GameForces Awards 2023 - Melhor Jogo do Ano


Não foi um ano fácil para ninguém nesta indústria. Vimos despedimentos de trabalhadores na casa dos milhares (talvez até ultrapassando a dezena de milhar). Vimos mais de uma mão cheia de estúdios a serem encerrados sem cerimónia. Vimos reestruturações que resultaram em equipas a serem reduzidas a mínimos essenciais ou em projetos a serem cancelados, alguns dos quais sem terem a oportunidade de ganhar qualquer balanço. Até vimos colegas de grandes publicações e redações terem de se reinventar de um dia para o outro para garantir que podiam ter pão na mesa. O custo humano de fazer jogos, ou de falar sobre jogos foi, em 2023, tragicamente elevado.

Mas por isso é que queremos continuar a celebrar os videojogos que nos chegam e que jogamos. Porque todos os que trabalham nesta indústria merecem ser louvados. Todos os que se sacrificam pelo nosso entretenimento merecem ver o seu trabalho ser reconhecido. Não é um pequeno artigo ou uma pequena rubrica como a nossa que mudará seja o que for. Mas é o que podemos fazer para agradecer. 

Sejam um diretor de arte, um animador acabado de entrar na indústria, um testador de qualidade, um designer de sistemas, um programador de um motor de jogo, ou um baixista no meio de uma orquestra contratada para a banda sonora: obrigado, do fundo do coração, por tornarem a nossa vida melhor e mais divertida.

Agora, e sem mais demoras, vamos ao grandalhão. Vamos ao prémio de Melhor Jogo do Ano de 2023!


Filipe Martins - Marvel's Spider-Man 2


É uma categoria que pessoalmente me deu dores de cabeça e que não consegui ter uma resposta direta. Apesar de um ano repleto de bons títulos, a verdade é que não houve um que me deu aquele momento “tchanam” de o acabar e dizer: “este jogo encheu-me completamente as medidas”. 

O que mais perto chegou, e daí levar o titulo de jogo do ano, é Marvel’s Spider-Man 2. Num contexto geral, cumpriu todas as check lists, seja em termos gráficos, enredo, caracterização entre outros pontos. Apesar de não ter recebido nenhum prémio nos Game Awards, leva aqui o meu Jogo do Ano.


Filipe Mesquita - Super Mario Bros. Wonder


O que dizer de Super Mario Bros. Wonder? É um jogo simplesmente maravilhoso, uma aventura em 2D de Mario e companhia para ficar na história como o melhor desde a era da SNES. Desde a nova e incrivelmente bela direção artística, à sempre surpreendente mutação dos níveis quando tocamos numa Wonder Flower, à estupenda banda sonora, e à pura diversão que é voar pelos níveis na pele de tantas personagens diferente, não há quase nada que possa apontar a este jogo como menos divertido - com a exceção dos bosses, cujas batalhas são menos inventivas do que poderiam ser.

E a palavra inventividade assenta muito bem aqui. O incrível nível de criatividade colocado em cada nível não tem igual neste género. A fantástica mistura de inimigos antigos com novos adversários a enfrentar ultrapassa tudo o que poderia esperar. E acrescentar a isto três novos power-ups e um novo sistema de crachás que confere habilidades únicas que podemos usar para explorar cada recanto, ou para facilitar ou dificultar tremendamente a nossa vida ao longo de toda a experiência é uma deliciosa cereja no topo de um bolo... maravilhoso.

Há muito que ansiava por um Mario em 2D que refrescasse a fórmula e que me voltasse a colocar um sorriso parvo nos lábios. Mas nem nos meus melhores sonhos imaginava que fosse possível regressar a uma perspetiva bidimensional com este nível de criatividade, de surpresa e de diversão constantes. Por isto, Super Mario Bros. Wonder merece ser destacado como o melhor jogo do ano 2023.


Carlos Cabrita - Mortal Kombat 1


Se por um lado, a versão de Nintendo Switch foi a minha maior desilusão, por outro, as versões de Mortal Kombat 1 para as restantes plataformas acabaram por se tornar o meu jogo favorito de 2023. Foi uma enorme surpresa quando vi o primeiro trailer do mesmo e a curiosidade levou-me a voltar a jogar Mortal Kombat 11, inclusive a DLC que ainda não a tinha experimentado. Após isso, o hype tornou-se enorme e as expectativas para este título tornaram-se altas. 

Outro factor que me deu imensa vontade de jogar a este jogo foi o sucesso alcançado por Street Fighter 6, e que de certeza que fez o senhor Ed Boon elevar  a fasquia. Foi o jogo ao qual dediquei mais horas, o que me fez arrancar mais cabelos nos combates online e até me fez gastar todos os cêntimos que tinha para comprar a edição deluxe com o fim de conseguir jogar com todas as personagens de DLC... Mas também foi o único jogo deste ano que realmente me transmitiu satisfação e vontade de jogar de forma, literalmente, viciada. 


Tiago Sá - The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom

Super Mario Bros. Wonder, Tears of the Kingdom, Super Mario Bros. Wonder, Tears of the Kingdom... Sempre que tento eleger o melhor jogo de 2023, o meu cérebro oscila ritmicamente entre os dois grandes lançamentos da Nintendo, como um pêndulo. De um lado, um fresquinho jogo de plataformas 2D da série que me condenou a adorar videojogos para o resto da vida, em que é impossível não ser contagiado pela alegria e pela inigualada imaginação patentes em toda a aventura. Do outro, uma das mais ambiciosas sequências diretas de qualquer jogo, que expandiu e revigorou um mundo onde eu já me perdera de encanto em 2017, para me deliciar com ele de novo 6 anos mais tarde.

Esta indecisão pode ser uma perda de tempo para vocês que leram o títulozinho da secção (maldita estrutura do artigo!), mas não consigo mesmo decidir-me, bolas. Os dois jogos despoletaram em mim um transe de euforia e júbilo, ambos encantaram-me com a sua criatividade, ambos são pioneiros e líderes dos seus concorridos géneros... mas Tears of the Kingdom, para além destes feitos extraordinários, deixou-me rendido em estupefação pela maravilha de código por trás de uma mecânica de criação inacreditável, sem quaisquer bugs à vista. Vá, tenho camarões para comer e não ganho nada com este marasmo: The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom é o jogo do ano. 

The Legend of Zelda: Breath of the Wild foi revolucionário em 2017, e a sua palavra chave era descoberta. Descoberta de um vasto mundo novo, e descoberta dos limites do mais robusto sistema de físicas dos videojogos. O sentimento de deslumbramento que me enamorou com Breath of the Wild tinha tudo para se desvanecer nesta sequência direta, assente no mesmo continente e nas mesmas físicas. Porém, a Nintendo fez o impossível para o preservar, e o impossível foi refrescar e aprofundar a experimentação com as físicas, através de um sistema de construção miraculoso, e reconquistar o meu ímpeto de exploração, através da subversão de expectativas nos locais outrora familiares e da expansão colossal do continente de Hyrule. Tears of the Kingdom conseguiu que o predecessor, um bastião da liberdade em jogos e uma experiência incontestada pela maioria dos openworld que o seguiram, parecesse um mero protótipo.

E, convenhamos, já tendo o Filipe Mesquita destacado Super Mario Bros. Wonder, ficou mais fácil para mim evitar a blasfémia de omitir das comemorações uma das sequências mais ambiciosas e mágicas de sempre. Porém, se me colocarem perante o mesmo dilema amanhã, o metrónomo poderá travar na posição Wonder. É uma marca do quão espetaculares os dois jogos são!


Carlos Silva - Star Wars Jedi: Survivor


Sim, sei que o jogo tem os seus problemas técnicos, mas talvez por não afetarem significativamente a minha experiência pessoal, consigo considerar Star Wars Jedi: Survivor o meu jogo do ano. Não somente é uma adição de valor ao lore de Star Wars, como permite uma exploração extremamente prazerosa de alguns cenários cativantes e  bem delineados. A prestação de Cameron Monaghan, enquanto Cal Kestis, também me deixou rendido e absorvido pela narrativa. Por fim, o refinamento do combate está no ponto, não sendo demasiado frustrante, nem demasiado complexo. Um título que em tudo cresceu perante o seu anterior. 

Naturalmente, foi uma escolha difícil, pois o ano foi bastante rico em títulos de qualidade. Talvez Marvel’s Spider-Man 2 também pudesse partilhar o pódio, ao lado de Final Fantasy XVI? Ficamos agora a aguardar por 2024, ficando de olho no remake de Persona 3 e claro Final Fantasy VII Rebirth (Dica Dica!).


Ricardo Neves - Baldur's Gate 3


Baldur's Gate 3 foi inicialmente acusado de ser "uma anomalia" e de certa forma eu concordo com essa afirmação. A paixão e a atenção com que este magnífico jogo foi feito são palpáveis do primeiro ao último minuto. Uma narrativa riquíssima com um texto espetacular ao longo de todos os três atos. Um trabalho notório por parte de todos os atores de voz, com especial menção a Samantha Béart (Karlach), Neil Newbon (Astarion) e a Amelia Tyler (narradora). 

Uma quantidade incrível de elementos e interações possíveis com o universo do jogo, permitindo um vasto leque de diferentes abordagens face à aventura. E acima de tudo, conteúdo mais do que suficiente para satisfazer todo e qualquer jogador! A Larian Studios possui o Holy Grail dos RPG neste ano de 2023 e eleva, certamente, a fasquia para toda a indústria gaming.

_____

Digam-nos de vossa justiça! Concordam com as escolhas dos nossos redatores? Há algum grande jogo este ano que, na vossa opinião, mereça destaque e que não tenhamos referido ao longo deste artigo? Partilhem connosco as vossas opiniões, e enriqueçam esta discussão! E um ótimo ano novo a todas e a todos que nos lêem!

Introdução e Edição do Texto por Filipe Castro Mesquita
Thumbnail e Imagens de Texto por Carlos Cabrita
GameForces Awards 2023 - Melhor Jogo do Ano GameForces Awards 2023 - Melhor Jogo do Ano Reviewed by Filipe Castro Mesquita on dezembro 31, 2023 Rating: 5

Sem comentários:

Com tecnologia do Blogger.