[Análise] Aeterno Blade 2 [PS4]



Aeterno Blade 2 é um título desenvolvido pela Corecell, que combina elementos de plataformas, com exploração e RPG. Desta vez temos a possibilidade de controlar três personagens diferentes, cada uma com jogabilidades completamente distintas. É notório e refrescante o tipo de combate e manipulação do tempo que cada um apresenta, sendo a sua implementação na resolução dos puzzles do jogo uma mais-valia. Consequentemente estamos perante uma interessante e significativa evolução da complexidade dos puzzles e desafios do jogo, perante o título anterior.

O jogo retorna ao mundo previamente criado, onde após os eventos de Aeterno Blade, Freyja a nossa personagem principal, procura viver uma pacata vida em Ridgerode. Contudo, um evento leva à destabilização desta realidade e o seu consequente desaparecimento. Com vista a resolver este problema a heroína irá novamente iniciar uma demanda com vista a recuperar o que havia perdido. Numa sequência paralela, dois heróis, Bernard e Felix, encontram-se a caminho da Eternity Fortress, com o intuito de parar o desastre profetizado por um buraco negro no céu. Eventualmente os três heróis encontram-se e unem esforços no sentido de combater um mal comum que procura destruir todo o espaço/tempo.



Esta aventura é apresentada através de pequenas sequências animadas e pela interacção entre personagens. Contudo estas interacções apresentam uma autenticidade muito pouco sólida e ao longo do jogo todo o voice acting é no mínimo sofrível, nunca denotando uma naturalidade que privilegie o evoluir fluido da narrativa. Ainda que seja facil de denotar a existência de um esforço consciente para dar profundidade à caracterização das personagens, verdadeiramente nunca conseguimos nos associar a nenhuma delas. Também o enredo e a forma de como a história é apresentada não é muito clara e torna-se confusa à medida que vai sendo desenrolada.
Visualmente o jogo é competente o suficiente para dar uma boa profundidade aos cenários e por vezes somos até mesmo presenteados com algumas imagens realmente cativantes. Contudo os cenários caem no erro da repetividade e frequentemente somos brindados com salas e corredores similares entre si. Os modelos das personagens são simplicistas e a falta de animação facial mais detalhada prejudica bastante a imersão e associação por parte dos jogadores.



No âmbito da jogabilidade e combates na sua perspectiva 2.5D, esta é bastante intuitiva, divertida e gratificante, mesmo considerando os diferentes tipos de estilos de combate existentes. Este sentimento de gratificação associado aos combates é efectivamente um dos pontos positivos do jogo a par dos seus puzzles. As lutas contra os bosses são cativantes e divertem genuinamente, devido às mecânicas temporais que podemos utilizar e a jogabilidade por si própria, que frequentemente mistura movimentação nas duas e três dimensões. Contudo, entre estes pontos altos, somos continuamente submetidos a uma repetividade desnecessária. Grande parte do jogo consiste em submeter o jogador a uma série de batalhas em arenas/salas fechadas até derrotar todos os inimigos e ser possível seguir para a proxima área e consequentemente com a aventura.



Ainda que a vasta maioria do jogo mantenha um aspecto de jogo de plataformas, como previamente mencionado, certas sequências permitem ao jogador uma maior liberdade, com a possibilidade de controlar a personagem nas três dimensões do cenário. Ainda que se entenda o motivo da integração desta mecânica e que por vezes transmita uma sensação genuinamente agradável para o jogador, na verdade é notório que o jogo não estava preparado para a sua implementação. Nestas alturas, principalmente nas lutas contra os Bosses maiores, o controlo da personagem não é intuitivo, mesmo com o auto lock e a camara também não ajuda. São diversas as ocasiões que não conseguimos descortinar o que está a acontecer, devido à camara estar muito em cima do jogador e os inimigos serem de uma escala muito superior. Por outro lado, é frequente perder o auto lock e fazer com que andemos perdidos uns segundos à procura do inimigo novamente.

Mas os problemas do jogo não acabam aqui. Durante a perspectiva 2.5D, existem dificuldades com o controlo do movimento da personagem e é frequente esta bloquear quando deslizamos ligeiramente o analógico mais para baixo ou para cima daquilo que consideramos o sentido natural de movimento da personagem (versus o input que o jogo reconhece como correcto).



Conclusões
A sensação com que ficamos no final de Aeterno Blade 2 é de haver uma dualidade no seu desenvolvimento. Enquanto a exploração, as mecânicas de manipulação temporal e combates tendem a ser divertidos, por outro lado existem problemas graves no controlo da personagem, nas suas caracterizações e na repetividade do jogo entre “pontos altos”. 
Numa altura em que existem outros títulos sólidos e alternativos dentro deste género, este tipo de problemas não deveriam passar a fase de concepção e acreditamos que Aeterno Blade 2 poderia ser um título de muito maior destaque se por ventura estas arestas tivessem sido devidamente tratadas.



O Melhor:
  • Puzzles interessantes;
  • Possibilidade de controlo de 3 personagens distintas;
  • Sensação de gratificação do combate.


O Pior:
  • Problemas de jogabilidade e controlo da personagem;
  • Caracterização da personagens e Voice acting sofrível;
  • Repetividade dos elementos de combate e exploração a meio do jogo.



Pontuação do GameForces – 4.5/10





Título: Aeterno Blade 2
Desenvolvedora: Corecell Technology
Publicadora: PQube
Ano: 2019

Nota: Esta análise foi realizada com base na versão digital do jogo para a Playstation 4, através de um código gentilmente cedido pela PQube.


Autor da Análise: Carlos Silva 

[Análise] Aeterno Blade 2 [PS4] [Análise] Aeterno Blade 2 [PS4] Reviewed by Carlos Silva on dezembro 27, 2019 Rating: 5

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