Sword Art Online já existe há cerca de 11 anos e é um anime que conta não só com varias "temporadas", mas também com várias adaptações no mundo dos vídeo jogos. Mas se na vertente anime, SOA é muitas vezes apelidado pela comunidade de aborrecido ou repetitivo, será que este mais recente título consegue demonstrar o contrário e fugir deste estigma?
Para quem nunca ouviu falar, Sword Art Online conta a história de um jovem de nome Kirigaya Kazuto, ou Kirito como passa a ser mais conhecido no mundo online, que através de uma realidade virtual avançada entra em vários mundos MMORPG e se torna um jogador de alto nível. As temporadas do anime vão desenrolando e vão aparecendo mundos/ jogos diferentes onde vão tendo várias premissas distintas.
Eventualmente chega ao arco do anime War of the Underworld, onde se passa então Sword Art Online Recollection.
Se o meu resumo é bastante curto, os jogadores que não estão familiarizados com esta saga, não se preocupem, pois no inicio do jogo poderão ver um resumo bem mais alargado da série para assim se sentirem mais familiarizados com a história.
Em SOA Recollection, o mundo é dividido entre o domino humano e o domínio das trevas que estão em constante guerra. Somos rapidamente apresentados a uma cavaleira das trevas, que serve como mensageira de paz, trazendo a informação que vários chefes do mundo dela querem ter uma reunião para negociar a paz. Sendo essa reunião convenientemente no território inimigo, o nosso herói e a sua comitiva partem numa jornada pelo lado negro, para tentar assim acabar com a guerra entre as duas fações. Claro que vários motivos escondidos estão a acontecer sem que os nossos heróis estejam cientes e a guerra global está cada vez mais iminente.
Se a história, apesar de muito pouco original, nos consegue agarrar, infelizmente a forma como nos vai sendo introduzida é extremamente maçante. De entre cutscenes bastante repetitivas, lentas e que muitas não acrescentam nada ao enredo, torna-se complicado o jogador conseguir manter o seu nível de atenção. Exemplificando, ao percorrer certas zonas do mapa, temos uma cinemática onde um dos NPC's nos diz: "Estamos a caminho do destino". Passado 5 minutos em que andamos pelo mapa, nova cutscente com o mesmo NPC's a dizer "estamos mais perto". Este pormenor aliado ao fato de as cinemáticas não estarem bem otimizadas, demorando vários segundos a aparecerem e desaparecerem (até voltarmos a ter o controlo da nossa personagem), destrói completamente o ritmo que o jogo é suposto ter.
Esta situação é ainda mais espoletada pela premissa de toda a informação que SOA Last Recollection pretende transmitir ao jogador. Com todo o background para trás, este título mais recente contem o maior número de personagens da saga. Desta vez existem mais de quarenta, o que para os fãs da série poderá ser um deleite, mas para os outros talvez sintam algum exagero em tentar encaixar tanta informação nas horas de jogo.
O próprio conteúdo adicional, como quests secundárias (que há vários géneros, desde busca de itens, eliminar monstros mais fortes etc) traz novamente este sentimento ao de cima: uma repetição desnecessária e lenta ao já extenso lore "natural" do jogo. Mesmo a vertente Multiplayer, que podia ser tão bem explorada, visto todo o enredo do título focar-se mesmo nesse aspeto, é bastante fraco. Esta vertente cooperativa só pode ser usada mesmo para missões secundárias, sendo assim possível obter melhor loot.
Já nos combates a cadência torna-se bem mais acelerada e torna-se um ponto de destaque. Toda a possibilidade estratégica de otimizar as habilidades, a equipa, as suas habilidades e também o seu equipamento, vai ganhando várias camadas no desenrolar da narrativa, tornando os momentos de confronto bastante prazeroso. Apesar de todas as outras personagens só poderem usar um estilo de arma, o nosso herói pode usar praticamente todas (cerca de 12). E como cada arma tem vantagens e desvantagens, assim como uma árvore de habilidade extensa (inclusive um ataque especial diferenciado), aos testarmos a que mais se aplica ao nosso estilo de jogo, conseguimos tirar uma experiencia mais recompensadora. Durante estes combates podemos ainda recorrer a uma habilidade para trocar de personagem, usando assim todo um novo conjunto de habilidades, nunca criando um sentimento de repetição durante esses momentos.
Apesar disso, um aspeto negativo nos combates é a visão que é aplicada. Visto SOA Last Recollection ter uma palete de cores bastante vivas, durante os embates, devido a tudo o que está a acontecer à nossa frente perdemos completamente a noção o que estamos a ver. Torna-se recorrente focarmo-nos simplesmente nos dígitos do dano que estamos a conceder ao inimigo, os efeitos das habilidades, as armas e cores a passar rapidamente. Visto termos que também bloquear ataques de inimigos, torna-se bastante difícil quando não conseguimos bem precisar o que os mesmos estão a fazer. Mesmo sendo possível distanciar a camara nas opções, no valor máximo não sinto que fosse suficiente para ter uma experiencia mais agradável.
Para prejudicar ainda mais esta seção, Last Recollection conta com um grafismo já um pouco datado, com algumas texturas que poderiam ser atualizadas para dar um ar mais moderno ao jogo. Consequentemente perde-se aqui uma oportunidade de se destacar de títulos anteriores.
Todos estes fatores pejorativos são minimizados por uma vertente audiovisual sólida e interessante. Neste contexto tenho que alertar os leitores para um detalhe. As vozes e subsequentemente os diálogos estão em japonês, com legendas em inglês, o que neste gênero JRPG é a minha primeira opção, mas poderá fazer confusão a outros jogadores. Todos os efeitos sonoros estão bem aprimorados fazendo-nos esquecer (pouco infelizmente) os problemas mencionados. Também a banda sonora escolhida para este título é interessante, onde pessoalmente escolhi algumas faixas para a minha playlist no Spotify. Recomendo os leitores a apreciarem-na na sua totalidade, podendo-o fazer neste link.
Já em termos técnicos, o jogo está otimizado para correr a 60 fotogramas por segundo a uma resolução 4k. Durante a nossa gameplay confirmamos isso, apesar que sentimos algumas quebras em momentos em que o ecrã estava com mais detalhes a acontecer, mas foram tão minimalistas que não afetou minimamente a experiência.
Conclusões
O Melhor:
- Toda a customização disponível em termos de habilidades e itens
- A banda sonora e vertente audiovisual
- Ser o jogo com mais personagens da série e consequentemente com mais lore que....
- Pode-se tornar demasiado extensa e aborrecida
- Ritmo lento e repetitivo nas cutscenes
- Grafismo datado
- Vertente Multiplayer muito pouco explorada
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