Análise | Hellboy: Web of Wyrd - Um Demónio numa Aventura Demoniacamente Medíocre

Há imenso tempo que não víamos o nosso demónio favorito protagonizar um videojogo e, apesar de não ser o fã n.º 1 do mesmo, quando vi o trailer deste título, o meu primeiro pensamento foi de "hype" total. Pelo aspeto gráfico que faz lembrar as bandas desenhadas, o gameplay que parecia bastante promissor e, acima de tudo, porque o Hellboy é uma besta! Contudo o resutado final foi decepcionante e não consigo mesmo aceitar a oportunidade que tiveram na mão e conseguiram desperdiçá-la.

Para quem não está a par, Hellboy é um filho entre uma feiticeira e um demónio. Juntamente com os humanos, ele procura derrotar todo o tipo de criaturas míticas como vampiros, fantasmas, entre muitas outras. Para os mais atentos irão reparar que o mesmo, para além de ter os seus cornos partidos, tem uma mão maior que a outra. Pois bem, primeiramente o Hellboy recusa-se a ser identificado como demónio daí a razão por ter retirado os cornos. Em segundo lugar, a sua mão enorme serve como arma e de acordo com a história de uma mini-série do mesmo, a mão foi utilizada por um dos espiritos que construiu a terra. 


Nesta aventura em particular deste "armário vermelho" a história... apresenta-se um pouco confusa, mal explicada e sinceramente muito pouco relevante para o jogo. Basicamente o enredo inicia com o desaparecimento de um agente da BPRD (Bureau of Paranormal Research and Defence), equipa a que o Hellboy também pertence, caindo a responsabilidade de procura-lo ao nosso herói. Para tal, somos levados para uma dimensão chamada de "The Wyrd". Estavam à espera de mais? Pois eu também.

    Para minha surpresa, que não investiguei nada sobre o jogo para além dos trailers que vi, o jogo trata-se de um rogue-like com mecânicas Beat'em up. Começando pelo combate, este é bastante simples e graças a isso, consegue ser bastante frustrante. Os ataques conseguem ser desferidos aos inimigos com apenas um simples botão, e através de cliques ou pressioná-lo, conseguimos executar todos os combos possíveis nos inimigos. O verdadeiro problema do combate surge quando necessitamos de nos defender dos ataques inimigos. O jogo oferece a possibilidade de efectuarmos um contra-ataque, contudo é uma mecânica pouco eficiente na maioria das vezes. A sua utilização é executada com o mesmo botão que utilizamos para defender, contudo, tem de ser no momento exato em que o inimigo nos está a acertar com um golpe... o que é na maioria das vezes impossível de se executar. O "timming" deste procedimento é tão difícil que quase que se torna inútil ao longo do jogo. 


Um aspeto interessante é a interação que a nossa personagem e os inimigos têm com o ambiente ao nosso redor. Por exemplo, se efetuarmos um golpe pesado contra um inimigo, este irá ser empurrado, caso ele choque contra uma pedra ou contra uma parede, o inimigo irá levar "stun" e irá sofrer mais dano. Para além dos socos, podemos ainda usar uma arma de fogo de entre três disponíveis: uma pistola, uma espingarda e um lança granadas. Fora isso, podemos ainda utilizar um equipamento de suporte que contém utilizades diversas, mas são todas afim de nos ajudar durante o combate. 

Quanto à mecânica rogue-like, esta é a parte mais fraca do jogo. Os mundos que visitamos são extremamente repetitivos, chatos, parecem labirintos e os inimigos são SEMPRE OS MESMOS! Ao longo do nosso percurso pelos mapas iremos encontrar atributos para a nossa personagem, contudo, estes são de muito pouca variedade e muitos deles, nem fazem grande diferença durante o jogo. 

Existem dois tipos de atributos: 

  • Os que mexem diretamente com a nossa personagem. Estes podem variar entre a possibilidade de receber mais vida ou escudo após derrotarmos os inimigos, ou em alternativa, na possibilidade de carregarmos mais uma munição na nossa arma ou termos mais uma barra de escudo; e
  • Os que mexem diretamente com o nosso combate. Estes são associados ao nosso ataque direto, à arma de fogo ou ao equipamento. Neste último caso não faz muito sentido, visto que somente um ou dois atributos funcionam com este.

  


Outra mecânica desajustada passa pela economia dentro do jogo. Como base principal temos a "Butterfly House" onde podemos interagir com o resto das personagens, ver os bens que vamos encontrando ao longo da aventura e melhorar os nossos atributos, a nossa arma e o nosso equipamento. O grande problema surge na dificuldade que o jogo proporciona em arranjar a unidade monetária que nos permite melhorar as armas. Digamos que os "upgrades" são caros e o dinheiro é sempre escasso. 

Abordando agora a sua componente audio-visual,  só existe uma palavra para descrever os visuais e todas as dobragens: "Incriveis". O ator que desempenhou a voz do nosso herói (Lance Reddick), fez um excelente papel (destaco este em particular, pois é a personagem que fala mais ao longo do jogo). Os visuais que fazem lembrar imenso as bandas desenhadas são de arrasar. Fica somente aquele sentimento de tristeza quando nos referimos à banda sonora, que me deixou com "mix feelings". Ora é bastante boa e até me motivou a querer matar aqueles monstros todos "à chapada", ora só me apetecia arrancar os ouvidos enquanto me aventurava pelos vastos, cansativos e repetitivos mundos. 

Sobre a performance, não senti que o jogo fosse para a nova geração, principalmente por dois motivos. Primeiro, "Loadings" demorados em comparação a jogos mais "exigentes" em termos de "hardware". Em segundo lugar, verifiquei imensas quebras de FPS durante os combates, mais especificamente quando se verificavam explosões.



Conclusão

Hellboy: Web of Wyrd é uma oportunidade desperdiçada de fazer enaltecer o grande herói que o Hellboy é. Todas as mecânicas de combate funcionam dentro dos possíveis, mas peca muito pela simplicidade dos mesmos. Já os aspetos rogue-like deixam o sentimento de terem sido feitos à pressa e sem qualquer intenção de elabora-los muito a fundo. 
Esta sensação de vazio permanece sempre que percorremos os enormes e repetitivos mapas ou derrotamos os mesmos inimigos vezes sem conta. Adicionando estes aspectos a uma sensação de obrigatoriedade a repetir esta tortura imensas vezes, somente para conseguirmos fazer um único upgrade à nossa personagem, fazem deste, talvez um dos piores rogue-like que já experimentei. 


O melhor:

  • Estilo gráfico lindo;
  • Interação com o meio ambiente durante os combates;
  • Boa performance por parte dos atores;
  • Combate simples contudo...


O Pior:

  • ... peca pela sua simplicidade;
  • Mecânicas Rogue-Like muito pouco trabalhadas;
  • Pouca variedade de inimigos;
  • Mundos muito idênticos;
  • Mal aprimorado para as consolas de nova geração.


Pontuação do GameForces - 5.0/10


Título: Hellboy: Web of Wyrd
Desenvolvedora: Upstream Arcade
Publicadora: Good Shepherd Entertainment
Ano: 2023

Nota: Esta análise foi realizada com base na versão digital do jogo para a PlayStation 5, através de um código gentilmente cedido pela Good Shepherd Entertainment.


Autor da Análise: Carlos Cabrita


Análise | Hellboy: Web of Wyrd - Um Demónio numa Aventura Demoniacamente Medíocre Análise | Hellboy: Web of Wyrd - Um Demónio numa Aventura Demoniacamente Medíocre Reviewed by Carlos Cabrita on novembro 21, 2023 Rating: 5

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