Desenvolvido pela Cattle Call,
com a assistência da Grezzo e FuRyu, The Alliance Alive foi um título lançado originalmente
para a 3DS em 2017, procurando
apresentar uma aventura RPG clássica, com o apoio do conceituado Yoshitaka
Murayama (série Suikoden) enquanto criador do cenário e setting do jogo.
A história segue as aventuras de
um grupo de personagens, de diversas facções, que se juntam para criar uma
rebelião contra a raça dos Daemons, que conduz um governo de opressão sobre a
raça humana desde a sua invasão à uma milénia atrás. Nessa época, a raça dos
Daemon, com receio de uma energia humana denominada Chaos, criou uma barreira que
causou uma catástrofe a nível global eliminando grande parte da população
humana, poluindo os mares e dividindo o planeta em diversos continentes isolados
entre si. Essa mesma barreira estende-se até aos dias actuais, sobre a forma de
uma corrente negras dos mares que possibilita a regência dos Daemons por
regiões, com humanos como seus súbditos e a raça de animais humanóides denominados
de “BeastFolk” a servir de agentes da ordem em seu nome.
Os nove personagens seleccionáveis,
ainda que inicialmente se encontrem divididos em diversos grupos separados, tornam-se
parte integrante da resistência que procura restituir o controlo do planeta à
humanidade. As personagens Galil e Azura inicialmente introduzidas como as duas
principais, rapidamente perdem esse estatuto, pois com o desenvolvimento da
aventura e apresentação das outras personagens, o nível de caracterização é de
tal forma profundo que no final ficamos com a ideia de equilíbrio entre todas
as personagens do grupo. Consequentemente, este aspecto transmite um sentimento
de coesão dentro do grupo muito interessante mesmo que por vezes exista atritos
entre diversas personagens, mas que no fundo servem para dar profundidade ao
próprio grupo em si (em invés aos indivíduos separadamente).
O título avaliado, The Alliance
Alive HD Remastered, beneficia de um tratamento HD com novas texturas e um maior
detalhe ao grafismo do jogo disponível agora para a Playstation 4, Nintendo
Switch e Microsoft Windows.
Este mesmo grafismo, ainda que
denotando as limitações da sua origem e da própria 3DS, é um ponto positivo
para o jogo, pois existem cenários muito bem conseguidos (por exemplo nas
cidades e algumas localidades no mapa mundo), dando uma boa imersão ao jogo. Efectivamente
a experiencia que transmite está muito bem conseguida, dando um bom sentimento
de cativação do jogador para dentro daquela realidade.
Ainda assim, os gráficos e
ambiente são somente metade da equação. A relação e caracterização das personagens
está óptima. Em tempo algum sentimos a tendência de alongar demasiado a
história ou menosprezar uma personagem em prol de outra. Existe efectivamente
uma caracterização muito cuidada de todo o ambiente do jogo, onde é notória a
influencia de Murayama. O que fundamentalmente
pretendemos transmitir é que a disputa das nossas personagens perante a situação
que lhes está imposta, a maneira como é apresentada e os laços entre
personagens que são tecidos, são extremamente cativantes e facilmente os maiores trunfos deste jogo. O facto do jogo ter o “pacing” de história certo, associado às
situações de humor ocasionais são perfeitas para manter o interesse do jogado.
Como inicialmente mencionado, a
jogabilidade segue os trâmites de um RPG tradicional. Sentimos que nesta
valência claramente foi apostado a manutenção de um sistema tradicional, com
provas dadas ao invés de arriscar em mecânicas novas. Basicamente estamos
perante um modelo de jogo da década de 90, onde temos combates por turnos,
diversas armas e diversos feitiços ou itens. O próprio sistema de evolução é
baseado nas acções das nossas personagens durante as batalhas, ao invés do comum
sistema de pontos de experiência. Resumidamente segue o mesmo estilo já verificado
em outras séries (por exemplo Final Fantasy) onde certa característica aumenta
conforme a sua utilização. Exemplificando, se escolhermos ser mais atacantes físicos
essa característica sobre, se usar mais magias sobre o ataque de magia ou se
perdermos muito HP podemos ver o HP subir um pouco. Complementarmente existe um
esquema de “guilds” que podem proporcionar apoio à nossa equipa, à medida que
vão sendo desbloqueadas, proporcionando diversos benefícios durante os
combates.
No fundo sentimos que a produtora poderia ter arriscado um pouco mais no âmbito da jogabilidade, mas que não deixa de ser uma aposta sólida para amantes do género. Em termos sonoros, também se notou que este remaster em HD poderia ter arriscado um pouco mais. Não que a ambientação seja má, mas em termos de músicas e vocalização perdeu-se uma boa oportunidade de melhor significativamente o produto final. Denotamos em particular o facto de que este título não conta com vozes para as personagens, novamente muito similar aos primórdios dos JRPGs.
Resumo
The Alliance Alive é um sólido JRPG de estratégia
por turnos que procura homenagear os RPGs da década de 90, mas que no fundo
perde por se prender muito a esse conceito. A caracterização do ambiente e
personagens está extremamente bem conseguido, mas a jogabilidade e falta de vozes
dos personagens poderá afastar alguns dos jogadores menos entusiastas.
Ainda assim, é um jogo que denota uma boa quantidade
de carisma e personalidade, pois a caracterização das personagens, assim como a
forma de relacionamento entre estas e a forma de como a história é apresentada
consegue prender o jogador durante horas.
Para quem é fã de jogos por turnos é certamente uma
boa aposta.
O Melhor:
- Design do ambiente e setting criado;
- Caracterização das personagens;
- Aspecto gráfico das cidades e certas localizações;
O Pior:
- Falta de diálogo.
Pontuação do GameForces – 7,5/10
Título: The Alliance Alive HD Remastered
Desenvolvedora: Cattle Call
Publicadora: Nippon Ichi Software
America
Ano: 2019
Autor da Análise: Carlos Silva
[Análise] The Alliance Alive HD Remastered [PS4]
Reviewed by Carlos Silva
on
janeiro 31, 2020
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