#15 As crónicas de... um jogador - Era uma vez...

Eu posso afirmar que, quando era pequenino, tive o privilégio de ter o meu avô a contar-me histórias. João Ratão e a Carochinha, entre outras, fizeram parte da minha infância. Lembro, com alguma nostalgia, que acabavam sempre com " e acabou a história, Maria Vitória".

Depois começou a aparecer a Disney, e histórias como O Rei Leão, a Pequena Sereia, Cinderela, Toy Story entre centenas delas ganharam cor nas nossas televisões, usando ainda VHS (as conhecidas cassetes para quem não conhece o termo) e mais tarde os DVD's.

Todos na minha geração conhecem estas histórias, e se eu falar em Pinóquio todos sabem quem é e sabem também as particularidades da sua narrativa. 

Ora agora o que vocês não sabem, é que eu, apesar da minha personalidade alegre e simpática, tenho um lado que gosta de coisas mais negras, mais grotescas, quiçá até mais maquiavélicas.

Portanto, ver uma destas histórias elevadas a um estilo semelhante, sombrio, ao estilo dos irmãos Grimm é, para mim, sempre um deleite.

Falo, para quem ainda não chegou lá, de Lies of P.

O fato de pegarem numa história de 1883, darem uma roupagem completamente diferente e ainda por cima, ser um Souls Game, dá ainda mais prazer de jogar e embrenhar-me nesta aventura, a ver que mais plot twists criaram nesta narrativa. Sim, eu sei que querem ler a minha análise. Que não vos falte nada. Mas se não a quiserem ler, ficam a saber que lhe dei uma boa nota.

(cobriu-se depois de se ter assustado com um inimigo escondido a um canto, muito soul like)

Agora, o que me lembrei é, será que esta geração de jogadores, quando for a nossa vez de contar histórias a filhos e netos, vamos para aquelas que nos contaram? É uma geração completamente diferente, isso é inegável, mas haverá ainda momentos para ler ou contar uma história? Estarão já tão formatados para ipads, tablets e telemóveis que poderá não fazer sentido? Sei que isso depende exclusivamente dos pais, mas mesmo assim, penso que irá se perder esses momentos eventualmente. Talvez não. Ou melhor quero acreditar que não.

Mas, não acham que seria engraçado, contar-mos a história de Arthur Morgan de Red Dead Redemption 2, ou de Deacon Lee St. John de Days Gone, ou mesmo tentar contar a de Cloud Strife ou de outro qualquer personagem de outro qualquer Final Fantasy? Reviver nas nossas cabeças essas aventuras, passá-las para a geração seguinte seria algo que para qualquer jogador iria trazer uma lagrimazita no canto do olho.

Fica a ideia!

E assim me despeço.

....e acabou a história, Maria Vitória