Vanquish foi um dos primeiros grandes jogos
desenvolvidos pela aclamada produtora Platinum Games. Originalmente lançado em
2010, este título acabou por não atrair muita atenção por parte dos jogadores,
tendo atingido cerca de 1 milhão de vendas até ao lançamento da sua
remasterização. Não obstante, os jogadores que passaram pela experiência oferecida
receberam muito bem este título, pedindo uma nova versão ou uma sequela desde
então. Agora, Vanquish chega à PlayStation 4 através de uma coletânea
remasterizada que inclui Bayonetta. Haverá espaço para este jogo casuar
uma maior impressão, ou merece voltar a ser condenado ao esquecimento?
Em Vanquish,
encontramos um mundo tecnologicamente evoluído num futuro próximo, com o
armamento militar bastante avançado. Com uma nova liderança posta no poder
depois de um golpe de estado, a Rússia captura uma colónia espacial e dispara
sobre os EUA uma arma de destruição massiva, dizimando a cidade de San
Francisco. Com o novo líder russo a ameaçar fazer o mesmo a Nova Iorque, caberá
a Sam Gideon, com a sua armadura de combate, infiltrar esta colónia e impedir
que um novo ataque ocorra. Pelo caminho, Sam terá de enfrentar legiões de
soldados robóticos e de gigantes armas de destruição inovadoras de que o
inimigo dispõe.
Ninguém poderá ser censurado se pensar nesta como uma premissa algo básica e já amplamente
explorada em vários meios e entretenimento. No entanto, ao começar a jogar,
rapidamente se percebe que esta premissa nada mais é do que uma justificação
para dar aso à criatividade de design da equipa por detrás da produção de Vanquish.
Ao longo de uma campanha relativamente curta, vamo-nos deparando com uma
variedade bastante grande de inimigos, cada qual com os seus pontos fortes e
fraquezas. Isto para não falar dos bosses, que acrescentam uma sensação
de espetacularidade em todas as lutas e que nos desafiam das mais variadíssimas
formas, sendo, sem dúvida, um dos grandes pontos fortes desta experiência.
Mas claro que nada
disto seria possível sem um sistema de combate à altura. Na sua base, o combate
assenta em mecânicas de shooter de cobertura na terceira pessoa, com as áreas
de combate a incluir vários elementos entre os quais navegamos e atrás dos
quais nos abrigamos para ir despachando os inimigos um a um. O nosso arsenal
inclui uma boa diversidade de armas, algumas realistas e outras mais inspiradas
por elementos de ficção científica, bem como dois tipos de granadas. À medida
que vamos eliminando inimigos e explorando as áreas de combate, vamos podendo
melhorar cada arma, aumentando o número de munições disponíveis e o poder de
combate das mesmas. Nos dias de hoje, este sistema não é o mais inovador, mas a
simplicidade e a eficácia com que aqui é implementado, bem como a gratificante
sensação de ver um inimigo ser danificado pelos nossos disparos, tornam estas
mecânicas já bastante satisfatórias.
Para acrescentar a
isto, Vanquish introduz ainda várias mecânicas de movimentação que
elevam a jogabilidade a patamares altamente recompensadores. Graças à sua
armadura de combate, Sam ganha uma panóplia de habilidades diferenciadoras. Sam
pode usar impulsores para deslizar pelo terreno a altas velocidades, permitindo
movimentações rápidas para nos colocarmos nas costas de um inimigo abrigado,
para fugir a ataques de bosses enormes ou para nos colocarmos em posição para
explorar um ponto fraco. Outra grande mecânica introduzida é o modo AR, na qual
os reflexos de Sam são acentuados ao ponto de vermos tudo em câmara lenta, o
que facilita disparar sobre alvos que requeiram maior precisão ou enfrentar uma
zona sobrecarregada de inimigos. Quando bem aplicadas, todas estas mecânicas
fazem desta uma das jogabilidades mais divertidas e frenéticas deste género,
sendo de espantar que estas ideias não tenham sido mais difundidas na última
década.
Estas habilidades
especiais são geridas a partir de uma barra de energia da armadura, à qual
temos de estar constantemente atentos. Quando esta está cheia, estamos mais
protegidos contra os ataques inimigos, uma vez que o modo AR se ativa automaticamente
quando sofremos demasiado dano. Quando a energia se esgota, estamos
extremamente vulneráveis, sendo muito maior o risco de sermos mortos. Esta
implementação do modo AR dá-nos uma segunda oportunidade quando nos encontramos
assoberbados ou quando arriscamos demasiado. Assim, para além de fornecer
alguns dos momentos mais entusiasmantes, quando derrubamos um inimigo que nos colocou
à beira da derrota, esta mecânica incentiva-nos a arriscar e experimentar mais
em situações de batalha. Tudo isto sem comprometer o desafio geral do jogo, que
é extremamente exigente nas dificuldades mais elevadas.
No entanto, há aspetos
nos quais o jogo mostra um pouco a sua idade, sobretudo nas mecânicas de
movimentação e posicionamento. A mecânica de esquiva não é omnidirecional,
levando a alguns momentos de movimentação menos do que adequados ao que se
pretende. Também os deslizes não foram implementados na perfeição, sendo
bastante difícil e trabalhoso mudar eficazmente de direção sem parar e
recomeçar a deslizar. Já uma mecânica cuja falta é notória é o salto. Para além
de se poder saltar por cima de um obstáculo ao nível da cintura, nunca se pode
saltar no jogo. Isto limita bastante as opções de navegação, de posicionamento
e até de estratégias a aplicar em combate. Isto é particularmente sentido
quando existem diversos inimigos que saltam (ou até flutuam) sobre diversos obstáculos
presentes nas arenas, deixando-nos a pensar nas possibilidades perdidas que esta
ausência causa. No geral, estes aspetos não prejudicam por demais o valor da
experiência, mas são aspetos que poderiam ter sido levados em conta numa
remasterização, e que se espera verem tratados caso a Platinum volte a investir
neste franchise.
Esta versão
remasterizada de Vanquish apresenta melhorias visuais bastante notórias
face à sua versão original. As texturas estão bastante mais nítidas, os modelos
das personagens e dos backgrounds apresentam-se muito mais detalhados, e
os efeitos luminosos foram também significativamente melhorados. Quando estamos
a controlar Sam, tudo corre com uma qualidade impressionante, sobretudo tendo
em conta a quantidade de elementos presentes no nosso campo de visão em algumas
das situações de combate e a facilidade com que se pode passar de velocidade
normal para câmara lenta. Em jogo corrido, nunca houve um erro gráfico ou uma
quebra da framerate pelo que, nestes momentos, não há nada que se possa
apontar a esta nova verão do jogo.
Contudo, é de lamentar
que esta remasterização tenha seguido o caminho de tantas outras, ao deixar as cutscenes
intocadas. Não se pode dizer que a qualidade destas seja chocante tendo em
conta os padrões modernos, mas a diferença na qualidade é notória. Não é apenas
uma questão de a imagem ser menos nítida nestes momentos, mas é impossível não
reparar numa diminuição da velocidade de fotogramas. Isto é particularmente lamentável,
uma vez estas cenas cinemáticas acrescentam momentos de animação exemplares, pelo
que o jogo apenas teria a ganhar se mais algum trabalho tivesse sido alocado
para estas.
De um ponto de vista
sonoro, Vanquish apresenta um trabalho de qualidade mista. Os efeitos
sonoros das nossas ações, do disparo das nossas armas e dos variadíssimos
inimigos e bosses apresentam-se como um dos pontos fortes deste título. O peso
dos nossos disparos ou a sensação de urgência quando um inimigo se prepara para
atacar são apenas alguns dos aspetos enaltecidos pelo excelente trabalho
realizado para esta vertente. Por outro lado, a banda sonora que acompanha o
jogo é agradável mas pouco memorável, enquanto o desempenho dos atores de voz
não é particularmente inspirado, prejudicando alguns dos momentos de exposição
narrativa.
Conclusões
Vanquish é um jogo que oferece uma das
jogabilidades mais divertidas e frenéticas do género, mesmo passados 10 anos do
seu lançamento original. A premissa estabelecida permitiu aos produtores
implementar mecânicas que variam entre o estratégico e o caótico no melhor
sentido possível, havendo apenas uma ou outra mecânica que poderia ter sido
mais bem aprimorada. Visualmente é notório o trabalho de remasterização, embora
as cutscenes tenham permanecido intocadas, e por muito ocupado que o
ecrã esteja preenchido o desempenho foi sempre ótimo. Fãs da Platinum ou de jogos de ação
na terceira pessoa quererão experimentar Vanquish, um jogo e um
franchise que certamente merece ser revisitado tanto pelos jogadores como pelos
produtores.
O Melhor:
- Sistema de combate complexo e extremamente gratificante
- Grande variedade e criatividade no design de inimigos e de bosses
- Desempenho técnico muito bom fora das cenas cinemáticas
- Design sonoro continua a ser maioritariamente exímio
O Pior:
- Algumas mecânicas podiam estar mais bem implementadas
- Desempenho de atores de voz é algo fraca
Pontuação
do GameForces – 8/10
Título: Vanquish (10th
Anniversary Bundle)
Desenvolvedora: Platinum
Games
Publicadora: SEGA
Ano: 2020
Nota: Esta análise foi realizada com base na versão digital do jogo para a Playstation 4, através de um código gentilmente cedido pela Sega Europe.
Nota: Esta análise foi realizada com base na versão digital do jogo para a Playstation 4, através de um código gentilmente cedido pela Sega Europe.
Autor da Análise:
Filipe Castro Mesquita
[Análise] Vanquish (10th Anniversary Bundle) [PS4]
Reviewed by Filipe Castro Mesquita
on
maio 07, 2020
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