Final Fantasy Rebirth: Principais Diferenças com o Original


Final Fantasy 7 Rebirth chegou e veio para ficar. Certamente o título original demarca-se por ser um dos maiores marcos na indústria dos videojogos, pelo que o exercício de reconstruí-lo à imagem das dinâmicas atuais do mercado revela-se como um esforço hercúleo. Pois bem, o seu lançamento já foi a algumas semanas e poderíamos, desde já, abordar o seu impacto na indústria ou realizar uma “simples” análise. Após uma cuidada ponderação, ao invés, prefiro optar por uma abordagem mais focada no impacto que o jogo tem e poderá vir a ter no universo do próprio jogo. Os motivos que me levaram a optar por esta abordagem, para além da imensidão de analises já publicadas na nossa estimada língua lusa, passa por uma necessidade quase que fisiológica em abordar os eventos do jogo e falar sobre eles… Em particular o seu final. Desta forma vamos abordar as principais divergências entre o remake e o título original e no artigo seguinte explicar a convoluta reta final, dissertando sobre os impactos que poderão existir no derradeiro capítulo deste remake.

 

NOTA: Naturalmente alguns spoilers existirão ao longo do texto, pelo que deixo ao critério dos leitores a leitura corrida do texto. Não obstante, tentarei na medida do possível evitar grandes revelações.


  

Quais as principais diferenças com o Original?

Para abordar este tópico, será necessário contemplar o que já foi introduzido no primeiro jogo/capitulo deste remake. Dessa forma recomendo uma leitura rápida do nosso artigo, preparado na ocasião do seu lançamento! A título de resumo, podemos revelar, visto que já passaram alguns anos, que a principal introdução foi o conceito de realidades alternativas. Com a derrota do “Harbinger of Fate” foi aberta uma porta a novos destinos onde a evolução narrativa poderia divergir significativamente do original. O grande porta estandarte desta teoria passou certamente pelo surgimento de Zack, após ter sobrevivido à emboscada da Shinra (algo que no original não sucedeu).

Efectivamente, Zack, introduz a grande variação perante o original. Em Final Fantasy Rebirh, Zack assume-se como uma personagem jogável que, em diversas ocasiões, influencia os eventos principais da história, ainda que bastante indiretamente (mais sobre isto na nossa explicação do final!).  A sua caracterização é profunda e bastante em linha com o confirmado em Crisis Core. Consequentemente, o dilema moral ao qual o jogador é submetido, com o trio Cloud-Tifa-Aerith apresenta um peso muito maior devido à relação entre Aerith e Zack. Aliás, esta será uma das outras grandes divergências com o título original: Em Rebirth o relacionamento entre personagens apresenta um nível de profundidade muitíssimo mais refinado e profundo.  

 

As Personagens

Pegando nesta temática, agora é possível ter diversos níveis de relação com todos os elementos da equipa. Normalmente influenciados pelas atividades extra que realizamos, escolhas que assumimos nos diálogos ou utilização de ataques cooperativos durante os combates. Em Rebirth é possível ter diversos níveis de amizade com Tifa, Aerith, Barret, Cait Sith ou Red XIII. Inclusive, em duas ocasiões diferentes teremos eventos diferenciados, conforme os nossos níveis de amizade.

Portanto, se por um lado acharem normal irem num encontro com Tifa… por outro lado achariam estranho ter esse mesmo encontro com Yuffie, certo? Bem talvez não e dependerá de cada um certamente, mas este aspecto permite-me introduzir outra grande variação deste Rebirth com o original: Yuffie!


Yuffie é uma das personagens principais de Rebirth, divergido significativamente da sua natureza de “Personagem Opcional” do título original. No original iriamos encontrá-la aleatoriamente na floresta, sendo que esta se juntaria ao grupo se a derrotássemos em batalha. Num significativo contraste, Final Fantasy Rebirth apresenta-a como personagem principal da história, encontrando-a pela primeira vez em Junon e como parte do enredo principal do jogo. Yuffie assume o protagonismo em diversas instâncias do jogo principal, incluindo diversas ocasiões que teremos de a controlar obrigatoriamente. Comparativamente ao outro personagem opcional do original (Vincent), Yuffie assume um protagonismo mais relevante, enquanto o ex-Turk surge mais como uma personagem secundária (embora com um relevo bastante significativo para o enredo também).

Outra personagem que contou com uma introdução reformulada foi Cid. No título original, o grupo viaja para Rocket Town depois de conhecer Vincent Valentine em Nibelheim, e foi lá que eles conheceram o piloto e engenheiro Cid Highwind, que optou por se juntar ao grupo depois de descobrir que Rufus Shinra havia cancelado o cobiçado Programa Espacial. Em Rebirth, Cid entra em cena um pouco mais cedo, desta vez como um piloto contratado que voa com o grupo de Gongaga para Nibelheim. A sua integração na história é bastante singela de momento, assumindo uma postura de personagem secundária glorificada, mas existem diversos elementos novos (como Cid ter um passado com a mãe adoptiva de Aerith) que certamente poderão ser abordados no derradeiro capítulo do Remake.

Certamente este Final Fantasy Rebirth apresenta todo um elenco mais refinado e inclusivo no que se refere a personagens que surgem em spinoffs do título original. Desta forma, podem contar com personagens como Cissnei (Crisis Core), Glenn Lodbrok (Evercrisis) ou Roche (do Remake) a dar um ar de sua graça. Estes introduzem profundas side quests, fornecendo excelente conteúdo adicional e providenciando novas informações sobre o que foi a sua vida após os eventos dos títulos onde foram introduzidos.


 

Enredo, Narrativa e História

 Deixando de lado as divergências criativas em relação à caracterização de personagens, vamos agora abordar um pouco certas partes do enredo. Conforme mencionado previamente, Final Fantasy Remake abriu toda uma possibilidade de diversas realidades. Em particular iremos abordar essas realidades alternativas no artigo em que falaremos sobre o final do jogo e impactos para o futuro. Como tal, em prol da manutenção da paridade de eventos, iremo-nos focar na realidade “principal” e na qual passamos mais tempo (portanto, aquela que atualmente estamos a experienciar mais avidamente neste Final Fantasy Rebirth).

Uma das grandes revelações de Rebirth e que constrasta significativamente com o original está relacionada com a origem da Black Materia (a Materia que Sephiroth utilizou no original para evocar o meteoro que destruiria o planeta) e os seus criadores: Os Gi. No grande esquema da narrativa do original, poderemos afirmar que os Gi tinham um papel bastante diminuto na sua importância. Em Rebirth, eles assumem um papel significativamente ampliado.

Depois de chegar ao planeta, há milhares de anos, a tribo extraterrestre conhecida como Gi lutou contra os Cetra, tendo sido durante esse conflito que criaram a Black Materia, despejando todo o seu ódio e malícia num único orbe concentrado. Como os Gi não eram originários do planeta, ao morrerem, eles não conseguiram regressar à Lifestream. Consequentemente, a sua intenção agora é usar a Black Materia para que possam destruir o planeta com o Meteoro, que por sua vez irá finalmente libertá-los do seu purgatório sem fim. Portanto, existe aqui toda uma narrativa que justifica e apresenta um desfecho para a motivação dos criadores de um elemento tão importante para a história, como a Black Materia.




Existem outro elemento significativo que foi refinado em Rebirth: A guerra entre Wutai e Shinra. Em particular a introdução de Glenn Lodbrok, que para grande parte dos leitores poderá ser desconhecido, mas fica a dica que é uma personagem do jogo para mobile “Final Fantasy 7: Ever Crisis” e do Battle Royale “The First Soldier” (podem procurar sobre ele!). O ex-SOLDADO é agora o líder de fato do governo de Wutai, embora nos bastidores esteja em conluio com Rufus Shinra, com o intuito de desencadear outra guerra entre Shinra e Wutai. Eventualmente eles conseguirão este objetivo, sendo apresentado no final uma grande revelação que deixarei para mais tarde!

Outro aspecto que variou significativamente perante o original foi a ampliação da importância de Gongaga na história. Embora fosse uma área opcional no título original, em Rebirth, Gongaga conta com uma parte muito maior e melhor desenvolvida da história principal, o que por sua vez traz diversas mudanças. Uma das principais diferenças envolve os acontecimentos com Tifa. Cloud, sob influência de Sephiroth e da sua própria degradação celular, ataca Tifa empurrando-a para uma piscina de Mako no reator destruído de Gongaga. Isto despoleta toda uma sequência de eventos onde é literalmente engolida por uma Weapon (seres gigantes que surgem para defender o planeta em tempos de crise). Tifa não apenas testemunha várias memórias de seu passado, como também presencia pela primeira vez uma batalha entre diferentes Whisperers (inclusive algumas atacando a própria Weapon). É, portanto, a primeira vez que somos presenciados com o conceito de diferentes realidades (ou vontades) lutando entre si.



O Final

Efectivamente existem diversas divergências entro Final Fantasy Rebirth e o título original. Contudo, as apresentadas anteriormente dificilmente terão tanto impacto como os eventos do final do jogo. Consequentemente recomendamos a leitura do nosso artigo (a ser publicado amanhã!) onde dissertamos sobre os eventos no final, tentamos introduzir algumas explicações para os acontecimentos mais complexos e avaliar possíveis impactos para o último capítulo desta trilogia.

Final Fantasy Rebirth: Principais Diferenças com o Original Final Fantasy Rebirth: Principais Diferenças com o Original Reviewed by Carlos Silva on abril 15, 2024 Rating: 5

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