O ultimo grande lançamento no mundo dos vídeo jogos para 2023 tinha claramente estampado o nome Avatar. Não só por carregar um nome que quase todos temos um carinho, mas também por ter o selo da Ubisoft. Pela informação que foi aparecendo pela internet, o fato de o jogo ser em primeira pessoa já me parecia algo que me faria torcer o nariz, mas como gosto de tirar as minhas próprias ilações decidi arriscar. Venha então Avatar: Frontiers of Pandora.
Para quem conhece a franchise, seja pelos filmes ou pelos jogos anteriores, sabe que falamos de uns seres azuis (Na’vi) que vivem em paz com a natureza e que a raça humana quer controlar e se superiorizar. O nosso personagem é vitima dessa tentativa, onde o nosso clã é exterminado e após uma tentativa falhada de nos humanizar, somos postos numa camara de criopreservação onde acordamos passados 16 anos. Inicialmente toda o enredo criado é realmente dense e consegue transpor sentimentos que nos fazem conectar ao personagem de uma maneira bem estruturada.
Infelizmente esse sentimento vai-se dissipando e a narrativa vai-se tornado aborrecida, com muita informação condensada, mas sem um fio condutor que vá ficando na nossa mente. Apesar de durante o desenrolar do jogo ser-nos dado a conhecer vários personagens, de vários clãs diferentes, fica-se com a sensação que não são propriamente relevantes. O enredo tende a resumir-se a simplesmente a unir a nossa raça e defender a terra onde estamos dos humanos que, muito ao nosso jeito, estão também a destruir a terra para obter recursos preciosos.
Se o enredo não é propriamente algo que sobressai, a jogabilidade torna este título ainda mais desinspirado. A verdade é que as comparações com a saga Far Cry são evidentes, mas tornam-se também pontos fracos. Os combates são bastantes medíocres, quer seja pela repetição de inimigos, quer pelo modus operandi. A premissa de que grande parte dos combates serem em modo furtivo não é logico, sendo que o nosso personagem mede cerca de 3 metros o que torna essa tarefa quase impossível.
Visto a arma principal ser também o arco e a flecha, a cadência da metedologia de ataque passa a ser sempre a mesma: lançar uma flecha, esconder, lançar outra e por ai adiante. Torna mesmo estas fases do jogo quase sem nexo. Outra falta de nexo em Avatar: Frontier of Pandora é a parte da personalização das armas e roupas do nosso avatar. Nestas, apesar de haver algumas opções, senti que acabamos por escolher sempre as mesmas mas com melhor estatísticas. Depois, na personagem, relembro que a vista é na primeira pessoa, sendo que só a podemos apreciar quando estamos a voar em cima do nosso Ikran.
Contudo, nessa fase, tudo à nossa volta é muito mais atraente que o nosso personagem ficando assim completamente para segundo plano pois o mundo de Pandora é realmente belíssimo. São realmente momentos bastante agradáveis andar a voar e ver vários pormenores bem caracterizados. Seja as montanhas a planarem no ar ou a vegetação densa, digna de uma floresta amazónica muito bem caracterizada. Ainda mais quando à medida que vamos avançando no enredo esta vai ganhando cada vez mais vida.
Contudo até este pormenor se torna algo que parece ter sido feito de um modo pouco coerente. Com toda a personalização possível, a procura de itens de criação torna-se uma dor de cabeça, pois derivado à complexa fauna existente torna-se difícil e meio irritante separar os itens que podemos usar de tudo o resto. Isto aliado ao fato de que, para tirarmos os itens, temos que carregar numa determinada posição do joystick e com uma determinada força, o que na teoria é engraçado, mas na prática, com a repetição, se torna enfadonho.
Porém para ajudar nessa separação, o jogo criou um modo foco, aqui chamado de "Sentido Na’vi". Mas novamente, cada camada que os desenvolvedores tentaram incorporar foi um tiro ao lado. Visto que usamos também para vermos a direção para o nosso objetivo e marcar os inimigos, senti que mais de 80% do jogo andei a pressionar a tecla para usar este modo.
A prestação gráfica de Avatar: Frontiers of Pandora está divida entre o favorecer a qualidade ou a desempenho, onde na primeira é bloqueada a 30 fotogramas por segundo e a segunda, perdendo alguma qualidade visual, passa para os 60 fps. Sendo este ultimo o modo escolhido para embrenhar-me nesta aventura, senti muito poucas quebras neste departamento, um ou outro apontamento pontual em ocasiões mais complexas visualmente, mas nada de relevante. A sua componente auditiva está bem conseguida, com destaque nos diálogos com uma entoação expressiva, mas que não limpa a imagem de repetição entregue.
Conclusões
O Melhor:
- Um grafismo lindíssimo no mundo bem criado que...
- ...dá bastante prazer explorar em modo voo
- Jogabilidade fraca;
- Enredo perde rapidamente interesse;
- Vários componentes sem nexo, como a forte customização da personagem;
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