Depois da melhor personagem, claro que tínhamos que ir para a melhor narrativa a seguir! Desde as mais histórias mais simplistas "vamos salvar a princesa em apuros" até às mais complexas e intricadas histórias geopolíticas onde as ações de poucos vão determinar o desenrolar da vida de povos espalhados por mundos meticulosamente construídos, este meio tem sido um veículo cada vez mais interessante no que diz respeito ao contar de histórias. Desde fantasia, até terror, desde a busca pelo amor até à luta pela sobrevivência, há literalmente um pouco de tudo no buffet narrativo oferecido pela indústria dos videojogos.
E bem, que ano para narrativas em videojogos! Histórias que nos prendem pelos mundos criados, pelos diálogos impecavelmente bem escritos, pelas reviravoltas inesperadas que nos deixaram com o queixo pregado ao chão, graus de liberdade impressionantes que nos permitiram definir o rumo de uma narrativa ou o desfecho de uma personagem ou um mundo - há tanto por onde pegar quando olhamos para o que transforma uma narrativa numa história que traremos connosco e que ficará na nossa memória para sempre! Vejamos então quais as narrativas que mais cativaram os nossos redatores, e o porquê!
Carlos Cabrita - Marvel's Spider-Man 2
Esta categoria foi talvez das mais difíceis de escolher um vencedor, isto devido à enorme quantidade de êxitos que foram lançados este ano. Poderia mencionar vários como, Final Fantasy XVI que tem uma história brilhante e bastante elaborada. Ou Assassin's Creed: Mirage que finalmente regressou às origens e, com isso, também nos proporcionou uma narrativa bastante interessante e dramática. Ou até mesmo Mortal Kombat 1 que deu uma boa reviravolta na sua história.
Mas no final a minha decisão é Marvel's Spider-Man 2. O título anterior já me tinha deixado de boca aberta com as reviravoltas e inúmeros momentos marcantes, mas acho que este segundo título conseguiu elevar a fasquia em todos os aspetos. Peca num pormenor ou outro, mas no final de contas, foi talvez das histórias que mais me prendeu ao comando e colou em frente à televisão, de tanta e tão constante era a vontade de saber o que vinha a seguir.
Carlos Silva - Final Fantasy XVI
Para o título de vencedor da melhor narrativa irei escolher mesmo Final Fantasy XVI. Ainda que, reconhecidamente, não tenha a profundidade e nuance de Xenoblade Chronicles 3: Future Redeem (aqui a minha menção honrosa), acredito que a forma de como está estruturada e apresentada destaca-se como um trabalho de primor e qualidade.
Enquadrar uma história de fantasia num setting medieval, mais sombrio e com toques argumentistas de “A Guerra dos Tronos” foi uma verdadeira aposta ganha. O conceito e mensagem por detrás da história apresentada são também elementos distintivos do que uma experiência “Final Fantasy” procura apresentar, e neste quesito a narrativa de Final Fantasy XVI não falha.
Tiago Sá - Xenoblade Chronicles 3: Future Redeemed
Melhor narrativa e melhor personagem são categorias comummente interligadas: mais do que o conjunto dos acontecimentos em si, uma história de excelência surge na dependência do crescimento, das motivações, dos conflitos (internos) e decisões das personagens. Vide Chaos;Child e God of War 4/5, dois dos meus exemplos favoritos nesta indústria. Portanto, se elegi Rex de Xenoblade Chronicles 3: Future Redeemed como a minha personagem do ano, agora nomeio a expansão em si como a minha narrativa preferida de 2023.
Future Redeemed pega em elementos de toda a trilogia de Xenoblade Chronicles e conjuga-os numa pequena história recheada de fanservice. Aliás, o melhor tipo de fanservice. Esta narrativa não é derivativa e trilha o seu próprio caminho, e todos os seus elementos nostálgicos que têm um propósito e posicionamento lógicos na experiência. Além disso, a DLC tem uma interpretação só sua do foco no papel do novo sangue na construção do futuro que vigorou no jogo base, e no tema de legado que permeia a História de Aionios. Nesta expansão de sonho para qualquer entusiasta da série, apenas aponto um gigante defeito: a curta duração. Os temas, as relações e as personagens de Future Redeemed mereciam mais tempo para brilharem e serem desenvolvidas (bem mais do que a história simplória do jogo base).
Filipe Martins - Diablo IV
Esta escolha passou simplesmente por não dar tanta importância a outros jogos de peso, onde a narrativa se tornou bastante previsível ainda que interessante. Tanto Marvel’s Spider-Man 2 como Final Fantasy XVI cumprem o seu papel narrativo com mestria, trazendo vários plot twists interessantes ao enredo, mas que no seu desenrolar se tornaram bastante espectável.
Assim, a minha escolha para melhor narrativa, ainda que curta, vai para Diablo IV. Toda a sua complexidade aliada a um tema mais grotesco, que eu aprecio, pendeu a balança e mereceu a minha escolha.
Ricardo Neves - Baldur's Gate 3
Baldur's Gate 3 inicia-se logo a abrir! Somos apanhados no meio de uma guerra diplomática entre raças, enquanto temos os nossos próprios problemas com que lidar!
Este GOTY tem uma das histórias mais ricas que eu já vi num videojogo, e nada linear. O jogador que não se sentir sobrecarregado com a quantidade de escolhas que tem em mãos, tem opções sem fim para lidar com qualquer situação da forma que quiser. E bem ao estilo da Larian Studios, cada escolha foi pensada e considerada!
Pode parecer algo clichê, mas tive enormes vibes de Game of Thrones (nas suas temporadas de ouro) na forma como toda a narrativa se desenrola e na forma como cada NPC não "apenas existe," mas também cresce e se desenvolve com o desenrolar de cada ato, bem como de acordo com as nossas ações e as suas consequências. Uma obra prima!
Filipe Mesquita - Final Fantasy XVI
Pode ter sido preterido na minha escolha para melhor personagem, mas é na vida recheada de conflitos e de aventuras de Clive Rosfield que encontro a melhor e mais cativante história de 2023. O mundo de Valisthea é dos mais ricos que alguma vez experimentei neste meio. Recheado de relações e tensões políticas complexas que fazem lembrar o que de melhor a série Game of Thrones, problemas sociais extremamente desconfortáveis de tão paralelos que são com muito do que se passa na vida real, e depois arcos narrativos extremamente profundos que tocam em assuntos tão humanos como a culpa, o trauma e o amor fraterno e familiar.
O misto de assuntos tão complexos e, ao mesmo tempo, tão simples, com um pano de fundo de fantasia, resulta numa história empolgante, cativante e que não queria largar nem depois de terminados os créditos finais. Não imaginam o quão feliz estou por ter sido lançado de surpresa um primeiro DLC, e com a perspetiva de haver ainda mais no horizonte, já que significa que terei ainda muitas oportunidades para beber muito do sumo o mundo de Final Fantasy XVI ainda tem para dar!
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Digam-nos de vossa justiça! Concordam com as escolhas dos nossos redatores? Há alguma história ou narrativa que, na vossa opinião, mereça destaque e que não tenhamos referido ao longo deste artigo? Partilhem connosco as vossas opiniões, e enriqueçam esta discussão!
Introdução e Edição do Texto por Filipe Castro Mesquita
Thumbnail e Imagens de Texto por Carlos Cabrita
GameForces Awards 2023 - Melhor Narrativa do Ano
Reviewed by Filipe Castro Mesquita
on
dezembro 27, 2023
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