Ao longo do ano 2020 foram vários os jogos anunciados para as consolas de próxima geração, entre eles Werewolf: The Apocalypse – Earthblood. Este foi um jogo que capturou a nossa atenção desde o início e sempre nos deixou curiosos em saber como seria um RPG focado numa das criaturas místicas mais cativantes para nós e o publico em geral.
As nossas expectativas não eram propriamente muito altas (nem muito baixas, convenhamos!), contudo existia uma curiosidade e ansiedade que nos levava a querer experimentar este título. Quando tivemos a oportunidade de o jogar, devemos afirmar peremptoriamente que ficamos desiludidos por o título não ir ao encontro às megeras expectativas criadas.
Em
primeiro lugar é necessário compreender que os lobisomens presentes ao longo do
jogo não são os Lobisomens tradicionais que estamos habituados a ver em outros jogos, filmes
ou livros. Em Werewolf: The Apocalypse – Earthblood, os lobisomens são
criaturas conhecidas por Garou’s, criadas a partir de humanos, lobos e
espíritos. Podemos inclusive considerar que a presença de espíritos ao longo do
jogo destaca-se por acrescentar algo mais aos lobisomens tradicionais.
A narrativa
em si segue os eventos participados por Cahal, um Garou que faz parte de uma
matilha constituída pela sua mulher, filha e amigos de longa data. Trata-se de
um grupo heterogéneo, tanto composto por lobisomens como por humanos, que têm
como objetivo comum lutar contra a Endron, uma corporação que se foca em ocupar
o território dos Lobisomens e em derrotá-los.
No
geral esta é uma história um pouco aborrecida e todas as missões principais
focam-se em enfraquecer a Endron, vom vista a eventual conseguirem chegar a um estado em que a possam derrotar. Existem algumas
reviravoltas na narrativa levando o jogador a ficar um pouco mais entusiasmado.
Contudo não é algo que torne o enredo cativante ao longo de toda a experiencia.
Além
destas reviravoltas, que procuram desesperadamente reanimar a narrativa, existe também a
possibilidade de escolher o que queremos perguntar ou responder nos diversos
diálogos presentes ao longo da história. Contudo, nem esta liberdade de
escolha, torna os diálogos interessantes. Na verdade, tanto o diálogo em si
como as opções de fala pouco acrescentam à narrativa envolvente, nem tão pouco
afectam significativamente o percurso da demanda de Cahal.
Também numa tentativa falhada de acrescentar algo mais ao enredo, existem as missões secundárias que inserem os espíritos e o seu mundo na história. Porém, estas missões são aborrecidas e não trazem nada de entusiasmante. A única vantagem de as fazer são os diversos pontos de habilidade que ganhamos e que são usados para gastar numa pequena árvore de habilidades.
No que toca à jogabilidade esta é bastante interessante e entusiasmante ao início. Cahal pode assumir 3 formas: a forma de humano que o permite interagir com outros humanos e objectos; a forma de lupino que o permite correr mais rápido e ser mais silencioso; e a forma final de lobisomem que serve para os momentos de combate.
A
forma de lupino é sobretudo usada para percorrer as diversas áreas em que a
ação se desenrola e para tentar controlar algumas áreas de uma forma silenciosa
e sem ser detetado. Porém, o “Stealth” neste jogo não é equilibrado,
reflectindo que o jogador nem sempre tem a abertura de decisão em como abordar
os diversos desafios impostos. Exemplificando, a abordagem silenciosa ou é
muito fácil de se fazer ou impossível, não existe um meio-termo. Desta forma o
jogador não tem outra opção a não ser assumir o combate caótico.
Já
na sua terceira forma, Cahal transforma-se num poderoso lobisomem que pode
assumir duas posições: uma posição mais ágil que prioritiza a velocidade e
sacrifica a resistência ao dano, ou então uma posição que sacrifica a
velocidade e se foca na resistência. Estas duas opções permitem o jogador
adotar a melhor posição consoante os diversos inimigos.
O
combate está dividido em duas partes: as diversas habilidades que mudam
consoante a posição assumida (que podem evoluir com pontos de habilidade) e o
combate corpo a corpo. Embora seja uma ideia bastante interessante, não está
muito bem aprofundada ou implementada. Esta observação advém principalmente de,
apesar de existir uma diferença entre as habilidades, consoante a posição
assumida, o combate foca-se sempre no corpo a corpo, sendo que elas só são
usadas algumas vezes para derrotar inimigos mais complicados.
Todos
estes aspectos traduzem-se numa mecânica de luta ou combate corpo a corpo focada
em “esmagar” 3 botões. A ausência de combos ou ataques mais complexos e
encandeados, torna o combate repetitivo e a certa altura, aborrecido.
Em
relação aos inimigos, não há grande variedade no início do jogo e todos eles
são bastante fáceis de derrotar. Mais tarde, após uma reviravolta na narrativa,
passa a existir uma maior variedade de inimigos e alguns torna-se um pouco mais
difíceis de derrotar. Contudo, este efeito apresenta a sensação de “Too little,
too late”, o que se traduz num jogo não muito desafiante, excepto em uma ou
outra boss fight.
Finalmente,
a nível de grafismo este é um jogo que possui gráficos simplesmente horríveis
deixando uma sensação de desconforto e fazendo com que qualquer um sinta que
está a jogar numa Playstation 2, mesmo que o jogo seja jogado numa PS5 ou numa
Xbox Series X
Algo que também nos deixou desconfortável foram os NPC´s que, para além denotarem algum descuidado na sua modelação, não aparentam conseguir transmitir qualquer tipo de expressão e personalidade.
Apesar de tudo , este título destaca-se por ter uma banda sonora bastante boa e que encaixa perfeitamente no estilo de jogo produzindo um agradável sentimento de gratificação para o jogador. Com um estilo de jogo focado no "esmagar" de 3 botões e num combate corpo a corpo caótico, a banda sonora faz qualquer um sentir-se na pele de Cahal.
Concluindo,
Werewolf: The Apocalypse – Earthblood é um jogo que, ainda com uma premissa
cativante, acaba por ser afogado num mar de aspetos negativos que levam a que a
experiência no global não seja muito agradável ou memorável.
Conclusão:
Apesar da sua ideia original e
criativa, Werewolf: The Apocalypse – Earthblood é um jogo que ao fim de poucas
horas torna-se repetitivo e aborrecido. Com um combate que poderia ter sido
melhor desenvolvido e com gráficos muito pobres este é um título que poderá não
ir de encontro com os interesses e expectativas de muitos.
O Melhor
·
Banda sonora
·
Ideia original
O Pior:
·
Combate repetitivo
·
Gráficos Pobres
·
Narrativa Aborrecida
·
NPC´s sem personalidade
Pontuação do GameForces – 4.0/10
Título:
Werewolf: The Apocalypse – Earthblood
Desenvolvedora:
Cyanide
Publicadora:
Nacon
Ano: 2021
Nota: Esta
análise foi realizada com base na versão digital do jogo para a Playstation 4,
através de um código gentilmente cedido pela Nacon.
Autor
da Análise: Bernardo Lourenço
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