Análise | Street Fighter 6 - Uma Enorme Surpresa

 

Antes de começar esta análise, gostaria de citar que nunca fui muito fã de jogos de combate 2D. Desde os seus combos complexos, até às suas animações um pouco limitadas, todos esses aspetos deixavam-me de "nariz torcido" quando experimentava algum jogo do género. Quando me foi indicado analisar este jogo admito que fiquei de nariz torcido, com receio de não conseguir ganhar um único combate graças à exigência de sabermos os combos todos, à sua dificuldade ou até mesmo por não gostar das personagens e dos seus estilos de combate. Sim, eu sou um fan-boy dos Mortal Kombat de Playstation 2 e isso fazia-me ter receio de experimentar o novo título da série. Após umas boas horas de jogo e algumas surpresas, todas essas inseguranças tornaram-se em momentos de alegria, de espanto e de diversão. Claro que também houve momentos de frustração, nos quais quase me apeteceu partir o comando, mas isso faz parte. Sendo assim e sem grandes delongas dou ínicio à minha análise de Street Fighter 6.

Presumo que toda a gente saiba o que é Street Fighter certo? Bem, mas caso sejas um urso polar e hibernes 7 meses por ano eu passo a explicar. Street Fighter é uma série de jogos de combate em estilo 2D que teve o seu auge em 1987 com o Street Fighter II. Este que é para muitos o melhor jogo de luta alguma vez lançado, isto graças à sua enorme inovação, com a implementação dos tais combos complexos, e a sua adaptação às máquinas de arcade de 6 botões, controlos que ainda hoje são utilizados por muitos jogadores. 


E vocês agora questionam-se "Mas se a série é famosa pelos seus combos complexos e tu és um nabo, como é que conseguiste tirar proveito do jogo?". Ora bem, o jogo pela primeira vez apresenta a possibilidade entre escolhermos três tipos de controlos, o clássico, o moderno e o dinâmico. O modo clássico obriga aos jogadores a utilizarem as setas do controlo em simultâneo com os botões para efetuar (por outras palavras, são os controlos normais da série), o modo moderno permite aos jogadores efetuarem combos de forma mais simples e até mesmo os ataques especiais premindo apenas três botões ao mesmo tempo, já o modo dinâmico permite aos jogadores efetuarem combos somente clicando em apenas um botão. Algo que permite muitos jogadores menos experientes neste tipo de jogos divertirem-se o mesmo que os profissionais.

Para além desta nova opção de combate, o jogo introduziu também um estilo de combate bastante inovador e com novas mecânicas que alteram completamente a dinâmica de jogo. Foi acrescentado o Drive System, uma forma de tornar os combates mais intuitivos, isto porque este sistema funciona em auxilio em diversas situações ao longo do combate. Este sistema divide-se em 5 modalidades, Drive Impact, Drive Parry, Overdrive, Drive Rush e Drive Reversal. O Drive Impact consiste num ataque que curto alcance que impede qualquer ataque que o nosso inimigo esteja a fazer no momento ou mesmo que este esteja a defender-se. O Drive Parry repele qualquer ataque do nosso inimigo interrompendo assim até aqueles combos longos e que outrora seriam impossíveis de escapar. O Overdrive consiste num ataque especial (antigamente era designado de EX Special Moves). O Drive Rush permite ao lutador de dar um "parry" e utilizá-lo para efetuar um ataque. Por fim o Drive Reversal consiste num contra ataque que pode ser efetuado enquanto nos defendemos de um ataque inimigo. Contudo, estas habilidades têm um limite e o mesmo é representado numa barra que se encontra por baixo da barra de HP das personagens. Sempre que essa barra fica vazia, a personagem entra em burnout e com isso, não conseguirá efetuar habilidades especiais.



Para explicar como está desenvolvido o jogo tenho de mencionar que o jogo está dividido em três partes: Fighting Ground, World Tour e Battle Hub.

Fighting Ground

O Fighting Ground trata-se basicamente do conhecido modo por todos "Free Battle" no qual o jogador pode participar em lutas contra o CPU ou contra outro jogador com uma personagem à sua escolha (offline e online). Para além do conhecido por todos "Versus Mode", temos também o Practice Mode que permite treinarmos e melhorar as nossas aptidões com uma determinada personagem, o modo online, no qual podemos lutar em partidas Ranked e Casuais, o Extreme Match que consiste em combates com algumas variações especiais e por fim o modo Arcade que apresenta o já conhecido conceito de torre, no qual temos de derrotar 10 personagens e no final obtemos um excerto de história sobre a personagem que utilizámos. 

Quanto ao número de personagens, este é o suficiente, e entre das 18 personagens conseguimos encontrar diversas caras novas, assim como algumas mais conhecidas como Ryu, Ken, Chun-Li e até mesmo a nossa segunda personagem verde favorita (a seguir ao Shrek) Blanka. Todos estes com estilos de combate bastante variados e com personalidades bastante únicas.


World Tour

Não podiamos falar deste jogo sem referir o modo World Tour, o seu modo de história e na nossa opinião, um dos melhor trabalhados e bem conseguidos dentro do género. Este modo inicia-se com a criação de uma personagem e desde aí somos deparados com as milhares de opções e características que podemos alterar na nossa personagem. Desde roupa, grossura e tamanho dos membros, cabelo, cor dos olhos, entre muitas outras. De seguida somos introduzidos a Luke, uma das novas personagens da série e nosso treinador/mentor, assim como Bosch que seria de certa forma o nosso melhor amigo/maior inimigo (aquela relação de amor/ódio). De seguida somos apresentados a Metro City e aí a situação fica incrível. 


O mundo aberto é enorme, com inúmeros locais para ver, inúmeras lojas, e locais onde podemos comprar comida e consumíveis (que podem ser utilizados durante os combates) e bastantes locais que fazem lembrar cidades famosas e verdadeiras. O estilo de jogo que o Street Fighter sempre nos apresentou muda completamente a partir do momento que iniciamos a investigar este mundo aberto, com inúmeras missões principais que às vezes nem consistem em lutar com pessoas mas sim apenas apanhar algum objeto e devolver à pessoa, diversas missões secundárias espalhadas pelo mapa, vários npcs para conversar e um sistema de níveis que aumenta com a experiência que ganhamos, assim como os pontos de habilidade que podemos utilizar para fazer upgrade em algumas habilidades ou atributos da nossa personagem, parece mesmo que estamos perante um RPG e não um fighting game. Porém, este modo fica ainda mais interessante quando TODOS os NPCs que encontramos pelo nosso caminho podem ser desafiados para um combate. 

Para além desses aspetos conseguimos ainda encontrar diversas personagens do jogo que, se assim pretenderem, irão tornar-se em nossos mentores e com isso aprenderemos as suas habilidades, podemos viajar para outros países, usar fast travel para nos deslocarmos mais rápido e até mesmo personalizar as nossas habilidades ao nosso gosto. Arrisco-me a dizer que é talvez o jogo de combate com a melhor experiência em mundo aberto que alguma vez joguei.



Battle Hub

Por fim mas não menos importante temos o Battle Hub, que basicamente consiste numa "sala de convivio" onde os jogadores (com as suas personagens criadas) puderão lutar contra outros lutadores (via online), participar em torneios, comunicar e até jogar a jogos clássicos da Capcom como Street Fighter, Street Fighter II e até Final Fight. 

Quanto à performance do jogo, esta deixou um pouco a desejar. Na versão de PC (specs no final da análise) tivemos algumas quebras de fotogramas especialmente quando tinhamos combates em zonas mais movimentadas no mundo aberto. Outro problema que apresentou foi as inúmeras vezes que o jogo deu "crash" e tivemos de reiniciar o computador para voltar a jogar. De resto o jogo é lindo e todo o design tanto das personagens como do meio ambiente está muito bem trabalhado. Quanto à banda sonora e efeitos sonoros estes também têm uma excelente qualidade com músicas bastante boas. 


Conclusões

Apesar de não ser o maior fã da série Street Fighter, consigo ver um grande potêncial neste jogo e não é graças aos seus gráficos ou design das personagens pois a mesma sempre fez um excelente trabalho nestes aspetos. O verdadeiro ponto alto é sem dúvida no seu combate inovador e único, nos seus controlos que permitem a qualquer jogador aproveitar o jogo, sendo este experiente ou não e por fim mas não menos importante o modo história. São inúmeros os casos de jogos de combate que tentam fazer um modo de história deste género e nunca conseguem ser bem sucedidos. Street Fighter 6 é sem dúvida um jogo obrigatório tanto para os fãs da série, assim como para os fãs de jogos de combate de uma forma geral. Talvez um dos melhores dos últimos anos.


O melhor:

  • Um combate inovador e bastante apelativo;
  • Modo de história bastante bem trabalhado;
  • Gráficos lindos e uma banda sonora bastante boa;
  • Diversos modos de controlos.

O pior:

  • Alguns problemas de performance.

Pontuação do GameForces – 10/10



Título: Street Fighter 6
Desenvolvedora: Capcom
Publicadora: Capcom
Ano: 2023

Nota: Esta análise foi realizada com base na versão digital do jogo para PC, através de um código gentilmente cedido pela EcoPlay.



Specs do Computador:

  • AMD Ryzen 3 3300X
  • X470 Gaming Pro Max 4.0
  • 16gb DDR4 1066.4MHz
  • AMD Radeon RX 5600 XT 6Gb

Autor da Análise: Carlos Cabrita

Análise | Street Fighter 6 - Uma Enorme Surpresa Análise | Street Fighter 6 - Uma Enorme Surpresa Reviewed by Carlos Cabrita on junho 29, 2023 Rating: 5

Sem comentários:

Com tecnologia do Blogger.