Já perdemos a conta de quantos jogos sobre super-heróis, dos mais variados universos, fracassaram nos seus lançamentos ou nunca chegaram a ver a luz do dia derivado do seu potencial limitado. Contudo existem alguns realmente bons e Marvel's Guardians of the Galaxy, desenvolvido pela Eidos Montréal e lançado pela Square Enix, é sem dúvida alguma um deles. Interessantemente, esta é a mesma casa que nos trouxe um dos muitos fracassos do universo Marvel (Marvel's Avengers).
Marvel's Guardians of the Galaxy leva-nos a uma aventura nunca antes apresentada em qualquer banda desenhada ou filme. Nesta, os nossos 5 heróis irão encontrar-se com novos e antigos vilões da série, viajar por diversos planetas, cometer loucuras e lutar contra enormes quantidades de inimigos. Até aqui nada de novo, tratando-se de uma aventura dos Guardiões da Galáxia, porém, o que torna realmente esta aventura única é a forma INCRÍVEL de como conseguiram trazer e apresentar esta aventura para os jogadores. Apesar de ser de forma linear, inclui diversos aspetos onde teremos de fazer escolhas, que ainda que não influenciam o final do jogo, irão ter impacto no desenrolar da história
Nesta aventura controlamos apenas um dos elementos do grupo, mais particularmente Peter Quill (ou Star-Lord para os mais chegados à série), porém todos os outros acompanham-nos ao longo da narrativa. Não conseguimos deixar de realçar um dos melhor pontos desta experiência, que passa pela dinâmica dentro do grupo e enorme interação entre as diversas personagens. Cada elemento tem as suas habilidades, que tanto podem ser utilizadas dentro ou fora do combate. Drax consegue carregar objetos grandes ou destruir paredes que estejam em mau estado, Rocket consegue entrar em pequenos túneis para abrir caminho e hackear algumas portas que estejam trancadas, Gamora consegue usar a sua espada para cortar objetos que estejam a impedir a nossa passagem e ajudar-nos a subir algumas paredes mais altas e Groot consegue criar pontes e levantar plataformas para nos ajudar a chegar a sítios mais altos. Este aspeto leva-nos a um sentimento cativante de cooperação e utilidade prática para todos os membros com quem lidaremos ao longo de toda a aventura. Como que cada um estivesse a contribuir para "levar este navio a bom porto".
O combate é bastante simples e não apresenta nada de muito inovador face ao que estamos habituados a ver em outros jogos, contudo é de salientar o excelente trabalho que fizeram em utilizar algumas das novas funções do Dualsense, em particular durante os disparos onde conseguimos sentir o gatilho das pistolas no R2. Conseguimos, inclusive, saltar, esquivar e mandar os nossos companheiros efetuarem uma das suas habilidades no inimigo que nós indicarmos.
O jogo apresenta também uns pequenos elementos de RPG no qual iremos receber experiência sempre que terminamos uma luta, onde a quantidade de experiência que recebemos irá depender do nosso desempenho durante as mesmas. Sempre que obtivermos certas quantidades de experiência iremos receber 1 ponto que poderá ser utilizado para adquirir habilidades para as lutas. Cada personagem tem um total de 4 habilidades de luta, e todas elas são diferentes e causam impactos diferentes nos inimigos. Em particular, Star-Lord, para além das suas habilidades, tem também as duas pistolas que tanto efetuam disparos normais como têm uns disparos especiais. Para além disso também conseguimos adquirir equipamento ou melhorar as nossas armas com alguma da sucata que vamos encontrando ao longo do jogo (uma atividade que apenas poderá ser efetuada nas mesas de trabalho).
Salientamos ainda uma das habilidades presentes no jogo: a "reunião". Nesta, Peter Quill chama os restantes elementos do grupo para os motivar, ouvindo o que têm a dizer e apresentando uma resposta digna para que estes se motivem. Se respondermos de forma adequada todos recebem um bónus de ataque, em contra partida se respondermos incorretamente apenas nós teremos esse bónus. Independentemente das respostas todos os elementos do grupo irão receber vida. Este elemento é uma ótima forma de apresentar uma caracterização mais profunda das diversas personagens, ajudando imenso em criar uma atmosfera mais associativa com o jogador.
A história está dividida em capítulos, sendo a nave espacial, The Milano, o ponto de partida de grande partes destes. Nela conseguiremos interagir com os outros elementos do grupo, colocar ou trocar a música de fundo, ou até mesmo tomar um banho quente. Uma vez que se trata de um jogo por capítulos, não conseguimos viajar entre os planetas livremente ou viajar com a nave espacial pelo universo como desejarmos. Este aspeto deixou muita gente de pé atrás (muito em parte graças à enorme má fama que muitos jogos lineares têm de se tornarem aborrecidos com o passar do tempo), porém este não é o caso. Graças a mundos que estão muito bem construídos e contando com diversas coisas para interagir ou colecionar (desde objetos de coleção, gravações com texto ou fatos) e acima de tudo a enorme evolução que vamos presenciando entre os nossos protagonistas, tudo funciona em harmonia para ajudar a que o jogo não se torne repetitivo e muito menos aborrecido.
Quanto à parte gráfica e sonora, apesar de haver um pequeno problema numa personagem onde a mesma não tem a animação labial sincronizada com a voz, todas as restantes personagens encontram se bem desenhadas e vocalizadas com imenso pormenor. Durante o jogo conseguimos ver alguns bugs que tanto podem ser um objeto ganhar vida e começar a mexer-se aleatoriamente como a nossa personagem entrar no "limbo" ou até mesmo os inimigos desaparecerem e assim as cenas de combate não terminarem, contudo foram bugs que apenas ocorreram uma vez.
No que se refere à componente sonora, esta é sem dúvida o ponto mais alto do jogo uma vez que está repleta de músicas originais e de rock icónicas dos anos 80 que nos acompanham tanto na nossa nave, como após efetuarmos a tal "reunião", ou mesmo em diversas cenas de Acão. Efetivamente uma componente memorável e que ajuda a englobar todos os elementos desta experiencia, potenciado aquilo que é transmitido ao jogador.
Conclusão
Marvel's Guardians of the Galaxy é sem dúvida alguma um exemplo de como se deve lançar um jogo baseado em heróis do universo Marvel, revelando que a Square Enix aprendeu com os erros do passado. Salientamos em particular a sua excelente narrativa, uma interação entre as personagens de outro mundo contando com milhares e milhares de linhas de diálogo e uma banda sonora de luxo e verdadeiramente marcante.
Ainda assim, o seu combate pouco inovador e alguns pequenos bugs que podem enervar os jogadores, tendem a impedir que este jogo seja classificado como uma obra-prima. Não obstante, Marvel's Guardians of the Galaxy é um jogo obrigatório para todos os fãs de heróis e para aqueles que querem entrar neste universo.
O melhor:
O pior:
Título: Marvel Guardians of the Galaxy
Desenvolvedora: Eidos Montréal
Publicadora: Square Enix
Ano: 2021
Autor: Carlos Cabrita
- Uma história única e muito bem estruturada;
- A perfeita interação entre as personagens;
- A banda sonora impactante durante toda a história.
O pior:
- Combate bastante simples;
- Alguns bugs que podem se tornar chatos.
Nota do GameForces: 9/10
Desenvolvedora: Eidos Montréal
Publicadora: Square Enix
Ano: 2021
Autor: Carlos Cabrita
Marvel's Guardians of the Galaxy [PS5] - Será "Só" Mais um Jogo de Heróis?
Reviewed by Carlos Cabrita
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dezembro 11, 2021
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