Retrospetiva | Jak & Daxter: The Precursor Legacy – Ecos do Passado


Digo-vos uma coisa: bons velhos tempos aqueles em que a indústria de videojogos estava repleta de mascotes. A Nintendo com Super Mario, Donkey Kong, Kirby, e até Pikachu. A SEGA com Sonic e… outras quantas tentativas menos memoráveis. A PlayStation com Crash Bandicoot, Ratchet & Clank, Sly Cooper e – suspense – Jak & Daxter. Sim, é sobre este último duo de mascotes que este vosso redator nostálgico se vai debruçar hoje. Muitas vezes esquecidos no tempo, estes jogos de ação e aventura marcaram a geração da PlayStation 2, e foram as últimas produções mais brincalhonas da Naughty Dog, antes desta se atirar a jogos mais maduros. E como é sempre bom começar pelo início, aqui vamos nós perceber como é jogar Jak & Daxter: The Precursor Legacy em 2024.


História Pessoal – Mais Vale Tarde do Que Nunca

A verdade é que finalmente experimentei esta série de jogos de ação e aventura um bom bocado depois de estar na ribalta. Nunca tive estes jogos para a PlayStation 2, mas quando em 2013 descobri que a trilogia original tinha sido lançada para a PlayStation 3, decidi ir ver se todo o alarido causado por estes jogos quando era miúdo era justificado. E a verdade é que gostei bastante da experiência nessa altura. Bem, pelo menos a do primeiro jogo. Em relação aos outros… é melhor deixar isso para outro dia, agora prefiro focar-me no positivo.

Lembro-me do primeiro Jak & Daxter ser um jogo de aventura e plataformas em 3D bastante competente e divertido, com ambientes recheado de colecionáveis cuja descoberta era sempre prazerosa. Agora, e passados 11 anos desde a altura em que essas impressões foram causadas, voltei a sentir o bichinho para voltar a este misterioso mundo do qual tenho boas memórias.


O Bom – Aventura Divertida e Bem-Humorada

Felizmente, as minhas memórias não me atraiçoaram. Posso aqui confirmar que Jak & Daxter: The Precursor Legacy ainda é um jogo divertido em 2024. Obrigado e boa tarde!

Ah, está bem, eu aprofundo um bocado. A história é bastante direta, e não apresenta grandes nuances ou reviravoltas, mas entretém bastante. As personagens estão muito bem desenvolvidas, há diálogos genuinamente divertidos, e as relações entre todos os habitantes deste mundo é interessante de desvendar. Já para não falar do nosso companheiro peludo, Daxter, que tem sempre uma boquinha parva ou provocadora para arremessar a inimigos, aliados irados ou até a nós, quando morremos de forma estúpida. A jogabilidade é bastante simples, com saltos, ataques e cambalhotas para uma qualquer direção, mas requer alguma perícia para ser dominada – até porque há uma série de nuances que o jogo não nos ensina propriamente como fazer.

Ainda assim, a caça aos colecionáveis é sempre divertida, em parte devido a esta jogabilidade acessível, mas que recompensa quem as sabe conjugar melhor, e em parte também devido ao design de níveis e de mundo de elevadíssima qualidade. O mundo é composto por várias áreas abertas quase totalmente interligadas entre si - há apenas uma ou duas que requerem ecrãs de carregamento, o que é bastante impressionante. Dentro dessas áreas, há sempre algo novo escondido ao virar da esquina, há sempre desafios únicos para encontrar em cada área, e a sensação de conquista quando abrimos o menu e vemos a indicação de que completámos na totalidade o nível em que estamos é sempre muito, muito boa.


O Mau – Dificuldades de Leitura (de Inputs)

Na verdade, a minha memória atraiçoou-me um pouco, visto que não me lembrava de dois problemas relativamente grandes desta experiência. A primeira, e talvez a mais danosa, é aquela a que alude o subtítulo desta secção: a leitura de inputs. Para um jogo de plataformas, é bastante problemático quando o jogo não lê na totalidade os botões que carregamos no comando. E em Jak & Daxter, isto acontece algumas vezes. Não sempre, mas um número suficiente de vezes ao ponto de ficar frustrado com algumas mortes. Saltos longos que falharam, saltos duplos que não aconteceram, sequências de ataques que ficaram mais curtas, houve um pouco de tudo. Não estraga a experiência – até porque o sistema de checkpoints é bastante bom -, mas obriga a algumas respirações mais fundas e leva a alguns revirar de olhos escusados.

O outro grande problema prende-se com a câmara. Sim, surpresa, surpresa, um jogo de plataformas em 3D do início dos anos 2000 com problemas de câmara! Mas há um motivo pelo qual incluo isto na secção do “Mau” e não do “Velho” – não dá para mexer a câmara na vertical. Mesmo ignorando o facto de a câmara apresentar controlos invertidos quando a mexo para a esquerda ou direita (isso seria, admitidamente, um problema “Velho”), mexer o analógico correspondente à câmara para cima ou para baixo mexe… no zoom. Num ambiente tridimensional, onde os colecionáveis podem estar escondidos em qualquer lado, não poder olhar para onde quero é algo danoso. O facto de a câmara se comportar relativamente bem quando funciona automaticamente ameniza isto, mas não podia deixar passar uma gralha destas em branco.


O Velho – Oftalmologia a Lucrar

Outra surpresa: jogo antigo tem aspeto antigo. Fora de brincadeiras, não tenho nada a endereçar à direção artística deste jogo que não seja elogioso. O mundo é colorido, as criaturas e personagens apresentam designs interessantes, mesmo a codificação por cores dos diferentes tipos de energia está bem pensada e ajuda a navegar este jogo. Aqui refiro-me apenas ao facto de o jogo estar numa resolução muito, muito baixa, mesmo nas versões lançadas para consolas mais atuais. Muita da vivacidade é perdida com esta falta de nitidez. Mesmo as animações envelheceram algo mal, já que se apresentam muito rígidas e robóticas. Mais uma vez, isto seria de esperar de um jogo que saiu originalmente em 2001. Mas à luz de 2024, talvez seja melhor fazer algumas pausas para descansar os olhos de vez em quando.

Para terminar, vou só recuperar algo que disse anteriormente e indicar outro detalhe que reflete bem a idade deste jogo. O facto de o jogo não explicar como deve ser todo o leque de habilidades de Jak pode ser chato, sobretudo porque há um tutorial inicial que podia perfeitamente colocar-nos perante problemas passíveis de serem resolvidos com essas habilidades. Depois, há o facto de o jogo não incluir legendas nas sequências cinemáticas. É um problema de acessibilidade muito típico desta altura, que normalmente até nem será um grande incómodo. Mas como alguém que tem de jogar com o volume relativamente baixo, tendo em conta que a vive com outra pessoa que à noite quer – pasmem-se – dormir, a ausência de legendas é algo que me aborreceu bastante.


Conclusões

É com alegria que constato que jogar o primeiríssimo Jak & Daxter em 2024 continua a ser um prazer. A aventura continua a ser divertida, as áreas abertas e ricas em colecionáveis continuam a ser um prazer de explorar, e até o desbocado Daxter foi fácil de aturar, já que é bem mais engraçado do que me lembrava. O jogo não é perfeito, e apresenta os seus problemas, mas tendo em conta os 23 anos de idade desta experiência, é surpreendente o quão bem envelheceu. Se nunca mergulharam neste divertido mundo, diria que nunca é tarde para o fazer; e se forem fãs deste género de jogos, quase que garanto que vão passar um bom bocado na companhia deste duo de mascotes.

Retro-Pontuação GameForces: 8/10

Título: Jak & Daxter: The Precursor Legacy
Desenvolvedora: Naughty Dog
Publicadora: Sony Interactive Entertainment
Ano de Lançamento Original: 2001
Disponibilidade em Plataformas Modernas: PS5 (via retrocompatibilidade)

Autor da Análise: Filipe Castro Mesquita
Retrospetiva | Jak & Daxter: The Precursor Legacy – Ecos do Passado Retrospetiva | Jak & Daxter: The Precursor Legacy – Ecos do Passado Reviewed by Filipe Castro Mesquita on maio 23, 2024 Rating: 5

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