Na sequência do nosso artigo onde refletimos sobre as principais diferenças entre Final Fantasy Rebirth e o título original de 1997, debatemos com diversos temas associados ao conceito de realidades alternativas. Efectivamente esta é uma temática profundamente abordada e com uma importância significativa nos eventos finais do jogo. Contudo, como complexo que é o conceito, também o final é algo revoluto e que necessitamos de tempo para interiorizar os eventos que ocorreram. Desta forma, vamos neste artigo dissertar sobre os eventos que ocorreram, tentando expor o nosso ponto de vista em como impactarão no derradeiro capitulo deste remake.
Mais uma vez salientamos que este artigo contém spoiler enormes de todo o jogo, incluindo os eventos finais que serão profundamente discutidos.
Afinal o que se passa com Zack e estas realidade alternativas?
O final de Final Fantasy VII Remake revelou ao
público que havia duas linhas do tempo paralelas: uma que segue a história do
jogo original e outra em que Zack Fair não é morto por Shinra. Contudo, à
medida que vamos jogando Final Fantasy Rebirth, apercebemo-nos que não existem
apenas duas linhas do tempo, mas muitas.
Zack Fair teve, para dizer no mínimo, uma vida convoluta neste remake! O seu papel
original no título de 1997 era o de melhor amigo de Cloud e o amor de Aerith.
Em Rebirth, ele ainda é essas coisas… mas também muito mais. Fundamentalmente,
ele é a ferramenta do multiverso. Quando chegamos ao final do jogo, Zack tem a
opção de salvar Cloud, Aerith ou Biggs, escolhendo diferentes caminhos numa
encruzilhada. Contudo, o que ele não percebe é que essas ações criam mais realidades
alternativas e mesmo outros universos.
Para o jogador comum, a maneira mais fácil de
identificar as diversas realidades é através da mascote canina “Stamp”. Por
exemplo, se Stamp é um beagle com capacete, então estaremos está na realidade
principal; se Stamp é um terrier com boné, estaremos na realidade de Zack; há adicionalmente
uma versão bulldog de Stamp onde Biggs está vivo; por último, na realidade
criada por Aerith, Stamp é um corgi.
A identificação destas diversas realidade é imensamente
importante para desenvincilhar mentalmente os eventos finais do jogo, isto
porque serão eventos (e consequências) que reverberam por diversas realidades simultaneamente.
Quais os planos de Sephiroth?
Este aspecto acima referenciado impacta diretamente numa das grandes divergências de Rebirth com o título original. No jogo original, Sephiroth queria lançar um meteoro no planeta, liberando a corrente de vida que ele absorveria, tornando-se um Deus. Em Rebirth, visto que existem todas estas realidades diferentes, o catalisador ainda é o mesmo - o meteoro - porém, agora Sephiroth quer comandar todo o infinito.
Essencialmente, ele deseja fundir as diferentes
realidades (a tal famosa Reunion) e governá-las todas. Diversos são os motivos
que o conduzem a aqui, mas principalmente porque está ciente de que, em algumas
realidades, acabará perdendo a guerra (como visto no título original). Ao
assumir tudo e absorver a LifeStream que, neste cenário, são os universos
entrelaçados, ele acredita que não pode perder.
Para isso, ele tenta eliminar os diversos elementos que estão intervindo com os seus planos nas diversas realidade e prossegue com uma ataque simultâneo em todas elas. O resultado é uma sequência de batalhas verdadeiramente alucinante, onde controlamos diversas personagens em diversas realidades a atacar e rebater o mesmo corpo de Sephiroth. Sephiroth perde a batalha, mas sabe que a guerra está ganha (ou assim pensa!), pois já tem o que necessitava: a Black Materia. As suas maquinações certamente correriam conforme o pretendido, contudo o vilão falhou na sua previsão das intenções que Aerith começa a delinear, com vista a colocar em curso a solução possível de prevenir a destruição do planeta.
Qual o destino de Aerith?
Esta é que é a grande questão e a chave do que poderá
ser o futuro da narrativa! Muito bem, vamos a isso!
Para começar ela morre… contudo não é assim tão
simples neste final. Vemos Sephiroth na sua icónica queda para matar Aerith
(como no título original), embora Cloud chegue a tempo de bloquear o golpe
fatal que mataria Aerith.
Aerith é a única que pode parar Sephiroth, visto
ser a última dos Cetra e possuir a White Materia (herdada da sua mãe e usada
para lançar Holy sobre o planeta e protegê-lo de Sephiroth no título original).
No entanto, ao longo de Remake e Rebirth, o poder da White Materia foi drenado
pelos Whisperers negros, que sabemos agora seguirem as ordens de Sephiroth (bem,
até certo ponto). Consequentemente Aerith necessita de uma nova White Materia, onde
a única maneira de a conseguir é usando o multiverso. Com isso em mente, uma
Aerith alternativa puxa Cloud para sua linha do tempo (isto sugere que Aerith está a par do multiverso), um já destinado a ser destruído e sem esperança de salvação, e essa Aerith dá
a Cloud sua White Materia. Tudo isto antes de ele ser devolvido à linha do tempo
'principal', mantendo assim a possiblidade do mesmo destino do título original e esperança em salvar o planeta.
A esta altura estão a questionar, e muito bem: “mas
então se Cloud defendeu a estocada fatal de Sephiroth, como Aerith morre na
mesma?” A resposta é que, é muito provável que Aerith tenha a capacidade de ascender
para a Lifestream, embora isso a deixe num limbo entre a morte e a vida. Esta
ponderação dos eventos finais é suportanda pela visões misturadas dela morta e
viva (que somente Cloud a consegue ver), ou posteriormente nas suas interações
com os outros membros da equipa (embora estes não a consigam ver, excepto Red
XIII que consegue sentir a sua presença).
Salientamos aqui um aspecto interessante: Ela apresenta, agora, uma existência com uma natureza em tudo similar a Sephiroth! Inclusive, esta existência permite-lhe ir ao auxílio de Cloud na batalha final num plano de existência superior conjurado por Sephiroth. Portanto, Aerith consegue estar finalmente numa posição que consegue combater directamente o temível vilão.
Nos momentos
finais do jogo, Aerith promete a Cloud que colocará todos os seus esforços nas
suas orações para parar o Meteoro. Cloud, por seu lado, promete derrotar
Sephiroth. Esta cena ecoa o final do jogo original, indicando que apesar de todas as realidades
alternativas existentes, esta realidade em particular continua em linha com os
eventos do original de 1997.
Qual o destino de Cloud?
Depois de Cloud falar com Aerith enquanto o
grupo se prepara para seguir em frente, ele enfia a mão no bolso e tira a
matéria preta. Isso causa falhas em seu cérebro, como vimos ao longo do jogo,
falando a palavra ‘reunião’. Este aspecto
indica que Sephiroth ainda possui uma ligação mental com Cloud que ele terá de
lidar no último capítulo do remake.
Seguindo esta ténue ligação, Cloud deduz que
deverão continuar para norte, pois este sabe que é para lá que os homens
vestidos de preto estão indo. Isso não significa que nosso protagonista esteja com
intenções de traição, mas não podemos ter certeza de como suas ações irão se
desenrolar.
O que se passa entre Wutai e Shinra?
A última das grandes revelações no final de
Final Fantasy Rebirth é que Glenn Lodbrok, que se encontra em concluo com Rufus
Shinra, para reacender a guerra entre as duas facções, é na verdade um fantoche
de Sephiroth. De facto, as suas intenções de guerra, são somente para distrair
Rufus dos planos de Sephiroth. Para o vilão é essencial que Rufus estivesse distraído,
pois tanto Rufus quanto Sephiroth procuram a mesma coisa – a terra prometida
dos Cetra. Ambos estão tentando utilizar a Life Stream para seus próprios
ganhos e se Shinra estiver em guerra com Wutai, então Sephiroth pode assumir
todo o Lifestream para si.
Nos momentos finais Rufus discerne o ardil e assassina
Glenn, contudo é tarde para impedir qualquer guerra, pois o noticiário mostra o
conflito entre os dois.
Qual o impacto dos eventos finais do jogo para o ultimo capitulo da série?
O final de Final Fantasy Rebirth apresenta
imensas pontas soltas que permitem certamente alguma abertura narrativa para o desfecho
da trilogia deste remake. Um aspecto é certo, a história, independentemente de
toda a convoluta introdução de realidades alternativas, continua em linha com
os eventos do título original de 1997.
Os Whispers continuarão a servir como os principais
condutores da criação de realidades alternativas, resultantes da sua
intervenção nos eventos atuais com vista a preservar a linha temporal do título
original. A presença deles parece ser a resposta do Planeta ao Sephiroth (do título
original) ter viajado de volta no tempo através do Lifestream, após os eventos
do filme Advent Children (o reconhecido filme CGI que serve como epilogo dos eventos
do jogo). Esta é uma linha corrente da narrativa, que já abordamos e argumentámos
à quatro anos atrás no artigo onde abordamos a divergências entre Final
Fantasy Remake e o título original.
Ainda que os jogadores tenham derrotado Whispers
no final do FF7 Remake, não conseguimos deixar de notar as similaridades destes
com os Remnants of Sephiroth de Advent Children, os quais são possuídos pelo vilão
no final do filme para lutar contra Cloud. No final de Final Fantasy 7 Rebirth,
Sephiroth formou uma facção de Whispers negros para lutar ao lado dele,
enquanto os Whispers brancos que se opõem a Sephiroth estão sendo dirigidos
pelo Planeta ou pela White Materia totalmente carregada de Aerith. Por mais
escassos que sejam os detalhes, podemos teorizar que os Sephiroth e Aerith
originais poderão envolvidos numa guerra multi-temporal pelo controle da
realidade, e os Whispers se tornaram seus soldados.
Uma dos factores que suporta esta teoria e aborda
um pouco o “endgame” desta história, passará por uma entrevista
que Tetsuya Nomura deu ao jornal Britânico “The Guardian”. Neste artigo é providenciado
algum insight sobre o processo criativo do jogo e inclusive sobre possíveis desfechos
da história. Em particular destacamos um importante o elemento, que remete para
uma ponte narrativa entre esta trilogia com os eventos de Advent Children.
Durante a entrevista, Tetsuya Nomura e o
produtor de Final Fantasy 7 Remake, Yoshinori Kitase, são aparentemente
questionados sobre quais mudanças na história podem ser esperadas em Final
Fantasy 7 Rebirth e do terceiro jogo sem título da série. Embora não forneçam
nenhuma informação sobre o que esperar, Nomura confirma: “Se jogarem até ao fim,
ele conectará ao Advent Children”. Este é um importante elemento pois indica
que os eventos decorrerão ainda como mesmo desfecho global da história e
contará com os eventos de Advent Children para rematar a sua narrativa.
Seguindo as afirmações acima poderá ser sugerido
que alguns eventos de Advent Children serão incluídos no terceiro capítulo do
Remake. Contudo, não acreditamos que isto venha a suceder, pois ainda existem muitos
elementos a introduzir nesta trilogia, tais como os eventos em Wutai, Rocket
Town, grande parte do norte do continente, as possivelmente as revisitas de
Junon e Midgar, o verdadeiro Forte Condor, etc. Portanto, podemos assumir que a
ponte narrativa com Advent Children será realizada com o grupo a conseguir
derrotar Sephiroth trabalhando em conjunto e utilizando Holy para proteger o
planeta, e com diversos heróis a assumir o protagonismo nas suas respectivas
realidades.
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