Análise | Dead Rising Deluxe Remaster - De Regresso às Origens!

Dead Rising foi sempre uma daquelas frânquias "low-key" que pouco se ouvia falar. Inclusive a sua exclusividade tem sido bem inconstante: passou de ser exclusiva da XBOX 360 em 2006, para ter uma sequela que saiu também para a PlayStation 3, para em 2013 com o Dead Rising 3 voltar a ser exclusivo Microsoft... e por fim em 2016, manchar a sua imagem com Dead Rising 4, este que já não era exclusivo. Ainda nesse ano, lançaram uma versão de PS4 de Dead Rising, este que até ao momento era exclusivo, como mencionei anteriormente, XBOX. Contudo, o mesmo já se encontrava bastante envelhecido com um ritmo muito lento e com controlos pouco intuitivos e desatualizados. Falo por mim quando digo que não esperava este remastered, não após o que nos foi dado em Dead Rising 4, mas fico muito feliz que a Capcom tenha dado uma nova chance à série e, acima de tudo, preparado uma introdução da mesma, de forma mais atualizada e eficaz aos mais jovens jogadores (ou quem nunca teve a oportunidade de a jogar).

Nesta aventura controlamos Frank West, um jornalista que procura uma boa história para escrever, procurando preparar um artigo acerca de um certo surto zombie que está a decorrer numa pequena cidade nos EUA. Sem delongas desloca-se num helicóptero para a mal-afortunada cidade, descobrindo que a maior concentração dos mesmos encontra-se num centro comercial. Desta forma, coordena com o seu piloto de helicóptero que o deixasse lá e o fosse apanhar 72 horas depois (3 dias). Como seria de esperar, rapidamente Frank dá por si numa série de situações caricatas nas quais terá de lutar pela sua vida para aguentar os 3 dias. É portanto um premissa simples, mas cativante para o jogador: Tenta aguentar 3 dias seguidos num centro comercial, infestado de Zombies!

O primeiro problema que o nosso protagonista terá de ultrapassar é que, este centro comercial em particular está repleto de zombies que, apesar de ficarem a dever alguns pontos à inteligência, não se cansam e irão recorrentemente atrapalhar a vida do nosso protagonista. Mesmo nessa posição, Frank juntamente com Brad e Jessica descobrem uma sala de segurança com acesso às câmaras e usam-no como posto seguro. Assim sendo, Frank tem um único objetivo, desvendar como surgiu este surto zombie, quem está por trás daquilo tudo e sobreviver até ao regresso do helicóptero. Simples certo?

O jogo considera elementos caracterizadores de um mundo aberto, em particular na sua vertente “sandbox”, uma vez que tem imensas iterações e coisas para fazer, diferente de outros dentro deste género e com a particularidade de serem também em mundo aberto. Sendo situado num centro comercial, temos acesso a imensas lojas nas quais podemos encontrar diversos objetos que podem ser utilizados como arma, roupas que podemos vestir (de todos os géneros e feitios), alimentos para consumir (que nos restauram a vida) e livros que podem ser utilizados para aprimorar as nossas aptidões e capacidades. Sendo Frank um jornalista, naturalmente não se deixa de acompanhar pela sua fiel câmara fotográfica, esta que pode ser usada para tirar fotos a tudo ao nosso redor. Essas mesmas fotos podem ser utilizadas para adquirir experiência, dependendo da sua qualidade, dos objetos, personagens e npcs que se encontram fotografados.  

Temos ainda um sistema RPG muito simples e comum, no qual a nossa personagem vai subindo de nível à medida que enfrenta zombies, inimigos, conclui missões ou tira fotos ao espaço. Falando em missões, estas apresentam uma mecânica um tanto diferente do usual. Estamos acostumados a que as missões se encontrem disponíveis para nós a qualquer altura e sem um prazo para as concluirmos, contudo neste jogo este aspeto não funciona bem assim: As missões, tanto principais, como secundárias têm um temporizador, ao qual caso não seja cumprido as mesmas desaparecem… parece confuso, mas já vão perceber! No caso das missões secundárias, estas normalmente consistem em duas hipóteses: ou temos civis que temos de salvar e levar para o posto seguro ou tratam se de encontros com psicopatas.

Caso estejamos a falar da primeira hipótese, devemos encontrar-nos com as pessoas dentro do tempo estimado, ajuda-las no que elas precisarem (porque sim… elas vão-se tornar chatas contigo em alguns casos) e de seguida acompanha-las até ao posto seguro. Na segunda hipótese, teremos de nos dirigir ao local da missão e confrontar com personagens um tanto quanto malucas que procuram causar o caos e problemas para os nossos lados. Em ambos os géneros de missões, caso não as cumpramos dentro do tempo previsto, as missões desaparecem e os civis acabam por morrer. 

Já com as missões principais a situação é um bocado diferente. Caso não cumpramos o objetivo dentro do tempo previsto, algo surpreendente acontece e o jogo elimina a possibilidade de progredir com a história principal! Exatamente! Ficamos no centro comercial durante 3 dias somente a efetuar missões secundárias e a divertirmo-nos (sendo que no final desse tempo, o jogo acaba com um final alternativo).

Como referi anteriormente, existem objetos que nos melhoram certos atributos. Exemplificando, existem livros espalhadas pelo mundo que permitem uma melhoria num determinado aspeto, os alimentos normalmente fornecem pontos de vida extra e certos tipos tipos de arma ajudam a causar mais dano (para além de algumas armas terem maior durabilidade). Para além disso, também vamos adquirindo outros atributos à medida que vamos aumentando de nível, como aumentar a nossa velocidade, ter mais slots para armazenar armas e objetos, ganhar mais vida, etc.

Por falar em armas, estas são mais que muitas, desde armas de fogo, a armas de lamina (facas, espadas, etc.) e até molotovs...  existem para os gostos de cada um! Mas, para além das típicas armas, tudo o que possam imaginar pode ser utilizado como arma! Exatamente, desde cabides, bolas de bowling, cadeiras, tudo o que possam imaginar mesmo! Vale salientar que algumas armas dão para armazenar e andar com elas pelo mundo e outras não e para além disso todas as armas/objetos têm uma determinada durabilidade que vai se gastando à medida que os usamos.

Focando agora um pouco na componente associada à comparação entre esta versão e a original (e o remaster para a PS4), vale salientar que apesar dos gráficos melhorados e da performance melhorada, o jogo é exatamente o mesmo. Portanto, se são fãs do título original sabem que podem contar com os diversos bugs (como os problemas de renderização), recorrentemente presente quando o jogo tenta carregar a quantidade de objetos e npcs nos espaços mais abertos. Isto faz com que os mesmos apareçam de forma desvanecente, ou os diversos zombies aparecerem em locais que não era suposto como dentro de paredes ou de obstáculos do mundo, surjam no jogo.

Todos os restantes aspetos estão bastante melhorados e não somente os gráficos que, como mencionei anteriormente, estão muito melhores do que estavam há 2 gerações de consolas atrás (como era de esperar). Os próprios controlos foram melhorados e alterados de forma a serem mais apelativos. Antigamente tínhamos de clicar no R1 para mirar e disparávamos com o quadrado, agora usamos a já típica combinação do L2 com o R2. Outro aspeto que já tinha sido implementado no segundo título da série foi a possibilidade de andar enquanto estamos a apontar, algo que neste título também está presente. Para os verdadeiros fãs (ou talvez os mais saudistas!) que prefiram jogar à moda antiga, também poderão optar pelos controlos antigos. Contudo, existem muitos outros aspetos que foram alterados como: inteligência artificial dos civis melhorada, um aumento na velocidade de movimentação do Frank e a adição de diálogos com os civis, que antes eram somente feitos por caixa de texto.

Um problema que incomodou tanto a mim, como a muita gente (pelo que consegui apurar pelo feedback da comunidade) foi o facto de terem alterado um dos psicopatas/boss do jogo. É compreensível a razão pela qual o fizeram uma vez que na versão original o mesmo tratava-se de um indivíduo de origem asiática que gostava de carne humana e tinha um aspeto perturbador, algo que nos dias atuais podia ser ofensivo para algumas pessoas. Assim sendo, este foi alterado para um homem genérico de origem caucasiana e sem pormenores raciais desse género.

Quanto à performance do jogo, este mantém-se estável nos 60 fotogramas por segundo, não me lembro de evidenciar alguma quebra durante as horas de jogo que tive. Já os efeitos sonoros estão muito fiéis ao original, o que por sua vez são excelentes, com diversas músicas impactantes que nos acompanham ao longo das diferentes lutas com bosses (ou até mesmo quando estamos somente a passear pelas diferentes lojas do centro comercial!). Já as dobragens também mantém-se  praticamente iguais as originais, com algumas melhorias técnicas na sua qualidade (exceto na situação do tal boss que foi completamente alterado e do próprio Frank).


Conclusão 

A Capcom conseguiu fazer a franquia renascer após inúmeros erros no passado. Esta é sem sombra de dúvida, a versão definitiva do título de 2006 e vem substituí-la de uma forma bastante fiel e considerando as melhorias necessárias para estar em linha com a realidade actual da industria. São ainda evidentes alguns bugs que também constavam no título original e a mudança de algumas personagens pode levar a que muitas pessoas torçam o nariz sobre este remastered, mas acreditamos que não seja algo crucial para termos uma experiência extraordinária a jogar esta obra prima. 

Esperemos ainda que a Capcom decida fazer o mesmo com o segundo título da série, e quem sabe, lançar o terceiro para as consolas da Sony! Fica a dica!


O Melhor

  • Gráficos e performance melhorados em comparação com o título original;
  • Controlos melhorados;
  • Banda sonora e dobragens de qualidade e fiéis.

O Pior

  • A presença de alguns bugs recorrente em todas as versões deste título;
  • A alteração de personagens. 


Pontuação do GameForces: 8.0/10


Título: Dead Rising Deluxe Remaster
Desenvolvedora: Capcom
Editora: Capcom
Ano: 2024

Nota: Esta análise foi realizada com base na versão digital do jogo para a PlayStation 5, através de um código gentilmente cedido pela editora.

Autor da Análise: Carlos Cabrita
Análise | Dead Rising Deluxe Remaster - De Regresso às Origens! Análise | Dead Rising Deluxe Remaster - De Regresso às Origens! Reviewed by Carlos Cabrita on novembro 14, 2024 Rating: 5

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