Ultra Age [PS5] - Sete Dias em Cinco Horas


Imagina-te saber que só tinhas 7 dias de vida, mas ao fazer algo, aparentemente inocente, poderias ter vida eterna. Será que farias tudo ao teu alcance para alcançar o objetivo, ou haveria alguma "linha" que não cruzarias? As tuas decisões morais seriam postas em check?

É esta a premissa que Ultra age parece querer demonstrar inicialmente quando nos apresenta o nosso personagem. Estamos no ano 3174 AD, assumindo o protagonismo de Age, um explorador que lhe foi incumbida a missão de coletar uma relíquia com mais de 1000 anos, localizada num planeta desconhecido. Ao completar esta tarefa ser-lhe-á dado a vida eterna, contudo se não a concretizar só tem 7 dias para viver. De facto as informações disponíveis no inicio são muito vagas, principalmente no que se refere aos motivos desta missão ou o "background" do nosso protagonista. Estas poucas informações vão sendo providenciadas aleatoriamente durante o decorrer do nosso percurso de jogo pelo nosso companheiro de aventuras. Helvis é um robot com uma IA bastante desenvolvida, que vai inclusive largando algumas frases humorísticas para criar um ambiente mais leve, usando as mesmas até para dar a conhecer um pouco a personalidade de Age.



A história até demonstra um enredo bastante promissor, com a realidade inserida de termos "os dias contados", contudo acaba por não contar com uma integração sólida com o gameplay, visto que a contagem decrescente só acontece ao avançarmos na história. Consequentemente, revela-se mais como uma oportunidade perdida de criar uma plot gimmick que poderia influenciar e ter peso no nosso modo de jogar (um modo mais calmo e exploratório ou um estilo mais acelerado). Infelizmente Ultra Age também peca pela sua brevidade (possível de ser completado em apenas 5 horas), que associado ao fato de não termos muitas informações sobre o enredo, deixa o sentimento de ser uma experiência mais curta que o desejado. Sobre este ponto acreditamos que o título beneficiaria na adição de um modo NewGame+, que apesar de não acrescentar nada de novo, poderia ter a opção de aumento de dificuldade ou providenciar a oportunidade adicional aos jogadores mais dedicados de apanhar todos os coleccionáveis possíveis.

Continuando no desenrolar do jogo, recuperamos a relíquia pretendida e um membro do nosso grupo subitamente aparece atacando-nos para roubar a relíquia. No meio deste confronto a nossa oponente parte a nossa espada, o nosso amigo Helvis é destruído e Age cai numa ravina. Após recuperar a consciência percebemos que o AI de Helvis passou para a relíquia, ganhando poderes. E é sobre essas habilidades que a dinâmica de Ultra Age se baseia para as armas de combate.



Helvis ganha a capacidade de absorver cristais e transformá-los em espadas para o nosso protagonista, sendo que cada tipo de cristal representa um estilo de espada diferente (que por sua vez tem eficácias diferentes para cada tipo de inimigos). Estas armas vão-se deteriorando com o uso e cabe-nos usar uma das habilidades de Helvis para avançarmos o tempo, com vista aos cristais estarem novamente disponíveis para absorção. Contudo, este fator é um contrassenso com a história derivado à janela do tempo que supostamente temos. O mesmo acontece quando o nosso personagem morre num combate, aparece um ícone do tempo a avançar mas que novamente não tem qualquer significado pratico. Poderia ter sido usado a dinâmica do controle do tempo, mas para retroceder, um detalhe simples que faria todo o sentido inclusive criando uma necessidade de perceção de tempo ao jogador.

Todas estas espadas e habilidades, tanto as nossas como as dos nossos companheiros, podem ser melhoradas. Nomeadamente no que se refere a um aumento de combos, durabilidade das armas ou é possivel até desbloquear novos ataques quando derrotarmos inimigos (que ao morrerem deixam cair pontos para evolução das mesmas). Efectivamente os combates são um dos pontos fortes, onde Ultra Age se destaca e provendencia momentos de excelente diversão.



São combates "Ultra" acelerados no sentido de movimentos, um pouco semelhante à saga Devil May Cry. Aqui contamos com frenéticos movimentos de espada e diversos combos para utilizarmos, esquivas onde o nosso personagem teletransporta-se uns centímetros mais à frente, duplo saltos ou mesmo usando um item parecido com um chicote que nos ajuda a puxar um inimigo mais pequeno ou a catapultar-nos contra um de porte maior. Existem diversos géneros de inimigos, desde diferentes tipos de robots, a animais semelhantes a lobos gigantes ou mesmo pássaros (denotando alguma inspiração na franquia Monster Hunter).

Tudo isto acontece em movimentos bastante fluidos sem qualquer quebra de frames, mesmo durante combates com um acréscimo de inimigos. Em termos de dificuldade, demorámos alguns combates a perceber as dinâmicas apresentadas mas após isso tornou-se uma experiência bastante gratificante e interessante. As lutas contra os bosses requerem uma estratégia e análise de padrões de combate, sendo que alguns deles possuem inclusive um ponto fraco que tivemos que explorar para conseguirmos obter dano significativo e assim derrotá-lo. Os próprios efeitos sonoros dos inimigos estão bastante interessantes, os rugidos ou os movimentos mecânicos dos robôs acrescentam ainda mais valor aos combates.



Em termos visuais contudo Ultra Age revela-se com o uma experiência ambígua que nos leva a uma desilusão crescente ao longo do tempo de jogo. Inicialmente contamos com toda uma área bastante detalhada e desenvolvida com um aspecto gráfico apelativo, onde a própria mudança de camara está bastante bem conseguida com certos pontos dos mapas numa perspectiva 2D, onde voltamos a sentir uma inspiração (a prestigiada saga Nier). Contudo, todos estes detalhes inicias parecem começar a desvanecer-se com o desenrolar dos cenários, chegando mesmo ao ponto de certas texturas de paredes estarem completamente despidas deixando-nos com um sentimento de desmazelo ou de pressa para lançar Ultra Age.
 


Conclusão


A Visual Dart e a Next Stage têm em Ultra Age um diamante em bruto, trasnmitindo o sentimento de não ter sido lapidado suficientemente.. Ultra Age, revela-se então como um título com uma premissa interessante com um sistema de combate bastante gratificante, mas com alguns problemas sérios em pontos fulcrais da experiência. Por este motivo é que não conseguimos em boa consciência afirmar que não mancham a experiencia no seu global.

Ainda assim, Acreditamos que se alguma vez existir um "Ultra Age 2" (até porque após os créditos finais sugerem isso mesmo) possamos ver esta saga num panorama de maior destaque no ramo dos videojogos.



O Melhor:
  • Dinâmicas de combate
  • Premissa da história
  • Cenários iniciais

O Pior:
  • Contrassenso no enredo
  • Cenários após a fase inicial
  • Jogo bastante curto

Pontuação do GameForces – 6.5/10


 
Título: Ultra Age
Desenvolvedora: 
Visual Dart, Next Stage
Publicadora: 
DAGEN Entertainment
Ano: 2021


Nota: Esta análise foi realizada com base na versão digital do jogo para a PS5, através de um código gentilmente cedido pela DAGEN Entertainment
 


Autor da Análise: Filipe Martins
Ultra Age [PS5] - Sete Dias em Cinco Horas Ultra Age [PS5] - Sete Dias em Cinco Horas Reviewed by Filipe Martins on setembro 25, 2021 Rating: 5

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