Ocorreu um erro: eu não devia estar a participar nisto. Tenho bastante gosto em chegar ao final do ano e refletir nas experiências que desfrutei ao longo dos 12 meses anteriores... porém, em 2022, experimentei muito menos títulos do que desejaria. E mesmo que tivesse ao meu dispor todo o tempo do mundo, não seria fácil terminar todas as experiências promissoras que 2022 nos entregou!
Por isso, é garantido que as minhas escolhas não serão representativas da estrondosa série de lançamentos a que assistimos em 2022. É bastante provável que no futuro, após eu finalmente arranjar um tempinho para dedicar a Bayonetta 3, Mario + Rabbids: Sparks of Hope, God of War: Ragnarok e por aí fora, fique com a pulga atrás da orelha e deseje revirar este top de cima a baixo. Mas, se estão a ler isto, tal significa que cometi a decisão insensata de avançar com a publicação! Portanto, deixar-me-ei de rodeios e, tal como os meus colegas, escolherei os meus vencedores favoritos dentro de várias categorias, como se estivesse a fazer uma cerimónia de Game Awards nas traseiras da casa e a pedir à fada madrinha para ser um espetáculo de verdade.
GameForces Awards
Tiago Sá
Num jogo em que quase todas as personagens parecem condenadas à banalidade e previsibilidade, N é o maior sinal de vida e exerce o seu toque de Midas nos momentos da aventura em que surge.
No caso de Xenoblade Chronicles 3, estamos a falar de mais de cem músicas orquestradas, ora relaxantes e majestosas, ora bombásticas. Todas elas com sucesso engrandecem os pequenos e grandes momentos da história, os combates e as áreas que atravessamos, sendo indissociáveis da nossa experiência e recordações da jornada por Aionios.
A sua jogabilidade simples não é o foco, mas sim as escolhas que tomamos e os imprevisíveis desenvolvimentos que estas originam. É um título que nos motiva a experimentar e testar os limites da nossa liberdade dentro do corpo de Stanley, para que possamos descobrir de que forma mirabolante o narrador e o jogo responderão. E a recompensa atinge sempre o alvo, mantendo o jogo uma irreverência que subverte as nossas expectativas em todas as suas componentes - até nas conquistas!
Se o conteúdo base de The Stanley Parable é (positivamente) desarticulado, Ultra Deluxe introduz bastantes adições benéficas, incluindo uma sequência de peripécias que, mais do que melhorar e completar o pacote, lhe dá uma conclusão sem a qual seria difícil largarmos o jogo com paz de espírito.
Sem me querer repetir muito, Stanley Parable tem a capacidade de jogar com as nossas expectativas, de balançar diferentes tons, desde humor a alguma comiseração, e de explorar todo o tipo de temas, que vão desde a filosofia do livre-arbítrio às demandas e condições da indústria de videojogos.
Numa nota extra, gostava de dar um destaque especial a CHAOS;CHILD. Esta visual novel só chegou à Nintendo Switch em 2022; porém, como não apresenta quase nenhuma alteração em relação à sua versão de 2014, seria injusto considerá-la a melhor narrativa do ano. Ainda assim, queria destacar uma história que pega em todos os elementos distintivos do universo de CHAOS;HEAD NOAH e os desenvolve em direções fascinantes e totalmente inesperadas - um pouco como Phoenix Wright: Ace Attorney - Trials and Tribulations explorou ao máximo o potencial da família Fey.
Cada segundo do percurso foi um prazer (exceto Rusty Bucket Bay, admito), em mundos variados que conjugam na perfeição exploração e desafios de plataformas. Mesmo 20 anos após o lançamento, a jogabilidade e controlos permanecem excelentes, num jogo que não parece contemporâneo de Super Mario 64. Somando a qualidade da jogabilidade aos visuais detalhados, banda sonora energética, viva e memorável e à bizarria das personagens e locais, Banjo-Kazooie é nada menos do que mágico, tendo despertado e deliciado a criança em mim!
Durante cada segundo que desperdicei com Mario Strikers: Battle League Football, só pensava "Quem me dera estar a jogar Mario Strikers Charged Football". As personagens deixaram de ter características individuais distintivas na jogabilidade (e não, estatísticas de velocidade e força arbitrárias não contam), os estádios não possuem quaisquer mecânicas próprias, e a seleção de itens é anémica, resultando num jogo em que o charme Mario é cortado como se de banha indesejável se tratasse. Mas nem tudo foi perdido, porque para este jogo transitaram sem mazelas os dois grandes problemas de Mario Strikers Charged Football: a escassez de conteúdo para um jogador e as animações excessivamente demoradas dos remates especiais.
Nada redime Mario Strikers: Battle League Football, um jogo vazio de conteúdo e paixão, daqueles que parecem feitos apenas para preenchimento de quotas e não como expressão do entusiasmo e imaginação da equipa de desenvolvedores.
E mesmo uma das maiores críticas que tinha tecido na análise praticamente dissipou-se. Após incontáveis reproduções da banda sonora de Kirby and the Forgotten Land, peço desculpa por ter dito que as músicas estão aquém dos padrões da série. Pode ter demorado, mas composições como Fast-Flowing Waterworks e The Waste Where Life Began já se alojaram permanentemente como um parasita dentro da minha moleira.
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