Análise | Cyberpunk 2077: Phantom Liberty DLC + Patch 2.0 - Bom dia Night City! E que manhã agradável...



Certamente todos nos lembramos do lançamento atribulado que Cyberpunk 2077 teve em finais de 2020.

Lembramos facilmente a quantidade absurda de problemas gráficos, as físicas do jogo ou até dos múltiplos crashes. Ainda assim, salientamos principalmente as mecânicas de jogo fracamente implementadas e uma Inteligência Artificial que deixava muito a desejar, por tão “ignorante" que era quando entravamos em combate com a NCPD ou alguns dos inimigos mais comuns. 

Contudo, nem tudo era mau, em particular o objectivo da experiência em criar toda uma second life neste mundo virtual, contando com uma grande profundidade de interações possíveis, este título da CD Projekt Red foi algo bem conseguido. Agora, três anos depois, chega-nos Phantom Liberty. Este DLC introduz uma nova história cinemática, uma zona bem integrada na já frenética e desenvolvida cidade de Night City, e um abençoado patch 2.0 que, sinceramente, transforma Cyberpunk 2077 no sonho futurístico que nos foi vendido e prometido durante os sete ou oito anos de desenvolvimento do jogo base.



Este patch 2.0 foi claramente pensado e lançado em antecipação a Phantom Liberty! No entanto, diria que as 15 ou 20 horas de jogo que este novo DLC oferece não são suficientes para nos apercebermos do quão melhorado está Cyberpunk 2077!

Se forem como eu, e só estão a jogar Cyberpunk agora pela segunda vez porque saiu um DLC ao final de praticamente três anos, acredito que terão uma surpresa agradável.

Mecânicas de jogo já existentes e alguns elementos base como, por exemplo, os perks ou os skills foram completamente revistos e há uma quantidade incrível de melhorias e correções.



A cidade de Night City está agora devidamente protegida! O departamento policial da cidade tem agora mais presença e não aparece simplesmente do nada atrás de nós na eventualidade de fazermos asneira. Existem patrulhas pelas ruas, quer sejam unidades a pé ou carros de patrulha a fazer a ronda, que nos poderão perseguir ao cometermos um crime. A própria IA da NCPD (Night City Police Department) apresenta melhorias com um comportamento adequado ao nível de gravidade da situação, diminuindo ou aumentando também a sua dificuldade consoante o novo sistema de Nível de Procurado (entre 1 a 5 estrelas, à semelhança dos jogos Grand Theft Auto).

É possível também entrar em combate enquanto conduzimos veículos e alguns vêm até equipados com armas específicas. Com uma ligeira melhoria na resposta à condução, este novo sistema também apresenta níveis de ótima qualidade, revelando-se bastante fácil de nos adaptarmos e integrarmos na nossa gameplay. Este aspecto torna as perseguições ou fugas bastante mais interessantes e desafiantes, com tiros e explosões por todo o lado, como um verdadeiro filme de ação.



De maneira geral, todo o universo de Cyberpunk aparenta estar mais inteligente e mais vivo. A reação à nossa presença e às nossas ações está muito mais acentuada. Uma bala perdida disparada de uma arma silenciada, uma granada atirada ou simplesmente o barulho dos nossos passos ao corrermos no meio da confusão da cidade (e especialmente, pelo meio das várias fações) são rapidamente reconhecidos e respondidos de acordo com a situação. Esta melhoria na IA dos NPC’s é muito bem vinda, e torna todo o combate bastante mais divertido. Já não tenho a sensação de que estou a “bater no ceguinho”, e jogar nas dificuldades mais difíceis é realmente um desafio para quem se quiser aventurar.


As Perk Trees foram completamente revistas e alteradas. Temos agora menos Perks, mas com muito mais relevância. Investir e subir de nível numa árvore específica, das cinco que temos à disposição, dá-nos a possibilidade de desbloquear habilidades únicas.

Na minha playthrough optei por um estilo de jogo com fortes bases em Technical Ability e Intelligence, duas árvores distintas, para que pudesse potenciar as capacidades de um Netrunner (um hacker, digamos) que utiliza armas mais tecnológicas ao invés das clássicas pistolas, SMG’s ou Assault Rifles.

O forte investimento em Technical Ability ao atingir o nível 20, por exemplo, permitiu-me desbloquear um perk chamado Edgerunner, que me permitia exceder os meus limites na pontuação de Cyberware (entro em detalhe em relação a esta novidade mais à frente), sacrificando uma pequena percentagem de vida, para que pudesse ter uma chance de entrar num estado de frenesim, por 12 segundos, que me daria bastante mais dano.



O sistema de Cyberware foi também ele revisto e equilibrado e, como referi no parágrafo anterior, existe agora um limite na nossa capacidade e qualidade de cyberware que podemos ter instalados no nosso personagem V. Estes aspectos são determinados por uma pontuação que vai aumentando com o nosso nível e pode também aumentar com um par de perks

Pessoalmente, tive bastante prazer em passar uns largos minutos a instalar cyberware de acordo com as minhas necessidades e possibilidades. Tendo, por vezes, que sacrificar alguma mobilidade ou capacidade de sobrevivência em prol de hacks mais rápidos ou de melhor manuseamento de armas.

Outro ponto bastante positivo e aliado a este novo sistema, está no facto de que a armadura do nosso personagem está agora presente nestes implantes de cyberware, fazendo com que as roupas sejam praticamente apenas cosméticas, resultando numa alteração da origem principal da nossa stat de armadura. Já não precisamos de andar todos mal vestidos pelas ruas de Night City com zero sentido de fashion, só porque peça de roupa X ou Y dá mais ou menos armadura!



Dirigindo-me especificamente aos jogadores de PC acrescento ainda que este patch 2.0 introduz a tecnologia DLSS 3.5, que traz imagens mais claras, especialmente nos reflexos das luzes neon que envolvem todo o universo deste título futurístico que é Cyberpunk 2077, acompanhadas de um aumento de performance e de fotogramas por segundo.

Um jogo futurístico como este, ganha bastantes pontos através da qualidade das cores e através de todas as fontes de luz, sejam elas veículos, painéis publicitários, candeeiros ou faixas neon, e esta nova tecnologia vem certamente ajudar ao ganho de vida em Cyberpunk para os jogadores com máquinas “mais humildes”.



Falaremos agora em particular de Phantom Liberty, a única expansão paga que teremos neste título da CD Projekt Red. Esta chega com um timing perfeito para dar asas ao patch 2.0, lançado de antemão, sendo uma exibição excelente do seu potencial. Um DLC tão bom, que eleva Cyberpunk 2077 às alturas a que aspirava em 2020 e quase que se torna um must play ao invés de ser só um simples add-on.

Desta vez a CD Projekt Red optou por um ângulo com menor liberdade de escolha, mais estruturado e apresentando uma narrativa que nos cola ao ecrã como que num filme. Temos uma espécie de thriller de espionagem, com uma exploração mais linear, um desenrolar de eventos mais típicos ao género e mais cenas cinemáticas, perfeitamente executadas diga-se.

Houve até um segmento que me fez ficar parado a apreciar o momento, por mais de cinco minutos. Numa festa de gente VIP, há uma altura em que temos uma coreografia cheia de cor e com uma música tão bem implementadas, que quase me esqueci que estava a jogar. Parecia um evento real!



Phantom Liberty introduz uma nova história em Dogtown, uma nova área situada no sul de Night City. Um distrito isolado em ruínas e a nadar em poeiras, sem regras nem lei, que certamente já viu melhores dias, muito em contraste com o resto da cidade com as suas luzes e edifícios altos. Um distrito distinto, mas igualmente brilhante com todo o seu design e arquitetura mais sombrios.

A iniciar esta história temos o nosso personagem, V, a receber uma missão de salvamento cujo alvo é a presidente dos Estados Unidos, Rosalind Myers, que se encontra no seu terceiro mandato. Tudo aparenta ser uma missão algo normal e sem drama, mas… já devíamos saber melhor, não é verdade?

Temos ainda o ator Idris Elba a dar vida, corpo e voz, a Solomon Reed. Um personagem que nos é apresentado através da presidente Myers, com um passado misterioso que caracteriza a sua presença no jogo, e Idris executa o seu papel de forma brilhante.



A história principal de Phantom Liberty tem um leque de missões aceitável, em que as escolhas que fazemos têm bastante peso no seu desenvolvimento ao longo das 15 ou 20 horas de jogo que oferece, e a sua conclusão pode ou não afetar em parte o final do jogo base dependendo das escolhas que fazemos neste DLC.

As missões em Dogtown têm todas um quê de perigo, as ruas estão cheias de NPC’s de gangs, como os Voodoo Boys ou os Scavengers que nos transmitem uma sensação de insegurança constante a cada curva. Infelizmente, a pouco variedade de inimigos mantém-se.

Há também um acréscimo a zonas de combate mais fechadas, o que requer uma utilização mais cuidadosa das nossas capacidades e um maior uso do espaço à nossa volta como cobertura.



Talvez a novidade mais relevante e que afeta diretamente a nossa personagem, é o desbloquear de uma nova árvore de perks relacionada diretamente com a relíquia, o biochip que manifesta a memória de Johnny Silverhand (interpretado pelo grande Keanu Reeves).

Esta nova mecânica é desbloqueada desde cedo durante Phantom Liberty. Mas contrariamente ao que acontece com as restantes árvores cujos pontos são ganhos através do clássico subir de nível, para esta árvore temos que aceder a terminais de Militech Data espalhados por Dogtown.

A Relic Tree divide-se essencialmente em três secções: A Vulnerability Analysis, que identifica e expõe pontos fracos nos inimigos para dano extra; Jailbreak, que se foca no uso do cyberware presente nos braços do personagem; Emergency Cloaking, que vem melhorar o uso de cyberware relacionado com um estilo de jogo mais furtivo.

No entanto, e em contraste à revisão feita nas árvores base do jogo, não achei que esta adição trouxesse algo que pudesse mudar ou acrescentar drasticamente novas formas de jogar ou de encarar as situações ao longo da playthrough, podendo até por vezes esquecer-me que a Relic Tree existisse.



Como referi anteriormente, Phantom Liberty oferece um bom par de dezenas de horas de conteúdo extra e, na minha opinião, é um DLC que vem em parte redimir o lançamento de 2020.

Com uma performance bastante melhor à experiencia que tive na altura, e com DLSS em modo Qualidade sempre com a taxa de fotogramas acima dos 60fps em 1440p, com os meus humildes 32Gb de RAM, i7-9700K e uma gráfica RTX 2070.





Conclusão

Cyberpunk 2077 é agora muito mais acessível a nível de performance, o que poderá trazer muitos jogadores de volta e outros tantos novos para que se possam divertir neste universo futurístico. A revisão nos vários sistemas e elementos do jogo são uma lufada de ar fresco e transformam este título no sonho prometido há uns anos atrás.

Cyberpunk 2077: Phantom Liberty DLC, potenciado pelo novo patch 2.0, com toda a sua glória, vem colocar este jogo novamente no mapa dos RPG. Um thriller de espionagem no meio de tanta ação que se torna um claro must play para os fãs deste mundo criado pela CD Projekt Red.



O Melhor
  • Revisão das Perk Trees, habilidades e sistema de cyberware;
  • Abordagem à narrativa de Phantom Liberty com execução brilhante;
  • Idris Elba como Solomon Reed.


O Pior
  • Pouca variedade de inimigos mantém-se;
  • Nova Relic Tree com pouco ou nenhum impacto.


Pontuação do GameForces: 8.5/10



Título: Cyberpunk 2077 Phantom Liberty DLC
Desenvolvedora: CD Projekt RED
Publicadora: CD Projekt
Ano: 2023


Nota: Esta análise foi realizada com base na versão digital do jogo para a Steam, através de um código gentilmente cedido pela CD Projekt Red.

Autor da Análise: Ricardo Neves


Análise | Cyberpunk 2077: Phantom Liberty DLC + Patch 2.0 - Bom dia Night City! E que manhã agradável... Análise | Cyberpunk 2077: Phantom Liberty DLC + Patch 2.0 - Bom dia Night City! E que manhã agradável... Reviewed by Ricardo Neves on outubro 17, 2023 Rating: 5

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