Análise | Sand Land - Divertido QB

 Falar de Sand Land envolve assumidamente falar também de Akira Toriyama. A manga que dá nome a este jogo foi criado pelo próprio no longínquo ano 2000 e esteve maioritariamente disponível no Japão mas, com a chegada do anime ao ocidente ganhou um novo fulgor e visibilidade. Com o seu falecimento no dia 1 de Março deste ano, sentimos que perdemos alguém que inadvertidamente influenciou a nossa infância, pelo menos com a sua obra mais conhecida: Dragon Ball. 

Tenho de informar aos leitores que esta manga me era desconhecida até ver o anime e experimentar o jogo neste ano, mas já tive oportunidade de jogar outros títulos que foram adaptados de mangas e, vindo da desenvolvedora que nos trouxe também One Piece Odyssey, acreditei que viria algo especial.

Será que Sand Land faz então brilhar os nossos olhos em jeito de última homenagem a  Akira Toriyama?



A história dá-nos a conhecer o nosso protagonista Beelzebub, o jovem príncipe dos demónios que, a pedido do xerife e humano Rao, parte em busca de uma fonte de água lendária para acabar com a seca de água que assola a região e dá mote ao jogo (Sand Land). Todas as personagens principais estão especialmente bem caracterizadas, e várias interações entre elas estão muito bem delineadas, carregadas de humor que certamente irá fazer o jogador esboçar diversos sorrisos. 

O enredo vai-se desenrolando de uma maneira muito natural e cativante, sempre com a vertente satírica e animada bem presente, mesmo durante os diversos plot twists. Esta natureza do título ajuda a esconder o sentimento de repetição que as missões secundárias vão trazendo, inerentes ao estilo de jogo de mundo aberto, onde ora vamos buscar materiais, ora estamos a eliminar um certo inimigo (uma estrutura que se vai repetindo ao longo do jogo, com o mesmo inimigo mas em níveis mais elevados). Apesar dessa repetição, Sand Land consegue criar um sentimento de entretenimento, pois estas missões secundárias fazem a nossa vila crescer e ganhar uma forma mais robusta e, apresentam  diversos "minijogos" (como várias missões furtivas ou corridas de motas, por exemplo).

 Sem querer desvendar a história, posso acrescentar que, quem se lembra de Dragon Ball (o original), vai notar certamente várias influencias do criador Akira Toriyama presentes no decorrer do jogo.




Para explorarmos este RPG de mundo aberto, somos munidos de vários veículos, desde tanques, motas, robots saltitantes, hovercrafts, entre outros, onde cada um tem a sua missão de exploração especifica (por exemplo, o hovercraft que pode planar sobre a água). Todos os veículos podem ser customizados, seja em termos de aspeto ou da capacidade de armamento de cada viatura, o que acrescenta momentos diferentes à "rotina" que a história vai trazendo e prepara-nos para os combates que vamos tendo durante o jogo.

E é nos combates que sentimos um sabor agridoce. Porque se existem várias armas e viaturas diferentes, acabamos por seguir repetidamente o mesmo método de combate.  Atacar com as nossas armas, esquivar os ataques dos inimigos (maioritariamente conduzindo os veículos para o lado) e repetir esse processo até destruirmos os diversos inimigos que se vão colocando à nossa frente. Alternando entre os diferentes modos de dificuldade, não sentimos que o processo fosse mudando, simplesmente se tornava mais prolongado. 



Pior ainda quando os combates envolvem exclusivamente o nosso personagem Beelzebub. Ainda que seja possível evoluir as diversas habilidades que vamos desbloqueando, esta mecânica acaba por ser inútil nestes momentos em particular, pois é possivel ultrapassá-los recorrendo somente aos ataques mais simples. Estes combates são bastante básicos, ao ponto de nem sequer ser necessário marcar um inimigo para atacar, de tão simplista que estes momentos são, não trazendo qualquer dificuldade e consequentemente nada de interessante para retirarmos deles. Felizmente, durante o jogo não há muitas dessas ocasiões.

A caracterização que Sand Land nos apresenta no seu mundo aberto é rica em detalhes, com um colorido grafismo cartunesco que complementa todo os traços característicos das diversas paisagens que o jogo nos vai apresentando. Infelizmente esses pormenores pecam por alguma repetição em certas circunstâncias (por exemplo,  grande parte das ruínas é exatamente igual, inclusive o seu próprio mapa), o que pode fazer o jogador perder o interesse em explorar o vasto mapa que nos é oferecido. Com um bom uso do Unreal Engine 5, não houve um momento de quebras da taxa de fotogramas durante todo o tempo que jogamos este título.



Para terminar, uma nota em relação à vertente audiovisual de Sandland: a banda sonora não é brilhante, mas a experiência revelou-se muito mais interessante quando decidi ouvir as vozes das personagens em japonês. Apesar de a dobragem em inglês estar bem conseguidas, as performances na língua original dão um maior realce aos diversos momentos da narrativa.


Conclusão

Sand Land traz-nos uma experiencia narrativa formidável, cómica e que por diversos momentos evoca a boa energia que o falecido Akira Toriyama nos habituou, com um rico mundo aberto para explorar e um bom sistema de customização de viaturas. Tem algumas falhas, mas no geral, com tudo o que de positivo consegue transmitir ao jogador. Convidamos todos os fãs (e não só) de Akira Toriyama a descobrirem, mais uma vez, um pequeno gosto daquilo que tão bom ele nos entregou.


O Melhor:

  • Enredo e narrativa bem conseguidos, com vários momentos hilariantes;
  • Vários mini jogos interessantes:
  • Customização das viaturas.

O Pior:
  • Combates repetitivos e demasiado simplistas;
  • Alguma caracterização de certas zonas iguais;



Pontuação do GameForces – 7/10


Título: Sand Land
Desenvolvedora: ILCA
Publicadora: Bandai Namco Entertainement
Ano: 2024

NotaEsta análise foi realizada com base na versão digital do jogo para a PlayStation 5, através de um código gentilmente cedido pela Bandai Namco.


Autor da Análise: Filipe Martins 


Análise | Sand Land - Divertido QB Análise | Sand Land - Divertido QB Reviewed by Filipe Martins on maio 06, 2024 Rating: 5

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