Análise | Pokémon Scarlet & Violet: The Teal Mask – Regresso da Alegria e da Irritação


Vou confessar-vos uma coisa. Pokémon Scarlet & Violet é a geração de Pokémon que mais adoro e, simultaneamente, mais me irrita. No ano passado, dei aos jogos da nona geração um 7 (em 10), mas foi um par de jogos que me divertiram como se fossem um 10 (também em 10). E poderia muito bem ter sido, o que explica a tal irritação. Agora, sou chamado de volta para este mundo aberto tão espetacular como problemático, de volta para a primeira geração cujo PokéDex completei em décadas. Mas será este um regresso que acabarei por receber de braços abertos, ou quererei vestir uma máscara para que ninguém me reconheça enquanto jogo The Teal Mask?


Tem de ser, não tem? Tenho de começar por falar do Mamoswine na sala, não tenho? O jogo base de Pokémon Scarlet & Violet corria pessimamente mal, sobretudo no modo de televisão. Tão mal que chegou a dar-me algumas dores de cabeça – daquelas literais, para além das metafóricas. E é sem qualquer prazer ou gozo que tenho de começar esta análise do primeiro DLC da nona geração de Pokémon com esta confirmação: o jogo continua a correr horrivelmente. De facto, há até aqui um dado impressionante: The Hidden Treasure of Area Zero Part 1 - The Teal Mask consegue a proeza de correr ainda pior que o jogo base.

Parece impossível, mas é a verdade. Kitikami, a nova área de jogo de The Teal Mask, é muitíssimo mais pequena, com um mapa com cerca de 20% da área total de Paldea – talvez menos -, tem uma densidade de personagens e de Pokémon muitíssimo mais baixa, e tem apenas uma pequeníssima vila e duas atrações turísticas ainda mais pequenas. No entanto, as quebras na taxa de fotogramas são tão acentuadas e mais frequentes, a responsividade dos menus é lastimável, tanto em batalha como fora, e a nitidez da imagem continua a rivalizar com a de vários jogos da era da PlayStation 2. Ah, e como esquecer os constantes pop-ups de elementos ambientais, as texturas em falta e as personagens a mexerem-se ao ritmo de uma apresentação em PowerPoint no plano de fundo durante cutscenes?

Este DLC está tão mal otimizado que quase considero tudo isto admirável. Mas… raios de um Pikachu me partam, voltei a ficar completamente enamorado por esta experiência.


Kitikami é uma área de jogo relativamente pequena e muito pouco distintiva do expansivo mundo aberto de Paldea. Há umas planícies, uns planaltos, uma zona nevosa, uma montanha, algumas grutas, uma zona rochosa, alguns lados e alguns rios. Ou seja, é em tudo uma versão miniatura de Paldea, com alguns treinadores espalhados e com diversos Pokémon a passear e a interagir com o mundo e uns com os outros. O PokéDex de Kitikami é composto por 200 Pokémon, metade dos quais são reincidentes do jogo base de Scarlet & Violet. Os 7 novos Pokémon aqui introduzidos são bastante interessantes e apresentam designs muito cativantes, mas o leque de Pokémon retornados não são, na sua larga maioria, os melhores ou os que mais gostaria de ver no jogo. E a grande maioria dos treinadores que se encontram espalhados por Kitikami são incrivelmente fracos. Mesmo no meu caso, em que não investi grande coisa no jogo depois de o ter terminado há quase um ano, nunca me senti minimamente desafiado pelas hordas de Poochyena, de Sentret ou de Vulpix que compunham a maioria das equipas dos treinadores com os quais me cruzei.

Portanto, em termos de alcance e de conteúdo, The Teal Mask tinha tudo para ser uma tremenda desilusão e uma seca colossal. Mas não, bem pelo contrário: voltei a sentir um prazer incrível enquanto vivenciava o que este pequeno mundo aberto tinha para oferecer. Encontrar novos (e velhos) Pokémon a passear, interagir com estes, apanhá-los e ver um novo PokéDex a ficar cheio voltou a encher-me de uma alegria jovial quase indescritível. Continua a ser irritante o quão bom e, ao mesmo tempo, tão mau o jogo é, mas voltei a adorar esta experiência, apesar de todos os problemas indesculpáveis que apresenta.


E há que voltar a congratular o trabalho narrativo aqui desenvolvido. A premissa de The Teal Mask é simples: a nossa personagem é uma das escolhidas para uma visita de estudo especial à terra de Kitikami, juntamente com alunos de uma academia de Unova. Coincidentemente, os alunos de Unova, Carmine e Keiran são nativos desta terra e ajudam-nos a conhecer a lenda do terrível ogre e dos três heróis que se sacrificaram para lhe roubar as suas máscaras e o enfraquecer. Mas no que diz respeito a esta lenda, nem tudo o que parece é, e à medida que vamos passando tempo com os nossos hóspedes, vamos sabendo mais do que realmente se passou entre estes quatro Pokémon e vamos repondo a verdade.

Todas as novas personagens são interessantíssimas e recheadas de vivacidade e camadas de complexidade. Carmine apresenta-se como rude e inacessível, revelando-se mais amigável e empática à medida que a conhecemos. Keiran parece ser tímido e pouco confiante, mas vai desenvolvendo força e tornando-se ambicioso com o desenrolar da história. E até Briar, a nossa acompanhante nesta visita de estudo, revela ser uma investigadora tão determinada quanto curiosa. Todas as personagens novas se desenvolvem impecavelmente bem, e o desfecho desta pequena narrativa de 5 ou 6 horas monta perfeitamente o palco para a segunda expansão que ainda chegará este ano.

E mesmo com tantos problemas, tanto potencial desperdiçado e pouco valor realmente acrescentado no geral por esta expansão, podem crer que estou Absol-utamente em pulgas para regressar a este mundo uma última vez.


Conclusão
The Teal Mask não é uma adição indispensável a Pokémon Scarlet & Violet, é um DLC que acaba por ser praticamente mais do mesmo. Se, como eu, adoraram a liberdade e a interatividade sem precedentes com Pokémon nos seus habitats do jogo base, então encontrarão mais desse prazer em Kitikami. Se, por outro lado, os problemas técnicos, gráficos e de desempenho que atormentam toda a nona geração vos frustra e perturba a vossa diversão, talvez este não seja um regresso tão apelativo. O quão recomendável esta expansão é depende de odiarem adorar ou de adorarem odiar toda a nona geração de Pokémon.

O Melhor:
  • História e novas personagens são cativantes
  • Novos Pokémon são interessantes
  • Explorar a nova área voltou a ser uma alegria

O Pior:
  • Consegue estar ainda menos bem otimizado que o jogo principal
  • Continua repleto de bugs
  • Pokémon retornados não são os mais vistosos

Pontuação do GameForces – 6/10

Título: Pokémon Scarlet & Violet: The Hidden Treasure of Area Zero Part 1 - The Teal Mask
Desenvolvedora: Game Freak
Publicadora: Nintendo
Ano: 2023

Nota: Esta análise foi realizada com base na versão digital deste DLC para a Nintendo Switch, através de um código gentilmente cedido pela Nintendo Portugal.

Autor da Análise: Filipe Castro Mesquita
Análise | Pokémon Scarlet & Violet: The Teal Mask – Regresso da Alegria e da Irritação Análise | Pokémon Scarlet & Violet: The Teal Mask – Regresso da Alegria e da Irritação Reviewed by Filipe Castro Mesquita on setembro 29, 2023 Rating: 5

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