites do jogo e torna-se algo mais, encarnando um ideal, uma inspiração ou até a cara de uma nova direção para uma desenvolvedora.
Enfim, há muitas perspetivas através das quais podemos avaliar o valor de uma personagem, e cada membro da nossa equipa explicará qual a que adotou para escolher qual foi, para si, a melhor personagem de 2024. Sem mais demoras, eis as escolhas de cada redator!
Filipe Martins - Beelzebub (Sand Land)
Para esta categoria tentei tirar um coelho da cartola, surpreender com alguém "underground". E quem mais underground que o príncipe do submundo? Falo de Beelzebub, o príncipe dos demónios em Sand Land, é uma personagem que redefine o que significa ser “malvado”. Apesar da sua herança infernal e aparência assustadora, Beelzebub é tudo menos o típico vilão que esperamos de um demónio. Com um sentido de humor afiado e uma inclinação para o inesperado, ele mostra que até os filhos do submundo têm um lado benevolente — e um coração que bate mais forte por justiça.
A dualidade de Beelzebub é o que o torna tão cativante. De um lado, temos o demónio travesso que adora pregar partidas, com um sorriso diabólico e uma atitude que grita "cuidado comigo". Do outro, está um herói inesperado, que demonstra uma empatia genuína por aqueles à sua volta, provando que, às vezes, o “mal” pode ser apenas um mal-entendido bem divertido.
Além do seu carisma natural, Beelzebub equilibra poder e humor de uma forma única. Ele é incrivelmente forte e inteligente, mas nunca deixa que a sua força se sobreponha à sua humanidade — ou devo dizer, "demonianidade"? — mostrando que, mesmo nas sombras, há luz. É esta mistura de traquinice e altruísmo que o destaca como uma das personagens mais memoráveis e humanas do ano.
Sephiroth não é alguém desconhecido para os gamers. Desde a sua presença na aventura poligonal na primeira PlayStation, as diversas presenças em outras franquias como Kingdom Hearts e Super Smash Bros e mais recentemente no remake de Final Fantasy VII lançado para a Playstation 4, este tem sido, para muitos, um dos melhores antagonista dos videojogos. A presença dele mete respeito, a banda sonora que o representa é incrível e só de pensar na sua gigante katana ficamos com medo o enfrentarmos seja em que jogo for. Mais recentemente no Final Fantasy VII Rebirth o seu protagonismo elevou a fasquia e em apenas poucas horas de jogo percebemos de imediato o quão maléfico e cruel ele consegue ser. Sephiroth sempre teve algum protagonismo, mas depois deste título, nunca mais vai ser visto da mesma forma, aliás, vai ser visto com ainda mais respeito.
Sim, a minha personagem do ano é uma que mal vemos, mas uma cujas ações e intenções acompanhamos desde o início da nova aventura no mundo de Elden Ring. Sem estragar nada, digo apenas que o lore sobre Miquella The Kind que tinha ficado no ar durante o jogo base foi endereçado de forma memorável, com voltas e reviravoltas que acrescentam imenso sumo a um jogo onde cada descoberta já era de arregalar os olhos. Saber as respostas a todas as minhas perguntas sobre Miquella e acompanhar a sua viagem até ao estatuto divino, e tudo o que foi preciso sacrificar e manipular para lá chegar, fazem de Miquella a minha personagem preferida deste ano.
Este ano, para a personagem melhor caracterizada e com melhor prestação por parte da atriz, escolhi a iteração de Aerith do mais recente remake de Final Fantasy VII. Decorrente da narrativa e história deste título, considerei que Aerith apresentou uma maturidade enorme com os eventos a decorrer, não somente na reta final, como durante toda a experiência. Como que sempre conhecendo o seu destino, Aerith foi em toda a verdade a peça central da narrativa e quem moldou o curso dos eventos, deixando os principais protagonistas (Cloud e Sephiroth) sempre a correr atrás da suas manipulações... e sem sequer se aperceberem disso. Felizmente, Aerith está na "nossa equipa" alinhado com os nossos interesses, mas isso poderia muito bem ser o oposto, considerando a sua história.
Fora a importância narrativa da personagem, também a interpretação de Mandy More na sua versão Inglesa está no ponto, apresentando sempre uma excelente transição dos seus sentimentos e dando profundidade aquilo que torna Aerith a personagem que é. Felizmente, a atriz conseguiu apresentar uma personagem que nos deixa cativados por ela até aos últimos instantes da experiencia e mesmo conhecendo a história base dela, é impossível não ficar emocionada com o desfecho da sua história em Final Fantasy Rebirth.
_____
Digam-nos de vossa justiça! Concordam com as escolhas dos nossos redatores? Há alguma personagem que, na vossa opinião, mereça destaque e que não tenhamos referido ao longo deste artigo? Partilhem connosco as vossas opiniões, e enriqueçam esta discussão!
Introdução e Edição do Texto por Tiago Sá
Thumbnail e Imagens de Texto por Carlos Cabrita
Sem comentários: