[Análise] Trials of Mana [PS4]




Os últimos dois anos tem sido gratificantes para os jogadores de longa data. Tem efectivamente sido frequentes os lançamentos de títulos recuperados e series à muito tempo esquecidas. Felizmente estas recuperações tem sido na sua maioria dignas da experiencia original, tendo a comunidade comprovado a viabilidade deste modelo de negocio, quando a devida atenção é dada por parte dos estúdios produtores, ao aderir às experiencias e providenciar o reconhecimento da qualidade dos lançamentos

Seiken Densetsu 3, é dos míticos títulos da era dourada dos JRPGs pixelizados, ali mesmo ao lado de Chrono Trigger, Phantasy Star ou Final Fantasy. Contudo, a sua disseminação nunca passou muito para o ocidente, fora alguns trabalhos por fãs que permitiram experimentar este título fora do Japão e em língua inglesa. Felizmente a Square decidiu recupera-lo com o título “Trials of Mana” e dar a atenção divida, entregando uma experiência que apresenta os traços fundamentais dos JRPGs de antigamente actualizados para as dinâmicas e capacidades do mercado actual.



Neste título seguimos as aventuras de três personagens que poderemos escolher de um conjunto de seis. A escolha inicial da equipa é provavelmente um dos aspectos mais importantes do jogo pois é com essa equipa que vamos passar o jogo todo, deixando as outras personagens como NPCs glorificados (mas no bom sentido do termo!). Verdadeiramente é extraordinário que perante o “Main Character” que escolhemos a história terá grandes alterações da forma que é apresentada. Desde o capítulo de introdução que varia de personagem para personagem, passando por eventos ao longo da história, interferências com vilões diferentes e mesmo uma cuidada adaptação à história entre as personagens escolhidas, o jogo apresenta uma boa motivação para o experimentarmos pelo menos duas vezes.

Felizmente a escolha das personagens apresenta uma boa quantidade de informação para efectuar uma opção consciencializada. E uma equipa equilibrada é essencial para o decorrer da aventura sem grandes entraves no que toca à dificuldade. Abordando um pouco mais este tema, denota-se um cuidado gratificante por parte do estúdio em equilibrar o crescimento das nossas personagens com a dificuldade do jogo, sendo notória uma evolução suave sem denotar grandes picos de dificuldade. Durante as nossas aventuras, não fugindo de lutas e explorando as áreas todas, nunca sentimos grande necessidade de fazer “grinding”. Ainda que na recta final existe uma serie de lutas com bosses (a serio, diríamos que podem contar com 15 ou mais seguidos!), não notamos grandes dificuldades.



Ainda que a escolha das personagens tenha um impacto grande, as linhas gerais da história segue os mesmos trâmites. Um grupo de heróis unem forças por diversificados motivos, mas que com o evoluir da aventura eventualmente levam-nos a percorrer o mundo em conjunto para prevenir a destruição  das pedras de mana que contem no seu interior poderosos espíritos malignos que ameaçam a paz mundial. Para isso torna-se essencial procurar pela espada de mana. Para dificultar a aventura, um diversificado conjunto de vilões (cada um com os seus planos e motivações) procuram eles também encontrar a espada para conseguir atingir os seus objectivos. Também aqui, a evolução de quem se torna o principal inimigo depende da personagem escolhida. Torna-se bastante interessante, para quem jogou o original,  verificar como a história é reconstruida e velhos inimigos são agora apresentados.



A jogabilidade segue os trâmites de um action RPG simplificado, com mistura de elementos de jogos por turno. Se por um lado podemos actuar livremente nos ataques básicos, por outro precisamos de gerir bem os nossos feitiços e habilidades através de um menu de escolha bastante fácil de aceder. Adicionalmente existem ataques de classe (mais poderosos) que só conseguimos utilizar à medida que vamos derrotando inimigos a apanhando cristais azuis. Com a evolução da história poderemos subir os nossos heróis de classe, o que não somente irá faze-los mudar de aparência, como também aumentar o leque de magias, habilidades ou características disponíveis. As lutas em si são bastante fluidas, sendo o seu grafismo bastante gratificante e com uma banda sonora cativante e motivante.

Falando dos gráficos do jogo, notou-se uma exemplar cuidado com todos os cenários e personagens, providenciando uma boa imersão no mundo criado e dando a possibilidade do jogador interiorizar melhor a experiência. Existe um cuidado gratificante com todos os modelos apresentado, nunca descurando o detalhe mesmo de personagens menores.

De igual modo a banda sonora apresenta uma excelente “remasterização” do título original, existindo ainda a possibilidade de utilizar os sons do título original. A actuação vocal dos actores está bastante bem implementada ao ponto de se tornar bastante natural e associativa às personagens em causa.



Não se notaram grandes problemas para alem daquilo que o título se propõem a apresentar. Alguns quebras de performance nas alturas mais acesas ou dificuldades no controlo da personagem (parando abruptamente, ou não reconhecendo os inputs realizados), mas nada que atrapalhe a experiencia de jogo. Contudo denotou-se que, para um título que não se advinha assim tão graficamente exigente, a Playstation frequentemente estava em rotação máxima da ventoinha de arrefecimento (mesmo estando bem arejada) o que se traduz num barulho enorme durante as longas horas de jogo, tornando-se incomodativo.

Outro aspecto que gostariamos de ver melhor expandido seria a adição de algumas sidequests. Esta mecanica tão tradicional em RPGs é praticamente nula, fora um pequeno jogo de procurar estranhas plantas espalhadas pelo mundo.



Conclusão 
Trials of Mana é uma dedicada e cuidada homenagem aos JRPGs de antigamente. Desde as temáticas envolvidas, passando pelas personagens estereotipadas e as mecânicas utilizadas, irá parecer-nos um jogo dos anos 80 devidamente revisto para os dias de hoje. Se são fãs deste estilo de jogos, é certamente um título a ter na vossa colecção. Certamente que a Square poderia ter arriscado um pouco mais, mas no fundo o pretendido é o recuperar de uma franquia desaparecida no tempo, e para isso Trial of Mana é uma excelente porta de entrada. Esperemos que a Square continua a apostar nesta linha!



O melhor:
  • Capacidade de entregar história variadas conforme as personagens escolhida;
  • Grafismo e arte bastante bem conseguido;
  • Ambientação e Banda Sonora memorável.


O pior:
  • Alguns problemas de performance, com uma Playstation 4 constantemente em rotação máxima.
  • Ausência de sidequests.



Nota do GameForces: 7.5/10



Título: Trials of Mana
Desenvolvedora: Square Enix
Publicadora: Square Enix
Ano: 2020



Autor da Análise: Carlos Silva




[Análise] Trials of Mana [PS4] [Análise] Trials of Mana [PS4] Reviewed by Carlos Silva on maio 30, 2020 Rating: 5

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