Se cedesse aos meus impulsos, podia começar esta análise de diversas formas: referindo a sigla GOTY inúmeras vezes, mencionando a palavra mascote outras tantas, ou simplesmente fazendo propaganda de Astro Bot incentivando-vos a comprar o jogo neste preciso momento. Porém, vou tentar conter este entusiasmo e não os deixar vir à tona a cada cinco palavras que vocês leem. É que, se em 2020 a aventura gratuita deste nosso pequeno e carismático robô já nos surpreendeu pela positiva, então Astro Bot deixou-nos completamente loucos.
Se a Nintendo achava que nunca teria concorrência à séria com os jogos de plataformas 3D do Mario, esse dia finalmente chegou. No título anterior (Astro's Playroom) a jogabilidade e a imersão já eram magníficos, com diversos níveis que levavam-nos a conhecer as capacidades tanto da nossa consola como do nosso DualSense, mas neste título a fasquia eleva-se bastante, com uma variedade maior de níveis que nos levam tanto a desfrutar de uma linda paisagem como querer arrancar todos os cabelos que temos na cabeça com a sua pontual dificuldade, contudo, sempre com aquela magia que já nos foi apresentada no jogo anterior.
Nesta aventura, após um ataque inimigo, a nave mãe do Astro e dos seus companheiros bots é completamente destruída (vale salientar que a sua nave mãe é uma autêntica PlayStation 5) e os seus tripulantes são projetados em todas as direções. Vendo-se perdido num planeta apenas habitado por pequenos animais, o nosso robozinho começa uma grande missão: salvar os mais de 300 bots perdidos pelas diferentes galáxias e recuperar as peças da sua nave mãe afim de conseguir concertá-la. Estas diferentes galáxias são constituídas por diversos níveis, todos diferentes, mas partilhando a mesma forma de pensar: apresentando-nos sequências de qualidade em que a diversão é uma constante, e com muitas introduções de power-ups, plataformas especiais, bosses e homenagens ao legado da PlayStation para manter o jogo encantador do começo ao fim.
Sejam veteranos ou novatos, há algo para todos em Astro Bot. Os níveis principais, que vão surgindo à medida que vamos completando os restantes anteriores, apresentam uma dificuldade mais acessível e "family friendly" com bastantes colecionáveis e bots para resgatar. Já os secundários, que surgem caso investiguemos o cenário no menu de seleção de níveis, são bastante mais árduos, e obrigam-nos a seguir ritmos e até desafiar os nossos próprios reflexos.
Em quase todos os níveis temos na nossa posse um acessório/power-up, que nos auxilia nos diversos obstáculos e faz com que a nossa experiência seja única e bastante apelativa. Seja um balão nas nossas costas que nos permite voar com o vento, um cão nas nossas costas que nos permite dar “dash” nas diversas direções ou até mesmo umas luvas em forma de sapo úteis para andar aos socos com os inimigos, todas estas “engenhocas” vieram acrescentar um pouco de magia à jogabilidade desta obra. Outro pormenor interessante é a interação do jogador com o DualSense que transmite uma sensação única e que nunca senti num outro jogo. O relevo do solo sente-se a cada passo que damos, o haptic feedback brilha e os gatilhos resistem vividamente à nossa pressão quando utilizamos os acessórios e até existem momentos em que temos de soprar para o comando de modo a criar um vento capaz de fazer mexer certos objetos. Sem sombra de dúvidas, esta é a melhor experiência com a tecnologia do DualSense que alguma vez senti e pude experimentar.
Ao longo dos níveis, encontramos diversas peças de puzzle que servirão para a construção de algumas infraestruturas no planeta inicial da história e, ao colecionarmos números específicos de peças, ganhamos diversas atividades neste local como: um sítio para mudar a aparência do nosso bot, ou mudar a aparência da nossa nave pessoal (que, combinando com a maior nave mãe, tem a forma de um DualSense) e até a já conhecida garra que nos tinha sido apresentada no Astro´s Playroom. Para além dessas atividades existem também portais que nos levam a níveis secretos e ainda encontramos os diferentes bots que salvamos, que tanto podem ser genéricos ou relativos a diversos jogos bastante conhecidos do universo PlayStation. É impossível não sentir nostalgia ao reencontrar diversas personagens de franquias tão clássicas como PaRappa the Rapper, Tekken, Shadow of the Colossus, LocoRoco, e até mesmo de outros clássicos como Ghosts ´n Goblins, Ape Escape e Metal Gear. Nos primeiros níveis estes colecionáveis são bastante fáceis de se encontrar, contudo ao longo do tempo comecei a sentir a necessidade de usufruir da ajuda facultada pela própria PlayStation para encontrar tanto os bots, como os portais e ainda as peças de puzzle.
Quanto ao resto dos colecionáveis como as cores da nave DualSense e da nossa personagem, essas podem ser adquiridas na garra com um custo de 100 moedas (estas colecionadas também ao longo dos níveis), contudo, senti que a variedade nestes dois aspetos de personalização é muito escassa. Para além destas funcionalidades, o planeta em si pode ser explorado e tem os seus próprios bots para encontrar; existem até locais que só podem ser alcançados com a ajuda de uma quantidade de bots em especifico, dando-nos novas secções para nos aventurarmos. Estes últimos encontram-se marcados no mapa e apesar de alguns exigirem números absurdos de bots, é engraçado ver os diferentes robôs a unirem forças para nos ajudar a alcançar locais a que sozinhos não chegaríamos.
Quanto à performance do jogo, nada demais a dizer: tudo funciona na perfeição. Não me lembro de alguma vez sentir uma queda de FPS ou até mesmo sentir o jogo lento devido à grande quantidade de objetos que me rodeavam. Os gráficos estão lindos e conseguem mostrar o potencial da consola na sua totalidade. O design dos inimigos é incrível e faz bastante jus a muitos dos incríveis cenários que vamos explorando no jogo, sendo estes praias, locais com neve ou até mesmo locais mais loucos como casinos e até mesmo alguns a homenagear outras franquias. Por fim, mas não menos importante, a banda sonora que é das melhores que já experienciei, com diversas músicas que fazem jus aos elementos memoráveis do nível que estamos a jogar ou até mesmo inspirando-se em uma outra de alguma franquia clássica da PlayStation.
Conclusão
Astro Bot é uma linda homenagem a todo o percurso que a nossa amiga PlayStation percorreu nestes 30 anos de existência. Consegue provar que o estilo de jogo de plataformas 3D ainda está vivo e que, acima de tudo, pode ter bastante qualidade. Não me lembro da última vez que me senti tão empolgado por jogar a um título tão simples, mas com tanto conteúdo como este. Agora surge a verdadeira questão: "Será o Astro, a nova mascote da PlayStation?". A meu ver, acho que não há outra personagem tão impactante neste preciso momento como o Astro e, depois de um jogo deste calibre, seria mais que justo que o colocassem como a nova cara desta grande empresa.
O melhor
- Níveis divertidos e com diversos níveis de dificuldade;
- Bastantes personagens convidadas de diversas eras da PlayStation;
- Performance e pormenores audiovisuais muito acima da média.
O pior
- Pouca variedade na personalização da nossa mini nave e da personagem.
Nota do GameForces: 9.0/10
Título: Astro Bot;
Desenvolvedora: Team Asobi;
Desenvolvedora: Team Asobi;
Publicadora: Sony Interactive Entertainment;
Ano: 2024.
Ano: 2024.
Nota: Esta análise foi realizada com base na versão digital do jogo para a PlayStation 5, através de um código gentilmente cedido pela SIE.
Autor da Análise: Carlos Cabrita
Análise | Astro Bot - Linda Homenagem aos Clássicos
Reviewed by Carlos Cabrita
on
outubro 08, 2024
Rating:
Sem comentários: