2023 foi um ano repleto de enormes lançamentos e nestes incluem-se jogos de renome de combate 1 contra 1, exemplos como Street Fighter 6 e Mortal Kombat 1, que foram revolucionários para o estilo. Porém, 2024 começou em grande com o regresso do terceiro elemento do "Quarteto Fantástico" dos jogos de luta. Em janeiro deste ano foi lançado finalmente Tekken 8, e será que este foi capaz de se manter ao nível dos restantes membros deste grupo? Vamos descobrir.
Para os menos informados, Tekken é uma franquia de jogos de combate, por norma de 1VS1, que surgiu nos meados dos anos 90 e veio revolucionar o género com os seus incríveis gráficos para a época que faziam frente à concorrência (Virtua Fighter). Tekken apresentava uma história de vingança entre Kazuya Michima e o seu pai Heiachi Mishima e a mesma durou imensos anos até à sua resolução em 2015, 20 anos depois do lançamento do primeiro título.
Neste título o drama da família mantém-se; contudo, desta vez entre Jin Kazama e o seu pai Kazuya Michima, o qual é representado através do modo de história do jogo. Este modo de jogo não é novidade para ninguém, uma vez que já tinha sido apresentado no título anterior. Sendo este aspeto algo bastante recente na franquia não se pode esperar algo muito elaborado, ou seja, nem sequer é justo comparar com as séries de jogos rivais. O pacing da história é mediocre, os diálogos são maus e o próprio enredo em si deixa um pouco a desejar.
Por outro lado, proporcionou-me momentos que irei relembrar de certeza, sem esquecer que o jogo apresenta dois finais possíveis, mas não vou revelar mais do que isso! Pormenores que a história do título anterior apresenta não são trazidos para a sequência, algumas personagens pouco ou nenhum protagonismo têm e a pouca coerência da história fazem com que este modo não faça sequer frente ao da concorrência... mas ainda é um bom modo de jogo para quem quer ficar entretido por mais ou menos 3 horas.
Falemos do principal foco do jogo e o mais importante sem dúvida, o combate. Em Tekken 8, os produtores não quiseram arriscar muito e, por isso, à primeira vista não se notam grandes diferenças em relação ao Tekken 7. Contudo, foram adicionados dois novos aspetos, o Style Mode e o Sistema Heat. Começando pelo Style Mode, este, à semelhança do que o Street Fighter 6 também nos apresentou, consiste numa forma mais simplificada para se efetuar combos durante o combate.
Assim como realcei na análise do Street Fighter 6, esta nova modalidade permite que os jogadores menos experientes ao género consigam tirar proveito do jogo sem terem de perder horas e horas a aperfeiçoar as suas aptidões. Este modo pode ser ativado a qualquer momento durante os combates, basta clicar o botão L1 e um painel com combinações simples surge no canto inferior direito do ecrã.
Já o Sistema Heat, assim que ativado, através do botão R1 (ou através de um ataque em específico que o faz ativar e assim dar continuidade a um combo) altera completamente o ritmo do combate da nossa personagem para algo mais "agressivo". Através dele conseguimos fazer "dash" logo após uma combinação, o que pode permitir-nos efetuar combos praticamente infinitos, e efetuar uma combinação de ataques frenética (clicando várias vezes no R1). Os próprios combos do style mode mudam quando se ativa o sistema Heat. Este sistema só pode ser utilizado uma vez por round e pode ser objetivado através de uma barra que se encontra por baixo da nossa barra de saúde.
Outro aspeto bastante relevante neste género de jogos é o elenco, e Tekken 8 deixou-me feliz de uma forma geral neste aspeto. Ao todo, temos 3 novas personagens: Victor Chevalier um super espião francês que trabalha em conjunto com Raven; Azucena, uma lutadora de MMA que possui uma franquia de cafés no peru; e Reina, a filha ilegítima de Heiachi Michima, sendo assim meia irmã de Kazuya e Lars. Sinceramente, em relação aos títulos anteriores, este foi talvez o mais fraco em termos de novas personagens devido à falta de originalidade. Victor podia muito bem nunca ter existido, uma vez que no Tekken 7 inventaram o Master Raven, Azucena não tem qualquer protagonismo no modo de história e toda a sua personalidade é irritante e, por fim, a Reina não é nada mais, nada menos do que mais um Michima, o que já começa a fazer alguma confusão de quão grande é esta árvore genealógica.
Quanto às restantes personagens, podemos fazer contas com as personagens clássicas que se encontram presentes desde o primeiro título: Paul Phoenix; Kazuya Michima; Marshall Law; Jack na sua versão 8; Lee; Nina Williams; King; Yoshimitsu; e o regresso de Jun Kazama. Por fim temos também algumas personagens que vieram ao longo dos restantes títulos como Kuma, Panda, Lars, Xiaoyu, Dragunov, Claudio e até Leroy Smith, que foi uma personagem DLC no Tekken 7. O design das personagens está bastante interessante em grande parte dos casos, contudo, assim como foi referido no artigo de primeiras impressões deste título, personagens como o Marshall Law não me agradaram tanto. Para além deste e agora tendo jogado a versão final do jogo, acrescento ainda o Paul Phoenix, Jack-8 e Lee.
Porém existe sempre uma solução para este problema anteriormente mencionado, o modo Customização! Este sempre foi um dos grandes pontos altos da série. As possibilidades de personalização são quase infinitas. É mesmo um momento excelente para dizer ACORDEM NETHERREALM E CAPCOM! APRENDAM COM A BANDAI NAMCO!
Outro modo de jogo presente neste jogo é o modo Arcade e o modo Character Story. Apesar do modo arcade convencional já não ser novidade no Tekken, neste título houveram umas alterações. Para quem não está familiarizado, o modo arcade funcionava da mesma forma que as torres do Mortal Kombat, ou seja, lutávamos contra uma quantidade fixa de inimigos até chegarmos ao boss final. Após derrotarmos o boss final tinhamos acesso a uma cutscene especial referente à personagem que utilizamos ao longo dos combates.
No Tekken 7, esta modalidade foi substituída pelo Characters Episodes, um modo no qual escolhíamos um lutador e tinhamos de derrotar algumas personagens até chegarmos a uma última que tinha algum tipo de ligação com a nossa. Já neste título, este modo foi aprimorado e, desta vez, todas as lutas que fazemos têm realmente algum significado e não somente a última. Já o modo arcade convencional funciona da mesma forma que antigamente; contudo, após derrotarmos o último adversário, não visualizamos nenhum vídeo especial.
A grande novidade surge com o novo modo Arcade Quest que, se formos a ver, baseou-se um pouquinho no modo de história do Street Fighter 6, mas vou explicar melhor as semelhanças que verifiquei. Neste modo, temos de criar a nossa personagem, que pode ser personalizada a qualquer momento. Este modo apresenta uma história completamente diferente da principal, desta vez numa perspetiva mais do mundo real. Jogamos na pele de um jogador de Tekken de arcade que pretende ser o campeão de um torneio. Para tal, ele tem de se tornar o "líder" em cada "ginásio" derrotando o 1.º lugar em cada um deles. Através deste modo, é nos ensinado algumas novas habilidades que o jogo provém através do modo Heat.
Para além disso, existe também a possibilidade de lutarmos contra o nosso Ghost. Este conceito utiliza através da Inteligência artificial a possibilidade de nos enfrentarmos a nós próprios, servindo como uma forma de melhorarmos imenso as nossas aptidões, pois não existe melhor forma de progredirmos senão a lutar contra outros jogadores, ou contra nós próprios. Existe também a possibilidade de lutarmos contra o ghost de outras pessoas já pré-definidas pelo jogo, sendo uma delas Harada, um dos produtores da série. Tanto este modo como o modo arcade convencional permitem com que os lutadores subam de rank, e sempre que subimos de rank adquirimos novas roupas para colocarmos na nossa personagem e dinheiro do jogo.
Por falar em online, este mantém-se muito idêntico ao título anterior: existe a possibilidade de fazer Player Match, Ranked Match e Quick Match. Uma grande novidade é o facto de podermos fazer download do ghost dos outros jogadores e lutarmos contra eles a qualquer momento. Infelizmente, este foi o modo que menos joguei, pois apesar de haverem imensas partidas e a possibilidade de jogar em crossplay com jogadores do PC e XBOX, não consigo iniciar as lutas após entrar na party. Não consigo perceber se é um erro de servidores ou se simplesmente os jogadores criam a party e ficam ali parados por tempo indeterminado.
Para terminar os modos de jogo, vale salientar o regresso do Tekken Ball! Um modo no qual enfrentamos um inimigo num jogo de volleyball. Para tal teremos de efetuar golpes contra a bola e acertar no inimigo. Quanto mais forte for o golpe, mais rápida vai a bola e por consequência, causa mais dano ao mesmo.
Por fim, os aspetos visuais e de performance. O jogo consegue ter uma taxa de fotogramas fixa nos 60 fps. Os gráficos são o que se seria de esperar de um título de nova geração, com gráficos lindos, as personagens estão muito bem polidas e a hit-box bem configurada. Um pormenor bastante positivo que reparei foram os cenários que apresentam imensas cores e movimentos e são todos bastante variados. Desde lutar num meteorito em direção à terra, até uma luta num iate em plena França ou até mesmo lutar num prédio em construção com um helicoptero a disparar constantemente contra a nossa direção, entre muitos outros.
Quanto aos aspetos sonoros, estes conseguem ser melhores que os das franquias rivais, com uma banda sonora excelente de deixar, até em alguns casos, um arrepio na espinha. Muitas das músicas são remixes de musicas de jogos passados, um aspeto bastante interessante. Por outro lado, um ponto que deixou a desejar foram as dobragens. Ao longo da história reparei em diálogos por parte de alguns lutadores que pareciam terem sido gravadas por amadores, sem acentuação e completamente fora de contexto.
Não presenciei em muitos bugs e glitches ao longo dos inúmeros combates que efetuei, contudo, houve um momento na história principal em que temos de lutar contra vários inimigos em simultaneo (à semelhança do que havia nos modos alternativos dos jogos mais antigos, mais especificamente entre o Tekken 4 e 6) no qual haviam inimigos que simplesmente ficavam parados de braços levantados a olhar para mim, algo que faz lembrar o que acontece aos npcs fora do ambiente do jogo.
Conclusão
O melhor:
- Gráficos lindos em todos os aspetos;
- Uma banda sonora soberba;
- Melhor elenco de personagens em comparação ao título anterior;
- O modo Arcade Quest;
- O regresso do Tekken Ball!
- Um modo de história bastante melhorado, contudo...
O pior:
- ... ainda tem muito a melhorar;
- Design de algumas personagens podia ser melhor.
Desenvolvedora: BANDAI NAMCO Studios
Publicadora: BANDAI NAMCO Entertainment
Ano: 2024
Nota: Esta análise foi realizada com base na versão digital do jogo para a Playstation 5, através de um código gentilmente cedido pela PlayNXT.
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