[Análise] Control: Ultimate Edition [PS5]


Foi há cerca de um ano e meio que o Control nos chegou às mãos, tendo sido nomeado para vários e conquistado alguns prémios em 2019. Este aclamar do jogo por parte da crítica chamou-nos a atenção, e no final desse ano jogámos e analisámos o jogo, louvando o design geral e a sua jogabilidade divertida, enquanto lamentámos os variadíssimos problemas técnicos que assolaram a experiência. Agora, em fevereiro de 2021, Control: Ultimate Edition chegou às novas consolas, e a curiosidade voltou a morder. Estaremos perante uma versão que faz jus às qualidades do jogo, ou apenas mais uma experiência tecnicamente descontrolada?
 

Em Control:Ultimate Edition assumimos o papel de Jesse Faden, e entramos no bizarro edifício da agência governativa “Federal Bureau of Control” (FBC) em busca do seu irmão raptado pela mesma. Ao colocarmos os pés dentro no edifício, este entra em confinamento por ter uma entidade maléfica à solta, e Jesse encontra-se na estranha posição de ser apontada como a próxima diretora da FBC e a única pessoa capaz de combater esta entidade e salvar aquilo que inicialmente via como o inimigo. Tudo isto gera uma história que continua a ser diferente do habitual e bastante intrigante, que nos vai fornecendo informação de forma vagarosa e vaga, alimentando sempre a nossa curiosidade e a vontade de descobrir o desfecho.
 
Em termos de jogabilidade não há nada de propriamente novo a destacar. A ação na terceira pessoa continua a ser bastante intuitiva e divertida, misturando mecânicas de shooters e de plataformas com estilo de progressão com traços de metroidvania. À medida que avançamos na narrativa vamos desbloqueando poderes sobrenaturais – flutuar, telecinesia, entre outros -, o que ajuda a tornar toda a ação mais variada e sempre interessante. Para ajudar, temos também a possibilidade de ganhar melhorias aplicáveis à nossa arma ou à própria Jesse, vários modos de disparo para a arma e uma série de habilidades por desbloquear com pontos ganhos após a conclusão de missões principais e secundárias. O próprio edifício se apresenta bastante bem desenhado, com diversas áreas distintas, bem interligadas e recheadas de segredos para desvendar.
 

No entanto, nem tudo é perfeito, e, por algum motivo, os defeitos da jogabilidade saltaram muito mais à vista nesta segunda passagem pelas aventuras na FBC. Primeiro, há sequências de combate na qual se enfrentam vários inimigos simultaneamente, algo para o qual o jogo parece não ter sido desenhado, já que faz um péssimo trabalho em avisar o jogador que um ataque vindo de fora do ecrã está a caminho. Isto aliado a mais uma pitada de inconsistência nas caixas de dano de alguns ataques inimigos pode gerar momentos de frustração. Também a implementação do mapa não é a ideal. A ausência de um minimapa e o facto de o mapa cobrir o ecrã todo quando é aberto, dá a impressão de se estar a pausar a ação – o que, de facto, não acontece. Ou seja, houve momentos em que abri o mapa e fui atacado por inimigos que surgiram do nada, o que ocasionalmente me chateou. Em geral, estas são falhas relativamente pequenas, sobretudo quando a generalidade da experiência é tão fluída e divertida, mas há que ter em conta que os produtores tiveram cerca de 18 meses de feedback nestes assuntos e não aproveitaram este relançamento para ir ao encontro dos mesmos.
 
Outro aspeto atraente de todo o pacote que é Control: Ultimate Edition é a inclusão de ambas as expansões lançadas para o jogo. A primeira chama-se The Foundation, e vê Jesse a explorar os alicerces do misterioso edifício da FBC, tendo de averiguar um novo desastre que ameaça destruir o mesmo e todos os que nele se encontram. Toda a ação se desenrola numa nova área adicionada ao mapa do jogo, oferecendo uma nova narrativa intrigante que leva Jesse a chocar de frente com a misteriosa entidade que serve de conselho diretivo da FBC e implementando bastante bem personagens aliadas introduzidas no jogo base. No decorrer desta aventura, Jesse ganha dois novos poderes, mas que apenas podem ser utilizados junto de cristais exclusivamente encontrados nesta nova área de jogo, e uma nova habilidade de atacar inimigos com um escudo de detritos. É também implementada numa nova mecânica de chamar NPCs aliados para nos ajudar a combater, o que também não está muito bem implementado, visto terem uma inteligência artificial bastante inconsistente.
 

A segunda expansão presente em Control: Ultimate Edition chama-se AWE, e cruza o universo deste jogo com o de Alan Wake, jogo produzido pelo mesmo estúdio e lançado em 2010. Quando Jesse é convidada a explorar o devastado setor de investigação da FBC, descobre que Dr. Hartman, um psicólogo que tentou explorar estranhos poderes presentes em Alan Wake e agora transformado num monstro, foi apreendido pela FBC. Esta nova secção do edifício encontra-se quase sempre escurecida, obrigando-nos a utilizar os poderes de Jesse de maneiras engenhosas para iluminar o caminho – ideia presente no jogo base, mas nunca propriamente explorada. Com a introdução de mais uma habilidade nova, com a inclusão de uma modificação extra para a nossa arma, e com uma narrativa extremamente intrigante ligada a outro jogo tão amado, esta é a expansão mais consistente das duas, embora seja inegável que ambas trazem algo de novo e com qualidade.
 
Olhando agora para aspetos mais técnicos, e começando pela vertente visual, Control: Ultimate Edition continua a ter na sua direção artística um dos grandes destaques. A explosão de cores e efeitos de partículas encontram-se aqui ainda melhores do que na versão PS4, devido às melhorias gráficas notáveis. Isto mesmo para quem passou a grande maioria da experiência no modo de desempenho, que privilegia ter o jogo a correr a 60 frames por segundo – o que é francamente glorioso de se ver -, em vez de uma maior resolução gráfica. No entanto, é importante referir que o modo gráfico apresenta uma imagem mais nítida e alguns efeitos e reflexos mais realistas e bem conseguidos, para quem preferir essa opção. No entanto, nem tudo se apresenta bem quando falamos de gráficos, uma vez que algumas animações presentes em sequências cinemáticas continuam a ser algo fracas, e o design de alguns dos modelos de personagens continua a deixar algo a desejar. Estes são problemas que, honestamente, não esperava encontrar propriamente resolvidos, mas não deixo de me sentir algo desapontado por não ver trabalho neles investido.
 

Quanto á vertente auditiva, não há muito a registar de diferente. A música continua a ser bem implementada e potenciadora da satisfação da experiência, sobretudo durante uma das melhores sequências de ação dos últimos anos – o percurso pela Ashtray Maze. Como seria de esperar, os desempenhos de voz mantêm o nível elevadíssimo que já apresentavam, sobretudo o de Courtney Hope no papel da protagonista. Há ainda a registar que os problemas de sincronização entre áudio e imagem durante sequências cinemáticas foram resolvidos, o que significa que um dos problemas mais desconcertantes da experiência com a versão original de Control já não se encontra presente nesta Ultimate Edition.
 
Como foi aludido anteriormente, Control: Ultimate Edition apresenta um desempenho bastante melhor em comparação com a versão PS4, conseguindo até aproveitar minimamente algumas funcionalidades do novo DualSense. No entanto, o jogo ainda não está livre de problemas técnicos. Houve dois momentos de combate intenso em que a framerate baixou ligeiramente dos 60 fps, vi personagens a deslizar pelo ecrã durante algumas sequências cinemáticas, e ao fechar o menu de pausa o jogo ficava congelado durante uns segundos. Pelo meio, o jogo ainda foi abaixo uma vez. Assim, é inegável que esta versão de Control se apresenta bastante mais bem conseguida do ponto de vista técnico, mas o facto de se tratar de um jogo com cerca de 1 ano e meio de existência e continuar a apresentar problemas notáveis (alguns dos quais novos), deixa-nos algo desiludidos.
 

Conclusões
Jogar Control Ultimate Edition na PlayStation 5 exemplifica o que a nova geração de consolas é capaz de fazer em relação à anterior. Os gráficos e o desempenho são bastante superiores, e fazem alguma justiça à divertidíssima jogabilidade implementada nas aventuras de Jesse Faden. Apesar de manter alguns dos problemas fundamentais da versão anterior, estamos perante uma experiência muito mais consistente que é difícil não recomendar a qualquer fã de jogos de ação.
 
O Melhor:
  • Jogabilidade continua a ser muito boa, com sequências de ação memoráveis
  • A inclusão de ambas as expansões adiciona bastante conteúdo de qualidade
  • Problemas de desempenho apresentam-se quase todos resolvidos
  • Melhorias visuais são notáveis, mas…
O Pior:
  • … Continua a apresentar algumas animações mal conseguidas em sequências cinemáticas
  • Um ou dois problemas técnicos novos, como o congelamento após uma pausa
  • Utilização do mapa e indicação de ataques inimigos continuam a ser problemas frustrantes
 

Pontuação do GameForces – 8/10

 
Título: Control: Ultimate Edition
Desenvolvedora: Remedy Entertainment
Publicadora: 505 games
Ano: 2021
 
Autor da Análise: Filipe Castro Mesquita
[Análise] Control: Ultimate Edition [PS5] [Análise] Control: Ultimate Edition [PS5] Reviewed by Filipe Castro Mesquita on fevereiro 13, 2021 Rating: 5

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