Os videojogos são recorrentemente a primeira escolha de entretenimento de uma criança. Estes conseguem transmitir aos mais pequenos, emoção, desafio e controle, enquanto simultaneamente são recompensados com gráficos e áudio atraentes e realistas. Adicionalmente, os videojogos fazem com que estes socializem, compitam, cooperem e interajam com amigos, havendo inclusive vários estudos que sugerem que jogar traz muitos benefícios para o cérebro perante as condicionantes certas (algumas das quais abordaremos de seguida).
As crianças geralmente escolhem os seus jogos com base no que seus amigos ou colegas jogam. No entanto, existem algumas vantagens em escolhermos aquilo que o nosso filho joga. Para além de evitarmos o que consideramos inapropriado para eles, poderemos considerar quais as habilidades intelectuais que desejamos ver mais desenvolvidas com esta actividade. Adicionalmente, também podemos escolher um jogo que possam desfrutar com a família, tornando-se assim uma fonte de vínculo entre os pais e a criança.
Neste sentido, apresentamos de seguida algumas recomendações de como escolher o videojogo indicado para o vosso filho. Já anteriormente preparámos um artigo de alguns títulos que achamos adequados a crianças até aos 10 anos de idade. Contudo, neste mercado em constante evolução é sempre bom ter os conceitos base para realizar a operação de escolha mais adequada. São, de igual forma, apresentados os aspectos mais importantes a ter em consideração enquanto acompanham os vossos filhos nesta actividade.
1. Consulte um Médico Pediatra
A primeira e mais importante recomendação é confirmar com o pediatra que acompanha a criança, se esta pode (e em que termos) jogar videjogos. Existem diversas condições fisiológicas que podem por em risco a saúde do seu filho nesta actividade, devido às mecânicas associadas à experiencia. Desde ansiedade, passando pela depressão, obesidade ou problemas de sono, são diversas as situações que devem ser consideradas por um profissional de saúde. Lembre-se que acima de tudo está a saúde e bem-estar da criança,
2. Ler Análises
Uma das melhores formas de encontrar um jogo adequado para o seu filho é ler análises dos especialistas no meio. Basta procurar online pelo título em questão e facilmente encontrarão análises das mais variadas publicações. O objectivo desta recomendação é que tenha uma ideia mais aprofundada do que contar com determinado título. Normalmente, tais análises focam-se na experiencia que o jogo transmite, assim como a forma de como está produzido e possíveis falhas que apresenta. Isto ajudará a conseguir avaliar se a criança adequar-se-á bem ao título em questão.
3. Confirmar a Classificação
Certifique-se que a classificação dos jogos escolhidos estão de acordo com a idade do seu filho. Os jogos publicados em Portugal e vendidos em lojas físicas são classificados por idade usando o sistema de classificação PEGI. Este sistema pondera a classificação dos títulos em cinco categorias diferentes, sendo caracterizadas conforme abaixo:
- PEGI 3: Os jogos com esta classificação são considerados adequados para todas as faixas etárias. Alguma violência em contexto cómico ou num ambiente propício para crianças é aceitável, assim como a nudez quando mostrada de maneira completamente natural e não sexual, como a amamentação.
- PEGI 7: Qualquer jogo que normalmente seria classificado como PEGI 3, mas contendo cenas ou sons possivelmente assustadores, pode ser considerado adequado nesta categoria. É permitida um pouco mais de violência no PEGI 7. É sempre irreal e costuma ser direccionada a personagens de fantasia, embora possa também haver uma violência não realista muito leve para com os seres humanos.
- PEGI 12: Podem conter violência mais pormenorizada e de natureza realista contra personagens fictícias. No entanto, qualquer violência contra as personagens humanas deve parecer irrealista ou de menor impacto. Pode haver sequências de terror moderadas, como personagens em situações de perigo e sustos, assim como imagens perturbadoras, como ferimentos ou pessoas mortas visíveis.
Podem estar presentes formas mais brandas de palavrões, mas não os termos mais pesados. Embora não possam existir cenas de sexo, podem existir alusões sexuais e podem estar implícitas actividades sexuais (por exemplo, um casal a ir para a cama). - PEGI 16: Os jogos com uma classificação PEGI 16 podem conter violência realista e constante contra personagens humanas. Não são geralmente permitidas as formas mais fortes de violência, como tortura e uma incidência sobre dor e ferimentos, a menos que sejam contra personagens fictícias. Os jogos neste nível não mostram necessariamente quaisquer consequências negativas ao crime. Também pode haver sequências de terror intensas e constantes ou imagens sangrentas fortes.
Pode ser utilizada uma linguagem forte, incluindo os expletivos sexuais mais rudes. Pode haver actividade sexual, desde que os genitais não sejam visíveis. Podem incluir representações de nudez erótica. Pode haver representações do consumo de drogas ilegais, assim como o consumo visível de tabaco e álcool. - PEGI 18: Os jogos com uma classificação PEGI 18 podem conter conteúdo muito forte e só são adequados para adultos. Podem incluir tortura e a inflicção de dor intensa e ferimentos graves a personagens humanas. Também podem incluir violência contra personagens humanas indefesas ou vulneráveis, incluindo crianças. Também podem aparecer cenas de violência sexual e ameaças.
Pode ser utilizada uma linguagem muito forte e grosseira. Pode haver representações fortes de actividade sexual com os genitais visíveis. Os jogos com uma classificação PEGI 18 também podem incluir descrições detalhadas de técnicas criminais, assim como ensinar e glorificar as actividades de jogos a dinheiro, além de glorificar e promover o consumo de drogas ilegais.
4. Confirmem que o Jogo é Adequado à Vossa Plataforma
Certifiquem-se de que o vosso hardware pode suportar totalmente os jogos que escolherem. Vejam se o vosso PC cumpre com os requisitos mínimos de hardware do jogo, ou se a versão do jogo em questão é adequada à sua consola de jogos (como PlayStation e Xbox). É importante, portanto, estarem minimamente a par do equipamento que possuem e adquirir títulos numa loja que conte com colaboradores dedicados a esta área. Nas lojas digitais, normalmente as marcas indicam claramente qual a plataforma/equipamento para determinado título.
5. Partilhem o Jogo com a Criança
Uma boa maneira de entender o impacto de um videojogo no seu filho é passa-lo com ele, descobrindo como funciona, se é educativo e adequado para a criança. Assim que estiver mais familiarizado com o jogo, sentir-se-á mais à vontade em deixar o seu filho jogar sozinho e poderá escolher melhor da próxima vez que for comprar. Não podemos deixar de salientar este ponto: se os vossos filhos jogarem um videojogo, devemos monitorizar e observar activamente o que eles jogam!
6. Escolham de Acordo com o Interesse da Criança
Encontrar jogos que correspondam aos seus interesses, irá incentiva-los a desenvolver seu hobby favorito. Por exemplo, um jogo de futebol proporciona a oportunidade de praticar alguns aspectos do desporto fora do campo, jogos baseados em programas ou livros favoritos permitem que eles explorem seu mundo de fantasia favorito com mais detalhe. Devem, contudo, garantir que estes são apenas um complemento à actividade no mundo real e não o seu substituto! Alguns dos géneros mais populares da actualidade são:
- Jogos de estratégia – requerem planeamento, tomada de decisões estratégicas e gestão de recursos limitados com vista a um objectivo concreto;
- Jogo de tiro na primeira pessoa - requerem navegação espacial, coordenação olho-mão, teste de hipóteses para vencer;
- Jogos de RPG de ação – requerem um processo de tomada de decisão mais profundo, raciocínio indutivo e análise rápida.
7. Controlo do Tempo de Jogo
Providenciar limites ao seus filhos em relação aos videojogos, permite-lhes aproveitar a experiência de uma maneira mais apropriada. Existe toda uma expectativa (e por vezes ansiedade) criada por eles que nós, enquanto parentes, conseguiremos aproveitar enquanto ferramente educativa. O jogo nunca deve vir antes das responsabilidades em casa, trabalhos escolares, tempo com a família ou actividades extracurriculares. Para a maioria das crianças e adolescentes, 60 a 90 minutos por dia de a jogar (após outras responsabilidades terem sido cumpridas) é mais do que suficiente
8. Evitem o Vicio nos Videojogos
Um pouco na sequência da recomendação anterior, devemos evitar a promoção de títulos apoiados em doutrinas que potenciem o vício nos videojogos. A maioria das crianças não consegue estabelecer limites apropriados para o tempo de jogo, nem consegue ver a importância de ter um equilíbrio saudável de várias actividades nas suas vidas. Isto é normal, como tal, os pais devem assumir a responsabilidade de manter os hábitos associados aos videojogos sob controle. Nunca permita que um computador ou sistema de jogos no quarto de uma criança e se eles estiverem mostrando sinais de jogo obsessivo, não os ignore – contacte um profissional de saúde imediatamente.
9. Escolham uma Variedade de Videojogos
Escolha uma variedade de jogos, para que os seus filhos possam desfrutar tanto de jogos educativos quanto de jogos puramente divertidos. Isso dar-lhes-á a oportunidade de saciar sua paixão por jogos, enquanto cultivam algo positivo.
10. Recomendações Mais Peculiares
Algumas mais recomendações que podem tomar em consideração:
- Decidir a escolha de um videojogo, baseando-se no nível de violência é perfeitamente viável. Contudo, deve certificar-se que as crianças percebam o porque de determinado título não ser adequado para eles. Não obstante, existem inúmeros jogos e géneros que em nada consideram elementos violentos.
- Por vezes, a parte “obscura” do jogo está escondida nas fases mais avançadas. Quer sejam picos de dificuldade dos níveis, ou eventos mais maduros, é possível que ocorram numa fase mais avançada do jogo. Não deixe de supervisionar seu filho.
- Considere o nível de maturidade dos seus filhos para determinar quais jogos são adequados para eles. A idade cronológica não é necessariamente uma medida de maturidade.
- Escolha jogos que priorizem a exigência em o jogador criar estratégias e tomar decisões num ambiente de jogo mais complexo, face à resolução de situações recorrendo à violência (por vezes demasiado gratuita) nos videojogos actuais.
- Procure jogos envolvendo vários jogadores (preferencialmente localmente) para incentivar o jogo em grupo.
- Embora a classificação PEGI seja uma boa indicação da adequação à idade de um jogo em particular, lembre-se que para jogos online, a interacção com jogadores online pode expor seu filho a pessoas que podem usar linguagem inadequada com ele.
Escolher videojogos pode ser difícil para os pais que não estão familiarizados com o mercado e tecnologia. Incentivar uma actividade social, jogando com eles, permitindo que interajam com títulos baseados nos seus hobbies favoritos e garantindo que os jogos nunca cheguem antes das actividades saudáveis do mundo real, é do melhor interesse da criança e dos pais.
Recomendações na Escolha de Videojogos para Crianças
Reviewed by Carlos Silva
on
maio 02, 2022
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