Monster Boy and the
Cursed Kingdom foi
desenvolvido na sequência da série de jogos Wonder Boy, inicialmente
publicada pela Sega. Desenvolvido pela Game Atelier e publicado pela FDG
Entertainment, este título inspira-se em vários elementos da série original, e
tem sido apontado como mais um excelente lançamento indie dos últimos
tempos. No entanto, num mercado que começa a ficar algo saturado de jogos deste género, conseguirá Monster
Boy destacar-se?
Em Monster Boy and
the Cursed Kingdom, jogamos com Jin, um rapaz de cabelo azul que vive no
Monster Kingdom. O seu dia é interrompido quando o tio Nabu começa a causar
o caos no reino, transformado toda a gente em animais. Jin recolhe a sua espada
e procura Nabu para o travar, acabando por ser transformado num porco quando o
encontra. Com todo o reino aparentemente transformado, Jin parte em busca de
cinco esferas mágicas, cujo poder poderá ser utilizado para devolver a
normalidade ao reino. Não sendo a história mais original, este argumento
alimenta extremamente bem a jogabilidade que encontramos em Monster Boy.
À medida que se vai
avançando na história e se vai recolhendo esferas, Jin vai ganhando mais formas
de diferentes animais, cada uma com habilidades específicas. A forma de porco
permite usar magia e encontrar segredos através do cheiro; a de cobra permite explorar
corredores mais apertados e cuspir veneno; a de sapo abre novas opções de
navegação e de ataque à distância através da língua; a de leão fornece uma
habilidade de investida poderosa, permitindo ainda atacar na vertical; a de
dragão permite voar e cuspir fogo; e a forma humana original fornece movimentos
curtos e rápidos para escapar ou reposicionarmo-nos durante o combate.
Todas estas formas, e
respetivas habilidades específicas, bem como uma boa variedade de armas,
armaduras e outros equipáveis que se pode colecionar e aprimorar, conferem a Monster
Boy uma jogabilidade impressionantemente variada. Cada equipável tem
efeitos específicos tanto ao nível do combate como da navegação pelo mundo.
Assim, torna-se necessário escolher quais as peças a melhorar, bem como
explorar bem as diversas áreas em busca de novos itens. Apesar desta variedade,
a jogabilidade base é sempre extremamente acessível, com um botão para saltar,
um para atacar e outro para habilidades específicas.
Apesar da jogabilidade
simples, os puzzles e os bosses obrigam-nos a pensar em como utilizar as
diversas habilidades de que dispomos. A grande maioria dos puzzles é bastante direta e
acessível, havendo, contudo, alguns particularmente desafiantes pelo caminho. É
importante conhecer bem cada ponto forte e cada fraqueza das várias formas,
pois alguns puzzles exigem a utilização de habilidades de diferentes
transformações em sequência. É ainda importante explorar bem uma área antes de
se avançar para a seguinte, uma vez que cada nova área vai introduzindo
inimigos cada vez mais poderosos, com as áreas finais a conter inimigos que
retiram grandes quantidades de vida com um só ataque. Os bosses estão sempre
bastante bem equilibrados, havendo alguns com modos de derrotar bastante
diferentes e interessantes.
Um aspeto louvável prende-se
com o ritmo do jogo. A história vai progredindo a um ritmo agradável,
introduzindo novas personagens e zonas. E acima de tudo, o ritmo com que se vai
adquirindo novos equipáveis, novos itens, novas formas e novas habilidades leva
a que o jogo nunca se torne aborrecido. Tudo isto é potenciado através da
exploração do mundo, que se vai tornando mais aberto e com mais zonas
acessíveis à medida que se progride na história. A sensação de progresso é
constante, não só pelo facto de Jin ir ganhando novos poderes regularmente, mas
também através do facto de Monster Boy ir introduzindo diversos elementos
novos do primeiro até ao último minuto.
Cada nova área
introduz novos inimigos, novos elementos e novas maneiras de interagir com os
mesmos. Apesar das zonas recaírem nos estereótipos habituais (há zonas de
praia, de floresta, e de vulcão, por exemplo), o modo como se navega cada zona
e como se interage com os inimigos e perigos que se atravessam no nosso caminho
denota um design cuidadoso e exemplar. Os itens essenciais ao progresso estão
colocados de forma a serem adquiridos naturalmente, o posicionamento dos
inimigos torna a navegação e os puzzles simultaneamente intuitivos e desafiantes,
e cada nova habilidade abre novos caminhos dentro do próprio nível e em níveis
de zonas anteriores. Apenas uma das áreas finais do jogo é que peca por ser
algo confusa e frustrante, apresentando puzzles de resolução um pouco
conturbada e requerendo uma exploração pouco fluída da mesma.
Tudo isto é acompanhado
por uma direção artística colorida e vibrante. É um prazer olhar para as várias
formas de Jin, os NPCs, os inimigos, os bosses e as diversas áreas do mapa para
explorar. Cada elemento e cada zona tem um aspeto bastante distinto, com um
design repleto de personalidade, tornando todo o design do jogo extremamente
memorável. Quase tudo o que se relaciona com o design visual está imaculado,
incluindo as animações de todas as personagens e dos cenários, quer em primeiro
plano quer em plano de fundo. Há apenas alguns detalhes que poderiam ter sido
mais bem trabalhados, particularmente em relação a ataques que de misturam com
os cenários. Por exemplo, na área do vulcão o cenário é todo em tons de
vermelho e laranja, e os inimigos utilizam ataques de fogo nos mesmos tons.
Isto não é algo que aconteça muito, mas é um pormenor que acrescenta alguma
dificuldade desnecessária em alguns momentos do jogo.
O ponto mais fraco de Monster
Boy acaba por ser o design sonoro. A música da área inicial é agradável e
acompanha bem o início das aventuras de Jin, mas entra em loop muito rapidamente.
De facto, todas as músicas do jogo sofrem deste mal, tendo loops curtos
e tornando-se repetitivas demasiado depressa. Apesar disso, e talvez contra
intuitivamente, a grande maioria das músicas é muito pouco memorável, com a
música do início do jogo a ser a grande exceção. Já os efeitos sonoros são satisfatórios
o suficiente, não contribuindo em grande medida para enaltecer a experiência.
Conclusões
Monster Boy and the
Cursed Kingdom é um
jogo muito competente, divertido e visualmente atraente, que vai introduzindo
elementos novos do primeiro ao último minuto. Com uma jogabilidade bastante
variada, um mundo bastante grande para explorar e uma grande quantidade de
itens e colecionáveis para encontrar, este título oferece uma boa quantidade de
horas de entretenimento. Apesar da componente musical deixar algo a desejar, e
uma das áreas finais se tornar algo frustrante, Monster Boy é um jogo
bastante recomendável, e um excelente sucessor de Wonder Boy.
O Melhor:
- Visualmente impressionante, com excelentes animações e uma direção artística vibrante
- Nível de criatividade exemplar no design das personagens e dos ambientes
- Jogabilidade é divertida e apresenta uma diversidade impressionante
O Pior:
- A música é pouco memorável e torna-se muito repetitiva rapidamente
Pontuação do GameForces – 8.5 /10
Título: Monster Boy and the Cursed Kingdom
Desenvolvedora: Game
Atelier
Publicadora: FDG
Entertainment
Ano: 2018
Nota: Esta análise foi realizada com base
na versão digital do jogo para a PlayStation 4, através de um código
gentilmente cedido pela FDG Entertainment.
Autor da Análise:
Filipe Castro Mesquita
[Análise] Monster Boy and the Cursed Kingdom [PS4]
Reviewed by Filipe Castro Mesquita
on
janeiro 30, 2020
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