Clichés nos Video Jogos

Para nós jogadores existem certos aspectos dos videojogos que damos por garantidos e não estranhamos a sua inclusão nas várias experiências que passamos com um comando na mão. Ainda assim, alguns elementos são tão típicos desta industria que a sua disseminação por vários títulos e varias plataformas considera-se uma verdade aceitável e já esperada. Muitos servem principalmente para manter uma associação a experiências anteriores,  facilitar a orientação dos jogadores dentro do próprio jogo ou lidar com limitações do hardware existente. Outros estão simplesmente tão enraizados na cultura gaming que simplesmente ninguém já os põem em causa, por muito absurdos que o sejam!

Seguem-se alguns dos clichés mais habituais nos videojogos contemporâneos (e não somente!). 



1. O Bidão Vermelho

O grande e indiscutível cliché nos videojogos. Algures ao longo das décadas de existência deste mercado há uma verdade transversal: qualquer contentor ou bidão vermelho tem  capacidade de explodir (muito ao estilo de Hollywood) com algumas balas bem colocadas. Facto ainda mais peculiar, quando estes elementos tem a tendência para aparecer sempre em lugares estratégicos, seja no meio de um grupo de inimigos ou numa área apertada para dificultar o nosso trabalho em lidar com os inimigos.



2. O Herói Mudo

Para jogos de aventura e RPGs somos por vezes brindados com dezenas de estatísticas para evoluir e acessórios para equipar as nossas personagens, por isso não deixa de ser estranho que em inúmeros títulos não existirem pontos a serem atribuídos às capacidades de comunicação do personagem!
Esta é uma táctica frequentemente utilizada para facilitar a associação da personagem principal com o jogador. Algo característico de series bem conhecidas, será que alguma vez vamos ouvir os nossos personagens preferidos ou é melhor remeterem-se ao silencio, no sentido de evitar desilusões?



3. Zombies

Quer sejam "verdadeiros" seres das trevas ou simples erros de experiências genéticas, quando um produtor precisa de arranjar um vasto grupo de inimigos podemos sempre contar com estes seres de reduzida inteligência a mandarem-se para a frente das nossas balas.

A natureza do misticismo ao redor destes seres, permite conciliar as limitações do hardware existente ao criar entidades com uma IA mais reduzida e que permite um sentimento de gratificação rápido com os jogadores. Existem vários tipos de zombie e a sua velocidade tem aumentado (curiosamente) com a capacidade de processamento das consolas mais actuais!

Ficamos a aguardar pelo jogo que crie todas uma sociedade de seres lunáticos, mas conscientes e racionais de modo a que não facilitem tanto a vida ao jogador.



4. O Familiar Morto ou a Perda de Memória

Convenhamos, entre um e outro cobrimos facilmente mais de metade dos jogos de aventura e RPGs. Talvez advente da industria de Hollywood, certamente é uma temática já desgastada que os produtores continuam a utilizar e reformular. 

Por vezes combinam mesmo ambos e saem jogos verdadeiramente magníficos. Estamo-nos a queixar do que mesmo?



5. O Parente Desaparecido

Um pouco na sequência do ponto anterior e principalmente notório nas aventuras mais antigas, a nossa personagem (principal) sempre vivia com uma mãe ou uma avó. Poucos eram os jogos que o pai era figura presente. Onde ele estava, porque abandonou a família ou a sua origem, eram perguntas que raramente surgiam. 

Este é um elemento característico que potencia o crescimento da personagem principal, normalmente um ingénuo adolescente no inicio da aventura, na sua jornada para se tornar homem maduro. Desta forma não teria que lidar também com o obstáculo adicional de superar o macho alfa dentro do ecossistema familiar.

Felizmente foi um cliché que começou a ser menos utilizado actualmente. Os orfanatos agradecem!



6. O Sono Milagroso e Inconsistências Afins

Foi envenenado? Perdeu a visão? Foi transformado em sapo ou petrificado? Todos os mencionados? Nada temam! Uma boa noite de sono e resolve isso tudo! Cremos que não existe jogo de aventura ou RPG que considere esta maravilhosa cura, ao ponto de achamos estranho quando tal não é contemplado!

Efectivamente um dos grandes clichés dos videojogos são as inconsistências no que toca a curas. Quer sejam as simples noites de sono a curar todos os nossos males, até às mortes de personagens, quando temos itens de ressuscitar em batalha, as inconsistências são bastantes. Sim, estamos a olha para ti Final Fantasy VII, com a tua Phoenix Down e a tua adoradas personagens mortas...



7. Lore, Lore e mais Lore

Especialmente dedicado aqueles jogos que contêm uma extensa secção de Lore, delicadamente registada e espalhada pelo cenário em diversos manuscritos, diários, relatórios, etc. É frequente existirem elementos que apoiam a expansão do enredo narrado, através da pesquisa e descoberta de registos mais ou menos escondidos.

A questão é... porque algum cientista iria espalhar os seus registos por todo o cenários? Porque um escriba espalharia páginas dos seus contos? Porque um policial deixaria os seus relatórios ao longo do cenário possivel?

Questões que nunca ou raramente são explicadas nestas aventuras...



8.O desafio (im)possível

Especialmente dedicado a todos os heróis que conseguiram ultrapassar um adversário ou situação que ao longo de 50 horas ou mais de jogo  foi caracterizado como indestrutível ou impossível de vencer.
Efectivamente existe uma necessidade "Cor de Rosa" que o herói consiga sacar soluções triviais para resolver situações caracterizadas impossíveis. 
Resultante das projecções de mercado que consideram que grande parte da comunidade apoia um final onde o herói ganha e o mau perde, este é um factor que tem vindo a ser posto em check com excelentes finais "agridoce" que demonstram um belo amadurecimento da narrativa associada aos videojogos.



9. Lei da oferta / procura

Comprou algo numa loja? Se vender esse artigo no mesmo local, nem que seja imediatamente a seguir à compra, somente irá receber metade do valor da peça. Nem mais nem menos! É questão para dizer, compensa abrir uma loja e ser mercador nestes videojogos!



10. Pontos fracos e fortes

Numa luta contra um boss, não importa o que faça. Nem que lhe deite uma bomba nuclear em cima, enquanto não atingir o ponto estratégico com uma mera fisga ou realizar a acção preconizada perante o "Weakpoint" nada disso interessa. Fica a nossa recomendação... fiquem de olho vivo antes de irem "com tudo"!





 BONUS

O Heroi Escolhido

Quase em todos os jogos, a personagem assumida pelo jogador é algum tipo de herói com bases em linhagem real, um escolhido ou suportado por uma profecia. O "Zé Ninguém" raramente tem um lugar de protagonismo, assim como magos ou qualquer um que não use uma espada. Efectivamente as personagens principais tem de ter espadas (mesmo que nunca antes tenham pegado numa), sendo que os feiticeiros, bárbaros, elvos, etc. ficam sempre com o papel secundário.






Artigo por: Carlos Silva

Clichés nos Video Jogos Clichés nos Video Jogos Reviewed by Carlos Silva on junho 08, 2020 Rating: 5

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