Crítica | Sonic 3: O Filme – A Melhor Aventura de Sonic, Sem Sombra de Dúvida


Já começa a ser tradição ir ao cinema, de dois em dois anos, para ver mais uma aventura do nosso ouriço-cacheiro preferido. E estas adaptações cinematográficas têm sido uma agradável surpresa. Depois de um (tão necessário) face lift, o primeiro filme ofereceu uma aventura agradável, e o segundo incorporou muitos mais elementos dos jogos e ofereceu uma experiência ainda melhor. Com esta série de filmes em crescendo, este final de ano brinda-nos com uma proposta aliciante e a introdução de uma das personagens mais amadas deste universo – Shadow the Hedgehog. Mas conseguirá Sonic 3: O Filme manter a tendência e proporcionar uma sessão de cinema ainda mais divertida, ou apresentar-se-á como uma mera sombra do que poderia ser?


Em Sonic 3: O Filme, encontramos Sonic (Ben Schwartz), Tails (Colleen O'Shaughnessey) e Knuckles (Idris Elba) a celebrar o aniversário da chegada do velocista azul à Terra, juntamente com a família que os acolheu. Ao mesmo tempo, no outro lado do mundo, uma criatura poderosa chamada Shadow the Hedgehog (Keanu Reeves) desperta do seu estado de animação suspensa, e começa a engendrar a sua vingança contra a humanidade. Vendo-se impotentes para travar este novo inimigo, o trio procura a ajuda de Eggman (Jim Carrey), na esperança de travar um plano que ameaça toda a vida na Terra.

Os fãs dos videojogos reconhecerão quase de imediato esta narrativa como sendo muito próxima da de Sonic Adventure 2 – e estarão a acertar na mouche. Se na crítica do segundo filme enalteci os elementos adaptados da longa série de videojogos, aqui apenas me posso regozijar com o mesmo. Este filme faz uma adaptação exemplar de um dos jogos mais amados de toda a franquia. O essencial da narrativa desse jogo mantém-se intacta, e as mudanças introduzidas não só fazem sentido como dão mais peso aos momentos emocionais.

O surgir de Gerald Robotnik (também Jim Carrey) com vida é uma decisão que enriquece a narrativa, e ajuda a aprofundar a relação e os paralelismos entre Sonic e Shadow – fazendo até um melhor trabalho do que o que vemos nos videojogos. Até os elementos de world building que têm sido desenvolvidos nos filmes foram aqui incorporados com qualidade. As personagens originais de Tom (James Marsden) e de Maddie (Tika Sumpter) aparecem aqui a servir o argumento, e a contribuir para a carga emocional desta narrativa acerca do significado de família, de reações a uma perda devastadora, e de luto.


Ao contrário do que aconteceu no filme passado, a história decorre a um ritmo muito mais divertido e cativante. Desta vez, não há linhas narrativas secundárias ou terciárias que aborrecem e que em nada contribuem para o sumo da história que está a ser contada. Há uma narrativa focada, com cada personagem a ter objetivos relacionados com a mesma sempre que surge no grande ecrã. O filme também está repleto de referências diretas à série de jogos para além de Sonic Adventure 2 – apanhei várias referências a Sonic Heroes, a Shadow the Hedgehog e até a Sonic ’06 -, o que me levou sempre a recriar aquele meme do DiCaprio a apontar entusiasmado para um ecrã. Tudo isto faz com que Sonic 3: O Filme apresente um argumento bem escrito, coeso e, acima de tudo, que demonstra um enorme respeito pelo material de base que está a adaptar.

Mas nem tudo é perfeito. À semelhança do que aconteceu com os primeiros dois, este filme apresenta muitos momentos humorísticos. Geralmente, estes momentos são divertidos, enaltecendo as características da personalidade de cada personagem, conseguindo sacar uns quantos sorrisos e uma gargalhada ou duas. Mas é também aqui que o argumento se mostra mais frágil.


Muitas das piadas são um pouco forçadas ou sem grande sentido, levando-me a arquear uma sobrancelha ao invés dos cantos da boca. Além disso, muitos dos momentos humorísticos acabam por se prolongar demasiado, repetindo uma piada para além do razoável e quebrando um pouco o progresso da narrativa. Bem sei que muito disto provavelmente se deve ao facto de ter o dobro ou o triplo da idade da população-alvo destas piadas, mas não deixa de ser algo a melhorar para a próxima.

Por outro lado, os momentos de ação são estupendamente bons. A introdução de Shadow nos primeiros minutos do filme estabeleceu bem o tom que poderia esperar da ação do filme. Os vários confrontos entre Sonic e Shadow estão estupendamente bem animados, quase parecendo um anime com gráficos realistas – mas com um nível de qualidade bem superior ao habitual. As sequências de ação são sempre empolgantes, com uma estupenda utilização de explosões de cores e de efeitos de partículas. Não vou mentir, houve umas quantas vezes que fiquei de olhos arregalados, que sussurrei “Uau” e que me sentei bem direito na cadeira – o que só acontece quando estou MUITO envolvido num filme.

Para tudo isto, contribuíram também os fenomenais desempenhos de todos os envolvidos (pelo menos na versão legendada, a que assistimos). Jim Carrey volta a roubar os holofotes, com dois desempenhos estupendos enquanto neto e avô Robotnik, revelando ser capaz de contracenar com humor e qualidade com qualquer ator – até com ele próprio. Ben Schwartz continua a oferecer uma das melhores encarnações de sempre de Sonic, enquanto Colleen O'Shaughnessey e Idris Elba voltam a tornar entusiasmantes as presenças de Tails e Knuckles no ecrã. Até o desempenho de Lee Majdoub como Agent Stone deu um salto qualitativo, com a personagem a ter vários momentos impactantes. E Keanu Reeves é uma escolha de casting incrivelmente acertada, com o ator a encarnar o anti-herói com uma naturalidade notável.


Com isto, tenho de notar outro problema chato do filme – a sincronização labial. Quando Bem Schwartz, Keanu Reeves, ou outro ator a desempenhar o papel de uma personagem animada fala, os movimentos das bocas dessas personagens não batem sempre certos. Durante a maioria do filme, não reparei em qualquer problema do género. Mas há momentos, alguns dos quais de resolução narrativa ou de desenvolvimento de personagem, em que não consegui evitar de reparar que os movimentos de boca estavam dissonantes da fala. Toda a animação do filme está exímia, como já referi quando falei das sequências de ação, portanto é estranho estar a constatar este problema.

Termino com outra das vertentes que elevam esta experiência cinematográfica para outros patamares - a banda sonora. Quando analiso um jogo de Sonic, uma das coisas que costumo elogiar até mais não é a música. E alegra-me imenso poder dizer que o mesmo se passa com Sonic 3: O Filme. Incorporando músicas dos jogos, com trilhas sonoras originais, a banda sonora do filme é estupenda. Acompanha imensamente bem a ação, tornando momentos altos do filme ainda melhores. Nada a apontar a este aspeto do filme. Está um trabalho extraordinário, e espero que assim continue a ser no inevitável Sonic 4.


Conclusões
Sonic 3: O Filme é uma experiência fantástica, sobretudo para quem é fã de longa data do ouriço velocista e dos seus amigos. A história é envolvente e desenrola-se a um ritmo muitíssimo bom, sobretudo por ter cortado nas narrativas secundárias irrelevantes e aborrecidas. Não deixa de ter as suas falhas ou arestas por limar aqui e ali. Contudo, o excelente desempenho de todo o elenco, a banda sonora impecável e o respeito pelo material que está a adaptar tornam este filme obrigatório para miúdos e graúdos, e obrigatório para fãs de longa data e novos adeptos de Sonic.

O Melhor:
  • Narrativa muitíssimo bem adaptada e com um ritmo muito melhor
  • Desempenhos de elevadíssima qualidade, sobretudo por parte de Jim Carrey
  • Recheado de momentos de ação muitíssimo empolgantes
  • Banda sonora fenomenalmente bem conseguida
  • Demonstra um enorme respeito pelo material de base

O Pior:
  • Demasiadas piadas que falham o alvo ou se prolongam demasiado
  • Alguns problemas de sincronização entre falas e animações das personagens
 
Pontuação do GameForces – 8/10

Título: Sonic: O Filme 3
Produtora: Paramount Pictures Studios
Realizador: Jeff Fowler
Elenco: Ben Schwartz; Jim Carrey; Keanu Reeves; Colleen O'Shaughnessey; Idris Elba; James Marsden; Tika Sumpter; Lee Majdoub
Ano: 2024

Autor da Crítica: Filipe Castro Mesquita
Crítica | Sonic 3: O Filme – A Melhor Aventura de Sonic, Sem Sombra de Dúvida Crítica | Sonic 3: O Filme – A Melhor Aventura de Sonic, Sem Sombra de Dúvida Reviewed by Filipe Castro Mesquita on dezembro 26, 2024 Rating: 5

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