Desde o lançamento inaugural da série Disgaea pela mão da Nippon Ichi Software em 2003, os fãs da saga são presenteados
por um misto de jogos de estratégia e RPG, gráficos de anime e um script
excelente. Após cerca de 20 anos de lançamentos e sequelas, Disgaea 6 apresenta
agora o maior desafio desta saga: passar de um visual 2D para 3D.
No que diz respeito a RPGs de estratégia, esta é certamente uma das
franquias mais estranhas que surgiram nos anos 2000, ficando bastante conhecida
pela comédia e clichés de animes que utilizavam com vista a oferecer uma
experiência diferenciada em relação aos demais.
Para reforçar esta mesma ideia de exagero e comédia, Disgaea 6: Defiance of
Destiny decide entregar-se por completo à loucura que a série sempre emanava.
Neste título, tudo está na casa dos milhares, como por exemplo a quantidade de dano
inflingida, níveis de personagens e status. Esta mudança sem sombra de dúvidas
faz com que este seja um RPG bastante diferente de todos os outros e super
divertido.
Quando falamos desta saga não podemos deixar de mencionar todo o enredo que se encontra criado para a mesma. Neste título seguimos as aventuras do protagonista Zed, um zombie que procura derrotar o novo Deus da Destruição (considerado o mais forte de todos). Curiosamente, toda a narrativa decorre num formato de flashback onde o nosso protagonista conta aos membros da Dark Assembly do Netherworld como tudo aconteceu.
Na sua história Zed, conta ao membros da assembleia que nasceu como uma criatura fraca e acaba sendo morto facilmente pelo Deus da Destruição. Contudo, com a ajuda do seu fiel companheiro Cerberus (um cão zombie, que diz ter sido um super sábio enquanto era vivo), o nosso protagonista é ressuscitado usando o poder do feitiço Super Reincarnation, que o faz ficar mais forte de cada vez que este é devolvido ao mundo dos vivos.
Deste modo, o enredo da aventura segue as peripécias do nosso protagonista e as suas batalhas contra o deus, morrendo e ressuscitando a cada duelo. Esta demanda decorre ao longo dos 15 capítulos, durante os quais o nosso zombie ganhará aliados, onde todos juntos vão evoluindo como um grupo até conseguirem finalmente completar o seu objectivo.
Enquanto no início a motivação para o nosso personagem em derrotar o Deus da Destruição, parece ser apenas uma forma de obter poder para si mesmo, no decorrer do jogo é revelada a razão da sua obcessão com o monstro, que acaba por se revelar ser um pouco mais do que apenas uma forma de obter mais poder.
Durante toda a história, o jogador pode notar que a mesma utiliza bastantes clichés de animes, à semelhança dos títulos anteriores. Em termos gerais de história e para os amantes da saga, esta é cativante; ainda assim, por vezes torna-se estranha demais e pode acabar por não agradar aqueles que não gostem desta direção.
No que diz respeito à jogabilidade existem alguns factores dignos de notar. Neste caso, a fórmula básica é muito similar à de tantos outros RPGs tácticos, com o jogador a coordenar as lutas por turnos numa grelha que caracteriza o campo de batalha. Contudo, este jogo destaca-se no sentido de valorizar bastante todos os efeitos especiais de modo a entregar uma experiência, no mínimo, curiosa ao jogador.
Expandindo um pouco sobe este tema, e sendo que é fundamentalmente a mesma base de títulos anteriores da série, a formula da jogabilidade é facilmente perceptível neste mais recente lançamento da saga. Notoriamente, a utilização da mesma premissa dos títulos anteriores poderá revelar-se como uma mais-valia para muitos dos jogadores (pois não se mexe no que funciona bem!), mas por outro lado alguns poderão encarar como uma situação algo repetitiva ou que denote falta de “coragem” em arriscar a evoluir ou mesmo reformular o conceito existente.
Uma das características desta saga é a possibilidade das personagens conseguirem alcançar altos números de poder de ataque, assim como níveis extremamente estúpidos como Lv.9,999. Disgaea 6: Defiance of Destiny usa esse mesmo elemento tradicional do design da saga e simplesmente eleva-o a um nível extremo de loucura engraçada.
Antes de finalizar o primeiro capítulo, as nossas personagens já poderão causar dezenas de milhares de pontos de dano, ainda que o mesmo aconteça com os nossos inimigos! Desta forma é bem claro para o jogador o que este poderá esperar no decorrer do restante titulo: Não somente uma aventura, como também uma competição para determinar quem atinge primeiro o número maior!
Uma outra característica existente neste título é a mecânica denominada de “Super Reencarnação”. Esse é um sistema disponibilizado ao jogador e que serve para fazer um reset ao nível de uma personagem, oferecendo pontos bónus nos status do mesmo. Para além disso, com o uso repetitivo deste sistema poderemos obter companheiros cada vez mais poderosos.
Este sistema representa, portanto, uma versão moderna e bem mais eficaz da tradicional reencarnação. Ainda assim, no que se refere à evolução das personagens, existem outras formas disponíveis dentro do jogo. Ao longo da nossa história será desbloqueado o modo Juice Bar, uma loja ingame que nos permite trocar experiência por pontos extras para melhorar os demónios. Adicionalmente, para além desta loja, existe também a loja normal onde poderemos comprar vários itens e armas para os nossos personagens.
Por incentivar o uso da Super Reencarnação fazendo com que os nossos personagens se tornem cada vez mais fortes, o combate de Disgaea 6 acaba por se tornar um pouco monótono. Com isto os jogadores acabam por entender que não é necessário elaborar quaisquer tipo de estratégias mortais, bastando apenas ter personagens com grandes valores nos seus status e colocá-los no campo de batalhar.
Para contrapor um pouco esta questão, a própria desenvolvedora introduziu uma opção de batalha automática que resolve bem qualquer batalha que possamos encontrar.
Por fim, iremos abordar um último ponto referente à jogabilidade: A Dark Assembly. À semelhança do que aconteceu no passado, é possível passar pedidos pelos senadores para ganhar bónus e habilitar novos personagens. Outro menu que voltou foi o Cheat Shop, adicionado no relançamento de Disgaea 4 na Playstation Vita, permitindo que o jogador altere certas opções para ajudar ou atrapalhar na jogabilidade (por exemplo mais experiência ou inimigos mais poderosos).
Disgaea 6: Defiance of Destiny oferece aos jogadores bastantes opções em relação ao seu sistema de jogabilidade. Infelizmente, a maioria encontra-se bloqueada no início e demora algum tempo até ser possível utilizar estas mesmas opções por completo. Felizmente, o jogo alerta-nos sempre que desbloqueamos algo novo e que tal opção está finalmente disponível para ser utilizada.
Deixando um pouco o tema de gameplay e opções ingame, falemos agora do aspecto visual e áudio deste titulo. Disgaea sempre foi uma saga bem conhecida por utilizar sprites 2D e apresentar bons visuais que não afectam a estabilidade dos seus títulos. Neste novo titulo, a produtora decidiu apostar totalmente num visual 3D, algo que certamente causa alguma diferença ao início, principalmente se estivermos habituados aos títulos anteriores.
Certamente que esta alteração em si apresenta alguma evolução em termos visuais, mas que subjectivamente poderá ser bom ou mau, dependendo do jogador em si. Nomeadamente, esta alteração tem grandes impactos no que se refere à fluidez gráfica e taxa de fonogramas, principalmente no modo portátil onde é possível verificar uma maior quebra.
Cabe-nos também ressalvar que este título oferece três opções aos jogadores de forma a aproveitarem o jogo. O primeiro é focado em performance, sacrificando gráficos e visuais para permitir o jogo corra mais fluidamente, enquanto o segundo é focado em oferecer bons efeitos e uma boa resolução. Por fim, temos uma opção que equilibra ambos.
Para além das animações de batalha, tudo o resto é bastante simplista na sua apresentação. Existem apenas duas animações básicas durante a totalidade das cutscenes e a maior parte das cenas do jogo ocorrem num formato de visual novel, ou apenas mostrando imagens dos personagens parados.
Por último, mas não menos importante, os efeitos sonoros estão bastante bem conseguidos. Toda a banda sonora é cativante e ajuda a manter o ritmo e envolver as diversas valências do jogo. Salientamos ainda a possibilidade de seleccionar vozes em inglês ou japonesas, ambas com boas prestações dos actores que realizaram as interpretações. Contudo, depois de algum tempo pode tornar-se repetitivo ouvir as mesmas 3 linhas de diálogos sempre que um ataque é realizado!
Conclusão
Disgaea 6: Defiance of Destiny é um bom título, mas que pode acabar por deixar alguns jogadores um pouco confusos com todo o foco em alcançar números grandes e status. O combate aqui é algo bastante simples, que poderia ser melhorado e que não envolve muita estratégia. Desta forma, para aqueles que esperam momentos de calma e pensamento não os vão encontrar neste título.
A história também é bem divertida e muito baseada em clichês encontrados em animes, como poder da amizade, o protagonista obcecado com as lutas e personagens com apenas uma personalidade. Apenas os verdadeiros fãs da cultura otaku conseguirão apreciar a história e muitas das referências em personagens e itens que Disgaea 6 oferece.
O Melhor:
- Ótimo visual e banda sonora;
- Excelente referências e inspirações em animes;
- Sistema de super reencarnação é muito bom;
- Boas melhorias a fórmula tradicional.
O Pior:
- Modo Handheld com falhas de performance;
- Combate pode ser muito fácil;
- Modelos 3D possuem poucas animações.
Pontuação do GameForces – 8/10
Título: Disgaea 6: Defiance Of Destiny
Desenvolvedora: Nippon Ichi Software
Publicadora: NIS America
Ano: 2021
Ano: 2021
Nota: Esta análise foi realizada com base na versão digital do jogo para a Nintendo Switch, através de um código gentilmente cedido pela NIS America.
Autor da Análise: Bruno Ferreira
[Análise] Disgaea 6: Defiance Of Destiny [NSW]
Reviewed by Bruno Ferreira
on
julho 03, 2021
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