[Análise] Shantae: Risky's Revenge - Director's Cut [NSW]

Nos últimos anos, eu tive o prazer de descobrir os jogos Shantae, experiências metroidvania com excelente design, personagens cativantes e uma pitada de humor. A minha jornada iniciou-se com Pirate’s Curse, o 3º jogo da série, e até agora o destino não desejara que eu me encontrasse com os títulos anteriores, mas felizmente isso está a mudar graças ao desejo da WayForward de trazer os dois primeiros Shantae para a Nintendo Switch.

Tendo jogado apenas os três jogos mais modernos da série, estava curioso para conhecer Risky’s Revenge, o 2º título da série, e ver se o jogo se mantém firme apesar das inevitáveis comparações aos seus sucessores. Em termos da jogabilidade base, não senti que tinha nas mãos um jogo envelhecido, mas sim uma experiência Shantae mais conservadora. Shantae nunca se reinventou, principalmente porque a sua base tinha bastante potencial para explorar. Por causa disso, o que encontramos em Risky’s Revenge é essencialmente uma experiência menos refinada e mais básica do que os seus sucessores, com menor duração, menor variedade, e menores aspirações.

Sendo mais concreto, Shantae, a meio-génio responsável por proteger Scuttle Town, tem de mais uma vez colocar um travão nos planos da pirata Risky Boots, usando o seu cabelo mágico para chicotear os inimigos, alguns itens que pode comprar na loja e transformações em animais que ajudam na travessia do mapa. Sendo este um típico metroidvania, estes itens e transformações são adquiridos gradualmente à medida que progredimos na aventura e permitem-nos aceder a áreas que se apresentavam antes como becos sem saída.

A questão é que em Risky’s Revenge apenas encontramos 3 danças de transformação, 3 dungeons e um punhado de itens opcionais espalhados pelas várias regiões que compõem o mapa. Esta quantidade nada formidável de conteúdo é em parte disfarçada pela curta duração da campanha… o que pode também ser um ponto negativo para alguns. Independentemente deste facto, as cerca de seis horas que dediquei à aventura foram caracterizadas pelo nível de qualidade que associo à série, pelo que esta é sem dúvida uma boa recomendação para aqueles que procurarem uma experiência metroidvania mais bite-sized.

Apesar de ser curto, o jogo apresenta algum replay value para os interessados em aproveitá-lo ao máximo. Assim que terminamos a aventura, desbloqueamos a opção de a repetir em Magic Mode, que diminui o custo em magia dos itens, mas aumenta em contrapartida o dano sofrido – obrigando-nos a repensar a nossa abordagem nos confrontos. Além disso, o win screen que nos é mostrado no final da campanha é diferente consoante o tempo que demoramos a terminar o jogo e o número de itens que encontramos, funcionando como um incentivo para os jogadores mais dedicados otimizarem o seu percurso neste metroidvania.

Os fãs de Shantae também verão certamente interesse nesta entrada como uma janela para o passado da série. Hoje em dia, Shantae já é uma franquia estabelecida, mas esta aventura lançada originalmente na DSiWare leva-nos para uma era mais precoce da série, em que os desenhos das personagens eram bastante diferentes, as regiões eram mais condensadas e os ambientes menos diversificados e desenhados para uma pequena portátil lançada em 2008. É agradável reencontrar as personagens que definem o universo de Shantae e conhecer os eventos que conduziram à situação inicial de Pirate’s Curse, com uns leves sorrisos na jornada oriundos do humor que permeia este mundo.

Infelizmente, a idade deste jogo faz-se sentir também negativamente na experiência de jogo. O maior problema de Risky’s Revenge é o seu sistema de mapa. O mapa que podemos adquirir no jogo é demasiado básico e apenas nos permite conhecer a nossa posição dentro dos grandes segmentos do mundo, e isto excluindo as dungeons, que não tiveram direito a um lugar no mapa que consultamos. Seria apreciável termos um mapa mais detalhado que registasse os colectáveis que apanhamos e nos permitisse deixar marcadores em locais de interesse, especialmente porque, tratando-se Shantae de um metroidvania, é comum encontrarmos várias barreiras que apenas conseguiremos atravessar numa fase mais avançada da história.

Ao nível da jogabilidade base, o envelhecimento do jogo assenta na falta da agilidade e polimento que a WayForward deu aos jogos subsequentes. Por exemplo, quando queremos usar uma das danças ao dispor de Shantae, temos de aguardar vários segundos para as ativar, efetivamente colocando em pausa à ação. Além disso, o nosso querido mapa é acedido através de uma opção no extremo do menu de pausa, levando a que percamos bem mais tempo do que devíamos a acedê-lo. De qualquer modo, estes são problemas menores numa aventura mecanicamente sólida.


Conclusão

Em Risky’s Revenge, estamos perante uma experiência Shantae tradicional, mas numa menor escala. Por outras palavras, esta é uma ótima aventura metroidvania no mundo apelativo de Shantae, com um mapa interessante para explorar e várias personagens únicas para encontrar pelo caminho.

No entanto, a qualidade da experiência não significa que esquecemos estar perante um jogo um pouco envelhecido, que apresenta uma menor variedade na sua jogabilidade, um sistema de mapa demasiado simples e a ausência dos vários aperfeiçoamentos que a WayForward foi introduzindo aos títulos subsequentes.

 

O melhor

 - Experiência central sólida, como a WayForward nos habituou;

  - O charme e humor que marcam a série Shantae;

 - Direção audiovisual apelativa.

 

O pior

 - Curta duração;

 - Sistema de mapa trivial;

 - Menor escala e quantidade de conteúdo à luz dos jogos mais modernos da série.


Nota do GameForces: 7.0


Título: Shantae: Risky's Revenge - Director's Cut
Desenvolvedora: WayForward
Publicadora: WayForward
Ano: 2020

Nota: Esta análise foi realizada com base na versão digital do jogo para a Nintendo Switch, através de um código gentilmente cedido pela WayForward.
[Análise] Shantae: Risky's Revenge - Director's Cut [NSW] [Análise] Shantae: Risky's Revenge - Director's Cut [NSW] Reviewed by Tiago Sá on novembro 05, 2020 Rating: 5

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