Depois de ter
alcançado um nível de sucesso estrondoso, ajudando a SEGA a vender um número
significativo de consolas Mega Drive/Genesis, o ouriço cacheiro azul estaria de
volta em 1992 em Sonic the Hedgehog 2. Esta segunda entrada tentaria tornar
Sonic uma personagem e um franchise mais sólido, expandindo o leque de
personagens e dando mais substância ao velocista. Agora, em 2020, este clássico
chega à Nintendo Switch através da coleção “Sega Ages”, com mais conteúdo,
modos de jogo e outras novidades. Será esta uma sequela louvável, e que vale a
pena jogar (ou rejogar) nos tempos de hoje, ou teria sido melhor não remexer no
passado?
Sonic the Hedgehog
2 é um side-scroller
de plataformas em 2D que acompanha Sonic, um ouriço cacheiro apaixonado por
correr a altas velocidades, numa nova aventura. Desta vez, Sonic é acompanhado
por Miles “Tails” Prower, uma raposa com duas caudas capaz de voar que tem o
seu amigo como ídolo. Com o seu némesis, o malvado Dr. Robotnik, de volta e a
querer dominar o mundo através do poder das Chaos Emeralds. Caberá a Sonic e a
Tails partir para a ação, enfrentar os novos robôs do vilão e impedir Dr.
Robotnik de atingir os seus objetivos.
A jogabilidade de Sonic
the Hedgehog 2 mantém-se inalterada face ao seu antecessor. Ao longo do
jogo, teremos de ajudar Sonic a atravessar uma série de níveis a alta
velocidade através das mesmas mecânicas clássicas de jogos deste género. Assim,
Sonic terá de correr, saltar colecionar anéis e derrotar inimigos. A vantagem
desta abordagem de “não mexas no que não está estragado” é que controlar Sonic
volta a ser extremamente entusiasmante, sobretudo quando se consegue atingir
altas velocidades e se vai derrotando ou escapando a inimigos e armadilhas presentes
no caminho.
Uma das grandes
novidades desta aventura prende-se com a introdução de Tails, que nos acompanha
na aventura quando jogamos a solo. A presença da amigável raposa permite ainda que
dois jogadores possam experienciar esta aventura ao mesmo tempo, jogando
cooperativamente ou competitivamente. No modo cooperativo, jogar como Tails é
virtualmente igual a jogar com Sonic, com a diferença de que não se perde anéis
quando se é danificado e de não se perder vidas quando se morre. No modo
competitivo, a jogabilidade é exatamente igual, com cada jogador a competir por
pontos que se ganham ao derrotar um inimigo ou ao acabar um nível mais rápido.
Sonic the Hedgehog
2 apresenta 20 novos
níveis que mantêm um estilo de design muito semelhante ao antecessor. Estes
níveis voltam a estar divididos por diversas zonas, cada qual com a sua
identidade, apresentando mecânicas, inimigos ou perigos ambientais específicos.
No final de cada zona, enfrenta-se um boss, na forma de uma maquinação mais robusta
e resiliente de Dr. Robotnik. Mais uma vez, cada nível apresenta vários
caminhos diferentes até ao fim, bem como várias zonas escondidas com bónus e powerups.
No entanto e apesar dos designs serem geralmente bons, estes níveis voltam a
apresentar demasiados momentos em que o impulso de Sonic tem de ser travado,
voltando a cometer (e várias vezes) o mesmo erro que o jogo anterior. Felizmente,
os bosses são um pouco mais variados do que no antecessor, apresentando
situações mais desafiantes e complexas do que na primeira aventura.
Para além destes, Sonic
the Hedgehog 2 traz de volta os níveis secretos, mais concretamente 7, nos
quais somos presenteados com uma chaos emerald em caso de sucesso. Neste
título, estes níveis são bastante diferentes, deixando para trás as mecânicas
semelhantes a pinball e apresentando, no seu lugar, níveis ao estilo endless
runner. Aqui, teremos de percorrer longos túneis repletos de armadilhas,
com o objetivo de chegar ao fim de cada um com um determinado número de anéis.
Estes níveis voltam a ser bastante desafiantes, uma vez que Sonic corre “de
frente” para o túnel em vez de para os lados como nos níveis base, sendo
difícil antever o aproximar de uma armadilha. Tails também está presente nestes
níveis, podendo ser uma ajuda preciosa na coleção de anéis no modo cooperativo,
ou um grande detrimento quando se joga a solo, uma vez que os seus movimentos imitam
os de Sonic mas com um ligeiro atraso. Neste título, estes níveis são bastante
mais divertidos do que no antecessor, continuando a ser um desafio interessante
que acrescenta variedade à jogabilidade.
A colocação dos níveis
secretos também é diferente, aparecendo em cada checkpoint atingido quando se
tem 50 anéis. Isto prende-se com as recompensas de se colecionar todas as 7
chaos emeralds: para além de outro final ligeiramente diferente, pode ativar-se
o modo Super Sonic. Este modo leva Sonic a ficar amarelo e a voar pelos níveis
a uma velocidade estonteante. Navegar pelos níveis como Super Sonic pode ser
extremamente divertido e gratificante, mas tem os seus senãos. Primeiro, os
níveis finais têm demasiadas quedas sem fundo, e torna-se difícil manobrar
Super Sonic eficazmente nestas situações. Também os bosses se tornam demasiado
fáceis, uma vez que Sonic fica invulnerável e danifica os mesmos apenas com o
toque. Apesar disto, esta é uma introdução icónica e importante para o futuro
desta série, sendo ainda um bónus muito bem-vindo que dá outra vida a esta
sequela.
Como já é habitual na
coleção Sega Ages, esta versão de Sonic the Hedgehog 2 apresenta vários
modos e funcionalidades acrescentados. Para além da funcionalidade de gravar e
carregar, este título traz de volta a seleção de níveis, o modo ring keep
(no qual não se perdem os anéis todos quando se sofre dano) e diversos modos de
apresentação visuais. Desta vez, o modo de desafio prende-se com a coleção de
100 anéis ao longo do primeiro nível do jogo, com a velocidade a ser registada
para comparação de rankings online. Apesar de ser algo diferente do encontrado
no antecessor, volta a ficar a sensação de que muito mais poderia ter sido
feito neste modo de desafio, acabando por não acrescentar tanto à experiência
como seria ideal.
A versão Sega Ages de Sonic
the Hedgehog 2 inclui ainda a opção de jogar toda a campanha da pele de Knuckles
the Echidna, personagem originalmente introduzida na terceira entrada deste
franchise. Ao contrário do que acontece com Tails, a jogabilidade de Knuckles é
bastante diferente da de Sonic, apesar de manter algumas das habilidades do
protagonista. Deste modo, Knuckles pode usar o Spin Dash de Sonic, e enrola-se
numa bola capaz de derrotar inimigos quando salta. Adicionalmente, Knuckles
pode agarrar-se e trepar uma parede, e ao carregar no botão de salto enquanto
está no ar, a equidna vermelha pode planar pelo ar, derrotando inimigos que
entrem em contacto com os sues punhos.
Olhando para aspetos
mais técnicos, há que reconhecer o excelente trabalho feito com Sega Ages:
Sonic the Hedgehog 2 no que toca ao desempenho. A fluidez de jogo é
consistentemente excelente do início ao fim. Seja nas altas velocidades (mesmo
com Super Sonic), na lentidão de estar debaixo de água, ou nos níveis secretos,
não se encontrou um único soluço na framerate, garantindo uma
experiência suave até ao último minuto.
À semelhança do que
acontece com a jogabilidade, Sonic the Hedgehog 2 também é idêntico ao
seu antecessor na vertente visual. As cores continuam a ser vibrantes, que o
estilo visual de cada zona e nível é bastante distinguível e identitário, e que
este estilo pixelizado clássico é um deleite. Enquanto tudo isto não deixa de
ser verdade agora, há que reconhecer que esta segunda entrada não deu um grande
passo em frente, e a reutilização da grande maioria das animações do antecessor
acentua esta sensação.
Na vertente sonora,
por fim, voltamos a ter um dos grandes pontos altos da experiência de um
clássico de Sonic the Hedgehog. Apesar de os efeitos especiais e os
pequenos jingles de powerups se repetirem em relação à primeira
aventura, as músicas elaboradas para cada zona voltam a apresentar uma
qualidade de mestria. Pode argumentar-se que as músicas do primeiro jogo foram
um pouco mais icónicas e memoráveis do que as desta entrada, mas continua a ser
bastante desafiante não começar a cantarolar os temas de “Emerald Hill”, de “Chemical
Plant” ou de “Casino Night” depois de pousar a nossa Nintendo Switch.
Conclusões
A coleção Sega Ages volta
a fazer um trabalho extremamente competente no que toca a trazer mais um
clássico para a Nintendo Switch. Esta versão de Sonic the Hedgehog 2 introduz
várias novidades em relação à lançada originalmente, e volta a dar aos
jogadores uma aventura bastante gratificante do velocista azul. No entanto, ao não
mexer muito na fórmula, esta segunda aventura de Sonic acaba por não se
distinguir particularmente da primeira, cometendo alguns dos mesmos erros presentes
no seu antecessor. No final de contas, Sega Ages: Sonic the Hedgehog 2 é
recomendável aos fãs de jogos desta época e deste franchise, com esta a
ser a versão mais “definitiva” que se pode encontrar de mais um grande clássico.
O Melhor:
- Sonic continua a ser uma personagem com quem é bastante divertido de jogar, sobretudo na forma Super
- Ter um segundo jogador a controlar Tails dá uma dinâmica diferente ao jogo
- Introdução de Knuckles acrescenta alguma variedade na jogabilidade
- Níveis secretos são bastante mais prazerosos que no antecessor
O Pior:
- Volta a ter vários momentos de plataformas mais lentos que prejudicam o ritmo
- Não se distingue do antecessor, reutilizando quase todas as animações e mecânicas de jogo
Pontuação
do GameForces – 8/10
Título: Sega Ages:
Sonic the Hedgehog 2
Desenvolvedora: M2
Publicadora: SEGA
Ano: 2020
Autor da Análise:
Filipe Castro Mesquita
[Análise] Sega Ages: Sonic the Hedgehog 2 [NSW]
Reviewed by Filipe Castro Mesquita
on
abril 30, 2020
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