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Título: The Outer Worlds
Na edição
dos Game Awards de 2018, a Obsidian Entertainment anunciou ao mundo aquele que
viria a ser o seu último projeto antes de se integrado no grupo de estúdios da
Miscrosoft – The Outer Worlds. Nessa altura, surgiram as comparações com
a série Fallout, o que não é de estranhar depois de este estúdio ter
sido responsável pelo bem recebido Fallout: New Vegas. Mas será este
título apenas uma tentativa de imitar esta franquia tão conhecida, ou será algo
mais?
Em The
Outer Worlds, assumimos o controlo de um dos tripulantes da nave colonial
Hope, que sofre um acidente e fica a flutuar no espaço à deriva da colónia Halcyon.
Esta colónia é mantida por megacorporações, governada por uma Direcção e onde encontramos uma população a passar dificuldades, mas com uma mentalidade
corporativa a ditar a vida da mesma. Somos salvos por um cientista louco e
largados em Terra-2, com o objectivo de ganhar acesso à nave que se tornará a
nossa base – a Unreliable.
Assim que
começamos a jogar, somos expostos a uma cutscene que resume o cenário
geral do jogo, e apercebemos-nos do sentido de humor ora perspicaz ora nonsense
que nos irá acompanhar nas dezenas de horas que se seguirão. De seguida,
teremos que criar uma personagem, definindo o seu aspecto físico e os seus
atributos. Esta caracterização é bastante profunda, sobretudo no que toca aos
atributos, que se relacionam directamente com os mecanismos de RPG deste título e
irão influenciar as habilidades e a jogabilidade. Como primeira tarefa, isto
pode ser algo intimidativo, sobretudo pelo impacto que terá ao longo de todo o
jogo, mas após uma rápida leitura das opções apresentadas, todo o sistema se
torna acessível. Ao longo do jogo, este sistema vai ficando cada vez mais
intuitivo com cada nível que passamos, com a distribuição de pontos pelos
atributos e a escolha de perks a tornar-se mais fácil.
De facto,
nos primeiros 30 minutos de jogo, fica-se logo com todas as ferramentas
necessárias para se ter sucesso em The Outer Worlds. Ao ganhar controlo
da nossa personagem, até chegarmos à primeira cidade, experimentamos a maioria
das mecânicas de jogo: os diálogos, o combate, o stealth, o equipamento
de armas, armaduras e itens de cura, e o Tactical Time Dilation (TTD) – uma
mecânica que nos permite desacelerar o tempo e apontar a partes específicas do
corpo de um inimigo. Esta primeira área do jogo fornece, assim, um tutorial
muito pouco invasivo, um ponto sempre extremamente positivo. Apenas aparecem
duas ou três mensagens a indicar botões e funcionalidades (por exemplo, o
sprint e o TTD), e o resto é ensinado através da experimentação ou através de
uma explicação por parte do tal cientista que nos salva, que é sempre coerente
com a história e com os acontecimentos.
Apesar deste
bombardeamento inicial, a partir daqui tudo vai fluindo. À medida que
progredimos, vamos interagindo com imensas personagens diferentes, vamos
percebendo as vantagens e desvantagens da nossa build, e vamos tomando
decisões e lidando com as consequências das mesmas. Estas decisões e as opções
que tomamos, vão irremediavelmente afectar as personagens com que nos deparamos, particularmente os companheiros que se vão juntando à nossa equipa, o mundo
que nos rodeia e, inclusive, moldando a história das missões principais e
secundárias.
No fundo,
The Outer Worlds é um jogo de decisões. As opções de diálogo que tomamos, a
decisão de ajudar um facção ou outra, a agressividade que mostramos para com
NPCs, tudo isto importa. A variedade de opções que os produtores incluíram no
jogo é extraordinária, podendo não só atacar tudo com que nos cruzamos, mas
obter dos nossos companheiros reacções, no mínimo, adequadas. Como não podia
deixar de ser, todas as nossas opções afectam o final do jogo, determinando se a
história termina bem ou não.
Esta riqueza
de opções não poderia ser possível se a escrita e a construção do mundo não
acompanhassem. Felizmente, as missões estão extremamente bem estruturadas,
e levam-nos a explorar áreas diferentes dos mapas e a interagir com personagens
sempre únicas e interessantes. Neste aspecto, tudo o que se relaciona com os
vários companheiros sobressai exemplarmente. São estes que nos dão as missões
mais motivantes e as conversas mais estimulantes, que vemos a desenvolver-se
mais notoriamente, e que tornam o mundo de Halcyon tão vivido e imersivo. Estas
personagens e as iterações que estas vão tendo com o mundo, com outras
personagens e entre si, são dos melhores aspectos que vão encontrar em qualquer
videojogo.
Abordando a
aspectos mais técnicos, The Outer Worlds apresenta-se com uma direcção
artística extremamente bem conseguida. Os gráficos não são os mais realistas,
nem tentam ser, preferindo apresentar um estilo próprio e coerente. Os cenários
são diversificados, e as várias zonas de cada mapa apresentam uma identidade
distinta. Desde o interior de naves espaciais, a zonas florestais, a
superfícies desertas de asteróides, até às cidades e povoações, a variedade de
cenários e de vida está muitíssimo bem conseguida. Tudo isto leva que a
exploração das várias áreas exteriores ou interiores seja sempre um prazer. É com este explorar extensivo que nos apercebemos da grande quantidade de
armas, armaduras e modificações existentes para as mesmas, bem como da
variedade e o design de criaturas e inimigos.
O design
sonoro do mundo é um factor que enaltece toda a experiência. Nos diversos
ambientes, os sons de fundo são sempre adequados, e os efeitos sonoros das
armas e dos inimigos alvejados induzem sempre uma sensação de satisfação. O
trabalho dos voice actors, quer das personagens principais quer das de
fundo, é quase sempre exímio, sendo mais um aspecto a contribuir para a sensação
de se estar num mundo bem vivo. O aspecto sonoro menos positivo acaba por ser a
música, que cumpre suficientemente a sua função, mas nunca parece enaltecer a
experiência por aí além.
Num título
que apresenta uma atenção ao detalhe tão minuciosa e que apresenta tantos
aspecto de excelência, é pena conter alguns soluços técnicos. O pior acaba por
ser os tempos de carregamento excessivos, que, por vezes, nos retiram de um
mundo tão atraente durante minutos de uma vez. Isto é sobretudo notório quando
se transita de uma zona para outra, ou quando se utiliza o fast travel,
mas acontece uma vez ou outra quando se inicia um diálogo e se fica uns
segundos a olhar nos olhos de um NPC. Outro pequeno detalhe que há que referir
é o de se notar as texturas menos detalhadas nas caras destes NPCs ou nos
objectos que preenchem o mundo quando nos aproximamos muito. Estas notas podem
ser apenas detalhes, mas denotam alguma falta de optimização que é uma pena não
terem merecido um pouco mais de atenção, apesar de não terem praticamente
impacto no geral de uma experiência de excelência.
Conclusões
The Outer
Worlds é um jogo que
faz algumas coisas muito bem, e que faz a esmagadora maioria delas com
excelência. A riqueza da direcção artística, das personagens, da interacção com o
mundo e da escrita é do melhor que se pode encontrar no mundo dos videojogos. A
diversidade de missões secundárias interessantes, a variedade de armas, de
armaduras e de opções de customização são também outros pontos de destaque em
relação a jogos semelhantes. Quando se termina The Outer Worlds pela
primeira vez, fica-se com vontade de começar a aventura de novo, e de
experimentar interagir com o mundo de maneiras diferentes. Apesar de ocasionais
soluços na optimização gráfica e técnica, este é um título que qualquer jogador
deve, no mínimo, experimentar, e que, sem dúvida, deleitará qualquer amante de
RPGs.
O Melhor:
- Profundo sistema de RPG que obriga a algum planeamento tático.
- Sistema de diálogos sem ambiguidades e impecavelmente implementado.
- Riqueza das personagens e da interação com estas, e destas com outras ou com o mundo.
- Sentido de humor do argumento realça todas as qualidades do jogo.
O Pior:
- Ocasionais problemas de otimização técnica, como loadings longos.
- Gráficos não tão detalhados quando se está próximo de um objeto ou personagem.
Pontuação do GameForces - 9/10
Título: The Outer Worlds
Desenvolvedora: Obsidian Entertainment
Publicadora: Private Division
Ano: 2019
Nota: Esta análise foi realizada com base na versão digital do jogo para a Playstation 4, através de um código gentilmente cedido pela Obsidian.
Autor da
Análise: Filipe Castro Mesquita
[Análise] The Outer Worlds [PS4]
Reviewed by Carlos Silva
on
dezembro 02, 2019
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