[Análise] Monster Boy and the Cursed Kingdom [PS4]



Monster Boy and the Cursed Kingdom foi desenvolvido na sequência da série de jogos Wonder Boy, inicialmente publicada pela Sega. Desenvolvido pela Game Atelier e publicado pela FDG Entertainment, este título inspira-se em vários elementos da série original, e tem sido apontado como mais um excelente lançamento indie dos últimos tempos. No entanto, num mercado que começa a ficar algo saturado de jogos deste género, conseguirá Monster Boy destacar-se?



Em Monster Boy and the Cursed Kingdom, jogamos com Jin, um rapaz de cabelo azul que vive no Monster Kingdom. O seu dia é interrompido quando o tio Nabu começa a causar o caos no reino, transformado toda a gente em animais. Jin recolhe a sua espada e procura Nabu para o travar, acabando por ser transformado num porco quando o encontra. Com todo o reino aparentemente transformado, Jin parte em busca de cinco esferas mágicas, cujo poder poderá ser utilizado para devolver a normalidade ao reino. Não sendo a história mais original, este argumento alimenta extremamente bem a jogabilidade que encontramos em Monster Boy.

À medida que se vai avançando na história e se vai recolhendo esferas, Jin vai ganhando mais formas de diferentes animais, cada uma com habilidades específicas. A forma de porco permite usar magia e encontrar segredos através do cheiro; a de cobra permite explorar corredores mais apertados e cuspir veneno; a de sapo abre novas opções de navegação e de ataque à distância através da língua; a de leão fornece uma habilidade de investida poderosa, permitindo ainda atacar na vertical; a de dragão permite voar e cuspir fogo; e a forma humana original fornece movimentos curtos e rápidos para escapar ou reposicionarmo-nos durante o combate.  



Todas estas formas, e respetivas habilidades específicas, bem como uma boa variedade de armas, armaduras e outros equipáveis que se pode colecionar e aprimorar, conferem a Monster Boy uma jogabilidade impressionantemente variada. Cada equipável tem efeitos específicos tanto ao nível do combate como da navegação pelo mundo. Assim, torna-se necessário escolher quais as peças a melhorar, bem como explorar bem as diversas áreas em busca de novos itens. Apesar desta variedade, a jogabilidade base é sempre extremamente acessível, com um botão para saltar, um para atacar e outro para habilidades específicas.

Apesar da jogabilidade simples, os puzzles e os bosses obrigam-nos a pensar em como utilizar as diversas habilidades de que dispomos. A grande maioria dos puzzles é bastante direta e acessível, havendo, contudo, alguns particularmente desafiantes pelo caminho. É importante conhecer bem cada ponto forte e cada fraqueza das várias formas, pois alguns puzzles exigem a utilização de habilidades de diferentes transformações em sequência. É ainda importante explorar bem uma área antes de se avançar para a seguinte, uma vez que cada nova área vai introduzindo inimigos cada vez mais poderosos, com as áreas finais a conter inimigos que retiram grandes quantidades de vida com um só ataque. Os bosses estão sempre bastante bem equilibrados, havendo alguns com modos de derrotar bastante diferentes e interessantes.



Um aspeto louvável prende-se com o ritmo do jogo. A história vai progredindo a um ritmo agradável, introduzindo novas personagens e zonas. E acima de tudo, o ritmo com que se vai adquirindo novos equipáveis, novos itens, novas formas e novas habilidades leva a que o jogo nunca se torne aborrecido. Tudo isto é potenciado através da exploração do mundo, que se vai tornando mais aberto e com mais zonas acessíveis à medida que se progride na história. A sensação de progresso é constante, não só pelo facto de Jin ir ganhando novos poderes regularmente, mas também através do facto de Monster Boy ir introduzindo diversos elementos novos do primeiro até ao último minuto.

Cada nova área introduz novos inimigos, novos elementos e novas maneiras de interagir com os mesmos. Apesar das zonas recaírem nos estereótipos habituais (há zonas de praia, de floresta, e de vulcão, por exemplo), o modo como se navega cada zona e como se interage com os inimigos e perigos que se atravessam no nosso caminho denota um design cuidadoso e exemplar. Os itens essenciais ao progresso estão colocados de forma a serem adquiridos naturalmente, o posicionamento dos inimigos torna a navegação e os puzzles simultaneamente intuitivos e desafiantes, e cada nova habilidade abre novos caminhos dentro do próprio nível e em níveis de zonas anteriores. Apenas uma das áreas finais do jogo é que peca por ser algo confusa e frustrante, apresentando puzzles de resolução um pouco conturbada e requerendo uma exploração pouco fluída da mesma.



Tudo isto é acompanhado por uma direção artística colorida e vibrante. É um prazer olhar para as várias formas de Jin, os NPCs, os inimigos, os bosses e as diversas áreas do mapa para explorar. Cada elemento e cada zona tem um aspeto bastante distinto, com um design repleto de personalidade, tornando todo o design do jogo extremamente memorável. Quase tudo o que se relaciona com o design visual está imaculado, incluindo as animações de todas as personagens e dos cenários, quer em primeiro plano quer em plano de fundo. Há apenas alguns detalhes que poderiam ter sido mais bem trabalhados, particularmente em relação a ataques que de misturam com os cenários. Por exemplo, na área do vulcão o cenário é todo em tons de vermelho e laranja, e os inimigos utilizam ataques de fogo nos mesmos tons. Isto não é algo que aconteça muito, mas é um pormenor que acrescenta alguma dificuldade desnecessária em alguns momentos do jogo.

O ponto mais fraco de Monster Boy acaba por ser o design sonoro. A música da área inicial é agradável e acompanha bem o início das aventuras de Jin, mas entra em loop muito rapidamente. De facto, todas as músicas do jogo sofrem deste mal, tendo loops curtos e tornando-se repetitivas demasiado depressa. Apesar disso, e talvez contra intuitivamente, a grande maioria das músicas é muito pouco memorável, com a música do início do jogo a ser a grande exceção. Já os efeitos sonoros são satisfatórios o suficiente, não contribuindo em grande medida para enaltecer a experiência.



Conclusões
Monster Boy and the Cursed Kingdom é um jogo muito competente, divertido e visualmente atraente, que vai introduzindo elementos novos do primeiro ao último minuto. Com uma jogabilidade bastante variada, um mundo bastante grande para explorar e uma grande quantidade de itens e colecionáveis para encontrar, este título oferece uma boa quantidade de horas de entretenimento. Apesar da componente musical deixar algo a desejar, e uma das áreas finais se tornar algo frustrante, Monster Boy é um jogo bastante recomendável, e um excelente sucessor de Wonder Boy.

O Melhor:
  • Visualmente impressionante, com excelentes animações e uma direção artística vibrante
  • Nível de criatividade exemplar no design das personagens e dos ambientes
  • Jogabilidade é divertida e apresenta uma diversidade impressionante

O Pior:
  • A música é pouco memorável e torna-se muito repetitiva rapidamente


Pontuação do GameForces – 8.5 /10


Título: Monster Boy and the Cursed Kingdom
Desenvolvedora: Game Atelier
Publicadora: FDG Entertainment
Ano: 2018

Nota: Esta análise foi realizada com base na versão digital do jogo para a PlayStation 4, através de um código gentilmente cedido pela FDG Entertainment.


Autor da Análise: Filipe Castro Mesquita
[Análise] Monster Boy and the Cursed Kingdom [PS4] [Análise] Monster Boy and the Cursed Kingdom [PS4] Reviewed by Filipe Castro Mesquita on janeiro 30, 2020 Rating: 5

Sem comentários:

Com tecnologia do Blogger.