[Análise] Persona 5 Royal [PS4]



No decorrer da história recente dos videojogos, existem somente uma mão cheia de títulos que conseguem atingir um estatuto de obra prima tornando-se verdadeiros marcos e referências da industria. No género em particular dos JRPGs por turnos, certamente existem vários que assumem  a candidatura a essa distinção. Contudo os anos mais recentes, ainda que apresentando excelentes títulos, arriscamos-nos a afirmar que somente Persona 5, mais em particular a reedição Royal, consegue atingir este objectivo.

Não será de estranhar quando caracterizarmos esta experiência como a derradeira e optimizada formula que a Atlus iniciou em Persona 3 e refinou em Persona 4. Efectivamente as mecânicas, temáticas e enredos são bastante similares entre este trio de jogos, talvez denotando para os menos atentos uma falta de capacidade do estúdio em arriscar mais. Contudo Persona 5 Royal introduz significativas evoluções perante os seus antecessores, incluindo mesmo perante a versão "normal".



A história de Persona 5 segue as aventuras de um grupo de estudantes em Tokyo que durante o dia tem actividades típicas escolares ou sociais e à noite assumem o protagonismo de um grupo denominado de "Phantom Thiefs" que assaltam realidades alternativas denominadas por palácios e caracterizadas pelo cognitivo dos indivíduos no mundo real com grandes desejos distorcidos. 
O jogo está dividido por dias e cada dia tem uma parte (manhã, tarde ou noite) que podemos realizar uma actividade. Adicionalmente certas actividades podem quebrar este ciclo, como por exemplo as incursões aos denominados palácios que deixam o jogador demasiado cansado para sair à noite, ou por exemplo quando combinamos actividades que duram o dia inteiro com os nossos amigos.

Ao contrario dos lançamentos anteriores, os palácios tem layouts permanentes, abandonando o esquema de geração aleatória de níveis. Ainda assim, para quem quiser apostar em completar missões secundárias, pode sempre explorar o palácio de todas as pessoas de Tokyo, denominado de "Mementos", onde os niveis são aleatórios. Neste Palácio, vamos descendo nível a nível, onde ocasionalmente teremos zonas para gravar o jogo ou portões que somente serão desbloqueados com o evoluir da história, visto que Mementos está profundamente associado à natureza de uma das personagens e não deveremos descobrir demasiado cedo na história.



A quantidade de actividades que podemos realizar é absurdamente extensa, assim como os locais que podemos visitar. Afectivamente não existe um mundo aberto, mas a quantidade de localizações é tão grande e versificada que não sentimos a necessidade de tal. Ainda mais, nesta versão Royal onde temos diversos novos locais que podemos visitar. Felizmente temos todo um ano escolar para poder visitar todos os sítios e fazer crescer as nossas ligações com as velhas e novas personagens que entram no enredo.

Efectivamente o nosso relacionamento com as outras personagens é um dos elementos mais importantes das mecânicas do jogo, associados à evolução das capacidades sociais da nossa personagem (chame, conhecimento, audácia, etc.). Resumidamente, à medida que vamos realizando actividades disponíveis por Tokyo, vamos subindo essas características. Com a progressão dessas características vamos desbloqueando actividades com outras personagens que representam as diversas naturezas das Personas que capturamos ao longo do jogo. Quanto maior o nível de confiança com as personagens, mais poderosas as nossas Personas ficam (assim como o resultados das fusões entre Personas).



A maior característica da nossa personagem, face às demais do jogo, é a capacidade de capturar, criar e desenvolver uma colecção enorme de Personas. Estes são seres que representam fisicamente o nosso cognitivo, como que uma reflexão do nosso ser interior. Cada colega dos "Phantom Thiefs" tem uma Persona física que evolve ao longo da história, sendo o nosso personagem a wild card, devido à sua natureza de absorver vários seres. Também o nível de relacionamento com as demais personagens, quer sejam jogáveis ou não, desbloqueia um conjunto de habilidades a utilizar durante as alturas de combate ou vertente social.

O combate segue um tradicional esquema de de jogo por turnos, conde cada personagem da equipa pode realizar um conjunto de acções na sua vez, desde os típicos ataques físicos, utilizar itens, ou as habilidades da sua Persona. O grande objectivo passa por descobrir as fraquezas dos inimigos, pois ao atingi-los dessa forma permite ter uma jogada adicional onde ou realizamos outra acção ou passamos a vez para outro elemento que continue o combo. Se por ventura conseguirmos atingir todos os inimigos na sua fraqueza, conseguimos entrara no modo de negociação ou "All out attack".  Enquanto o "All out Attack" é uma forma de conseguir acabar mais rapidamente com a batalha, ao combinar num único ataque todos as personagens activas da nossa equipa, o modo de negociação é bastante mais interessante. Neste modo temos a possibilidade de negociar com os inimigos, permitindo receber mais itens, dinheiro ou mesmo juntarem-se ao nosso role de Personas.



As mecânicas de jogo não são de todo simples e o próprio jogo demora cerca de 10 horas a introduzi-las a todas, mas quando se entra no ritmo da vida diária, combinada com as incursões aos palácios, rapidamente entramos em modo "cruise control" e sem notar as horas passam a voar. Efectivamente Persona 5 Royal é um jogo extenso, podendo ocupar facilmente mais de 100 horas, mesmo não fazendo tudo o que é possível dentro do jogo. Por outro lado, esta cadência e a forma como os elementos vão sendo apresentados criam um ritmo que faz com que as horas passem sem nos apercebemos e quando menos notarmos já metemos dezenas de horas no jogo. Para isso, Persona 5 Royal introduz elementos diversificadores ao longo do ano escolar, com actividades extra curriculares que ajudam a quebrar a monotonia. 

Também a introdução continua de novas e interessantes personagens é uma forma do jogo manter a atenção do jogado. Todo um role de personagens cuidadosamente caracterizados está presente no jogo, incluindo diversas adicionais nesta versão Royal. Todas as personagens tem um cuidado tratamento, mesmo as NPCs associadas a missões secundárias, existindo uma sensação da importância das nossas acções nos seus destinos. O seu voice acting, no que toca a JRPGs é do melhor, mesmo com a limitação da pouca identificação de personagens de anime com vozes inglesas. Para os mais puristas, existe a opção de vozes em japones.



Na vertente audio visual o jogo brilha e é rei. Desde a apresentação dos menus, passando pela caracterização das personagens ou localizações, até ao design dos monstros, estamos perante o título com um dos design mais cativantes da última década. Os efeitos das lutas, animações, All out Attacks, e apresentação dos palácios está eximia e verdadeiros cativantes visuais.
A acompanhar temos uma banda sonora por excelência, que facilmente caracterizamos como uma das melhores da geração, seguindo frequentemente as sonoridades do Acid Jazz misturada com alguns elementos mais ritmados nas lutas mais importantes. Efectivamente é uma banda sonora memorável que já deu lugar ao Spin off musical Persona 5: Dancing Starlight.

Em termos de conteúdo adicional nesta versão Royal, denotam-se diversos novos "confidents", portanto personagens que podemos aprimorar a nossa relação, novas áreas para explorar e mais tempo de escola que podemos utilizar. Existem mecânicas novas nas batalhas, assim como um modo de coleccionador que permite desbloquear diversas artes, videos, etc.  A principal adição é uma nova personagem jogável que irá colaborar com os Phantom Thiefs, nas suas aventuras dentro do jogo.
Esta é efectivamente a versão derradeira do jogo, com uma quantidade significativa de novo conteúdo e acima de tudo mecânicas aprimoradas de combate.




Conclusão

Efectivamente, Persona 5 Royal, fez tudo bem e não conseguimos encontrar qualquer tipo de defeito a apontar. Certamente é um jogo que não é para todos, mas qualquer fã de JRPGs, jogos por turnos ou fã da cultura Nimpónica certamente deve considera-lo com uma obra de arte. Em particular, esta versão Royal conta com uma quantidade significtiva de novidades que caracteriza facilmente como a versão mais polida e dedicada aos jogadores mais dedicados deste título. Com um enredo cativante, personagens perfeitamente caracterizadas, jogabilidade irrepreensível e uma componente gráfica e banda sonora do melhor da industria, facilmente assume-se como um título que irá permanecer durante décadas  no coração dos jogadores. E com isto, Persona 5 Royal nos roubou o coração novamente!

O melhor:
  • Componente gráfica e banda sonora do jogo verdadeiramente memoráveis;
  • Enredo e Personagens cativantes;
  • Ambientação e quantidade de conteúdo adicional;
  • Uma verdadeira ode à cultura Nipónica.


O pior:
  • Nada a Apontar



Nota do GameForces: 10/10



Título: Persona 5 Royal
Desenvolvedora: Atlus
Publicadora: Atlus
Ano: 2020



Autor da Análise: Carlos Silva






[Análise] Persona 5 Royal [PS4] [Análise] Persona 5 Royal [PS4] Reviewed by Carlos Silva on junho 15, 2020 Rating: 5

Sem comentários:

Com tecnologia do Blogger.