Pikmin 1, check, 2, done, 3, tick, Hey!, sigh,… Estamos prontos para analisar Pikmin 4! …Hmm? Pikmin Bloom, o jogo para smartphones? Isso conta? …Bem, se quiserem, podemos falar um pouco dele para completar a série…
Em 2021, aparentemente do nada, Pikmin Bloom foi anunciado e lançado para dispositivos inteligentes como uma nova forma de jogar com os Pikmin em realidade aumentada. Se este conceito vos soa parecido com o de Pokémon GO, não é por acaso. Pikmin Bloom é o segundo jogo que a Niantic desenvolve adaptando uma propriedade Nintendo e transportando-a para o mundo real. Embora muitos dos princípios mecânicos sejam semelhantes, algumas mudanças no seu funcionamento distanciam-no bastante do fenómeno mundial que o precedeu: enquanto Pokémon GO nos obriga a descolar os glúteos do sofá e percorrer a vizinhança de propósito para apanhar Pokémon, Pikmin Bloom funciona como um complemento às caminhadas que já fazemos no nosso dia a dia.
Do mesmo modo que o nosso
objetivo em Pokémon GO é apanhá-los todos, o nosso objetivo em Pikmin Bloom é
colecionar os Pikmin. Esta missão é surpreendentemente simples: após fazermos uma
caminhada no mundo real, o jogo encontrará vários itens à nossa volta que os nossos Pikmin podem recolher. Alguns destes são plântulas de Pikmin que, após serem colocadas num espaço de cultivo, desabrocham assim que caminharmos um número pré-determinado de passos, tal e qual como
os ovos de Pokémon GO.
Só existem 10 espécies de Pikmin
no momento da publicação, mas isso não é problema para a Niantic, graças à introdução
dos Decor Pikmin. Estes Pikmin pertencem às 7 espécies presentes em Pikmin 3 mas, após os jogadores desenvolverem uma amizade com eles, adquirem uma vestimenta única com base no seu
lugar de origem. Por exemplo, se encontrarem uma plântula numa hamburgueria, o
seu Pikmin vestirá um hambúrguer, um copo de sumo ou um pacote de batatas fritas.
Se um Pikmin for originário de uma padaria, este será envolto numa
fatia de baguete.
Podem muito bem decidir que este loop
de encontrar plântulas e cultivar Pikmin é suficiente para vocês; porém, se
quiserem aprofundar a vossa atividade em Pikmin Bloom e acelerar o crescimento
do vosso grupo de Pikmin, podem mergulhar no loop de ações sem fim que
não pode faltar nos jogos free-to-play. Para além de plântulas, também
encontram frutas à vossa volta durante as caminhadas. Se enviarem Pikmin para recolher o alimento,
recebê-lo-ão na forma de néctar, que poderão oferecer às pequenas criaturas.
Isto não só fomenta uma amizade com os vossos ajudantes, mas também vos permite
recolher pétalas das recém-formadas flores no topo dos Pikmin. Por sua vez, podem usar estas pétalas
para plantar flores no mundo real durante uma caminhada, o que aumenta a probabilidade
de encontrarem frutas e vos dá moedas, que podem ser trocadas por pétalas e vários itens úteis na loja do
jogo (em podem ser comprados com dinheiro real, como não podia deixar de ser). Estas flores ficam visíveis no mapa para todos os jogadores de Pikmin
Bloom da área e, e se escolherem a opção “Plant With Others”, verão à vossa
volta os Miis doutros jogadores!
Existe também uma componente social: os jogadores receberão frutas adicionais se fizerem desabrochar uma Flor Grande, plantando anónima e cumulativamente 300 flores numa área específica do mundo real. Adicionalmente, até 4 jogadores poderão enviar os seus Pikmin para derrotar cogumelos, numa iteração simplificada das raids de Pokémon GO. Se tiverem amigos na vida real dispostos a jogar Pikmin Bloom convosco, existe um conjunto adicional de funcionalidades que se abre para vocês: podem enviar-lhes postais e participar com eles em desafios semanais de passos e plantação de flores.
Para vos fazer voltar a Pikmin Bloom
recorrentemente, vários eventos temporários são realizados, que vos recompensam
com Decor Pikmin especiais. Por exemplo, no momento da publicação, encontra-se
ativo um evento temático de Pikmin 4 com Pikmin decorados de S. S. Beagle!
Existe também um diário que
reforça o papel de Pikmin Bloom como um companheiro do dia a dia. No final de
cada dia, o jogo pergunta-nos como correu o dia e sugere-nos escolher a foto mais
importante que tiramos nas últimas 24 horas. É enternecedor voltar atrás no
tempo e folhear este diário, vendo os locais por onde passamos e alguns dos
nossos acontecimentos marcantes eternizados neste registo organizado e fácil de
atualizar!
Com estes princípios, Pikmin
Bloom revela-se uma experiência muito mais relaxada e menos exigente do que o comum
jogo para smartphones. Cabe a vocês decidir a que nível querem interagir
com este título de realidade aumentada e, mesmo que tencionem aproveitar todas
as interações disponíveis na aplicação, nunca terão de passar mais de uns
minutinhos por dia nela. É precisamente por Pikmin Bloom ser tão pouco
intrusivo que ainda não me cansei do seu gameplay loop extremamente
simples. O fear of missing out, tão ubiquamente abusado pelos jogos com
microtransações, apenas se manifesta em Pikmin Bloom nos Decor Pikmin de evento,
que são surpreendentemente fáceis de desbloquear. Até a monetização é das menos
agressivas que encontrei num título free-to-play de telemóvel nos
últimos anos.
Depois de dois anos com Pikmin
Bloom, o principal e único dissabor da experiência é o limite de 300 Pikmin, que
eu tenho contornado expulsando os Pikmin não-Decor e contribuindo para a sua
certamente falta de autoestima e amor próprio. Tenho muito apreço pelos Pikmin,
mas uma pessoa tem de fazer escolhas difíceis quando as melhorias do
armazenamento custam 440 moedas, ou seja, requerem que plantemos 110 000 flores!
Ainda assim, há que notar que a
experiência de Pikmin Bloom desvia-se profundamente da dos jogos principais da
série. Ao contrário de Pokémon GO, que conseguiu integrar a captura de Pokémon,
as Leagues e os combates e troca entre jogadores no seu núcleo de jogabilidade,
a experiência de realidade aumentada de Pikmin nem tenta adaptar os elementos
de combate ou estratégia essenciais em todo o bom Pikmin mainline. Esta
mudança de foco em Pikmin Bloom não afeta a minha apreciação da aplicação;
todavia, fico aqui a imaginar a cara dos coitados que foram introduzidos à
série por este spin-off e, após comprarem um jogo principal da série
esperando uma experiência aconchegante e relaxada como Animal Crossing, veem os
seus Pikmin comidos, queimados, afogados, envenenados, eletrocutados, esmagados, congelados e a gemer de dor antes de soltarem o seu último suspiro!
Autor do Artigo: Tiago Sá
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