[Análise] Shantae and the Seven Sirens [NSW]


Era difícil alguém prever o crescimento que Shantae veria nos últimos anos. Apesar de o jogo original para a GameBoy Color ter sido recebido com ovação pela crítica, as suas vendas foram frustres. Felizmente, isso não impediu a WayForward, a desenvolvedora desta então jóia escondida, de nos agraciar com várias novas aventuras da meio-génio dançarina nesta década. Hoje, chega às lojas digitais a mais recente entrada da série, Shantae and the Seven Sirens, após vários meses como exclusivo do serviço Apple Arcade. 

Com Seven Sirens, a WayForward consegue, ao mesmo tempo, regressar às raízes da franquia e introduzir várias novidades. A primeira destas é a região do jogo: pela primeira vez na franquia, Shantae abandona Sequin Land, a terra da qual é guardiã. O palco desta aventura é Paradise Island, onde a heroína planeia passar umas merecidas férias. Uma vez chegada à ilha, a protagonista conhece outras meio-génio de outras partes do mundo, mas elas rapidamente desaparecem de um modo misterioso. Cabe, portanto, a Shantae a missão de descobrir o paradeiro das suas novas amigas e desvendar o porquê do seu desaparecimento. 

Para tal efeito, Shantae terá de explorar exaustivamente a Paradise Island. Esta nova região apresenta-se com um mundo único e coeso, composto por várias regiões com uma boa variedade de inimigos para combater e de desafios de platforming. É, deste modo, abandonada a divisão por níveis existente em Half-Genie Hero em favor de um mapa com progressão de estilo metroidvania, reminiscente dos jogos anteriores da série. Também foi abandonado o estilo artístico 2.5D do jogo anterior, tendo a WayForward optado por apresentar a ilha em arte puramente 2D, mas mantendo as sprites de alta definição e as cores vibrantes às quais já estamos habituados. Esta direcção de arte é complementada por um conjunto de cinemáticas animadas, algo inédito à série, que assistimos em momentos chave da história e que injectam vida nos acontecimentos e personagens-chave do universo Shantae. 


De facto, mesmo decorrendo numa nova localização, esta nova aventura traz de volta as mais importantes personagens da série, como Bolo, Squid Baron, Risky Boots… E, obviamente, mais uma vez elas contribuem para o excelente humor que permeia o diálogo e acontecimentos do jogo! Também familiar é a jogabilidade: os controlos continuam extremamente responsivos e o arsenal de Shantae engloba o seu salto e icónico ataque de chicote com o cabelo, bem como várias transformações e usos de magia que vão-se desbloqueando ao longo da história. 

São estas ferramentas que vão definir o nosso avanço pelo mundo. A jogabilidade divide-se em dois momentos: por um lado, a exploração da ilha, em que interagimos com NPCs, procuramos determinados itens e colecionáveis, e descobrimos novas regiões. Por outro, o avanço em pequenas dungeons, que o jogo denomina de labirintos – os locais onde encontramos os imaginativos bosses do jogo e desbloqueamos as nossas transformações. 

Estes labirintos dão uma maior ênfase a puzzles e combate, funcionando por isso como teste às nossas capacidades e como uma excelente forma de nos introduzir aos novos animais nos quais a nossa heroína se pode transformar. Estas transformações expandem a nossa mobilidade e, ao mesmo tempo, permitem-nos descobrir novas áreas da ilha. Como o seu uso se torna praticamente constante, é de braços abertos que recebo a nova forma de as ativar – em Half-Genie Hero, era necessário usar a dança de Shantae de cada vez que queríamos recorrer a uma destas habilidades. Felizmente, em Seven Sirens, cada uma destas ações está associada a um botão dedicado, o que melhora imensamente o fluxo da jogabilidade! 


Mas a dança não abandonou a experiência: agora, esta ação serve para podermos usar Fusion Dances. As Fusion Dances concedem a Shantae o poder das outras meio-génios e são capazes de afetar o mundo em torno da dançarina: por exemplo, a primeira que desbloqueamos permite-nos ver objetos e plataformas invisíveis e a segunda restaurar vida à protagonista e a elementos do cenário. No entanto, não as considerei uma adição perfeita à jogabilidade: o seu uso é altamente situacional (embora tenham utilidade em batalhas) e acabam por funcionar mais como formas de desbloquear o acesso a certas áreas da ilha que não exigem destreza ou perspicácia por parte do jogador. 

Para além das Fusion Dances e das transformações, ainda é possível expandir o arsenal de Shantae comprando armas nas cidades do jogo, que, embora não alterem as capacidades de movimento da protagonista, aumentam o leque de opções para abordar os combates. Além disso, Seven Sirens introduz as Monster Cards – cartas temáticas que a Shantae recebe ocasionalmente após derrotar inimigos e que alteram os stats da heroína, aumentando por exemplo o dano que o seu cabelo provoca aos inimigos. Esta inclusão, ao mesmo tempo que introduz uma camada interessante de customização, encoraja também os jogadores a enfrentar os inimigos no mundo, em vez de simplesmente se desviarem deles. 

Esta combinação de um vasto e eximiamente desenhado mundo com um rico e expansível moveset faz desta visita à Paradise Island um excelente metroidvania, que me prendeu do início ao fim. A experiência é relativamente curta – em cerca de 10 horas, consegui terminar o jogo com 100% dos itens dispersos pelo mapa. Contudo, o nível de qualidade e capricho consistente ao longo de toda a aventura torna-a numa recomendação óbvia para os fãs do género. 


No entanto, Seven Sirens não é perfeito: por exemplo, o jogo apresenta loadings de cada vez que o jogador se move entre as grandes áreas do jogo. Embora curtos, estes induzem alguma fadiga com o passar do tempo, especialmente quando estamos a deslocarmo-nos rapidamente pelo mapa à procura dos vários coletáveis do jogo. Além disso, pouco demora até a dificuldade do jogo se tornar baixíssima. Inicialmente, isto deve-se aos itens de regeneração de vida que são constantemente libertados pelos inimigos derrotados. Mas, à medida que se avança na história, este problema adensa-se devido às várias diversas melhorias para as ferramentas e pontos de vida de Shantae que os jogadores mais diligentes certamente adquirirão. 

Por fim, para aqueles que gostam de explorar, poderá ser desmotivador que muitos dos colecionáveis do jogo (Heart Squids e Nuggets) sejam totalmente invisíveis no mundo de jogo, sendo necessário usar uma Fusion Dance para os fazer aparecer. Isto seria mais tolerável caso houvesse qualquer tipo de indicação visual da sua presença, mas tal não se verifica. O mapa também não ajuda nada, visto que apenas assinala as cidades, save points, salas de warp e labirintos, e não permite fazer qualquer tipo de anotação. 

No entanto, todos estes problemas são pequenos pormenores numa experiência de excelência e não são suficientes para deixar uma nódoa nesta fantástica aventura. 



Conclusão 
Em Shantae and the Seven Sirens, não há dúvida de que a WayForward nos entregou uma magnífica nova experiência Shantae tirando o melhor partido do seu universo e personagens. Com controlos afinados, diálogos recheados de carisma e humor, um mundo fantástico de se explorar e uma excelente apresentação audiovisual, este é um fantástico metroidvania que evidencia a qualidade da franquia e me deixou desejoso por mais – talvez em parte por causa da curta longevidade da aventura. 

O melhor:
- Controlos precisos;
- Ótimo sentido de progressão;
- Mundo rico e com excelente level design;
- Música e visuais caprichados.

O pior:
- Curta longevidade;
- Ausência de funcionalidades no mapa;
- Baixa dificuldade.


Nota do GameForces: 8.5


Nota: Esta análise foi realizada com base na versão digital do jogo para a Nintendo Switch, através de um código gentilmente cedido pela WayForward.

Título: Shantae and the Seven Sirens
Desenvolvedora: WayForward
Publicadora: WayForward
Ano: 2019-2020

Autor da Análise: Tiago Sá

[Análise] Shantae and the Seven Sirens [NSW] [Análise] Shantae and the Seven Sirens [NSW] Reviewed by Tiago Sá on junho 04, 2020 Rating: 5

Sem comentários:

Com tecnologia do Blogger.