Need for Speed. Mais ou menos a cada dois anos sai um novo desta franquia. Mas antes de sequer falarmos de Need for Speed Unbound, gostaria que tanto eu como os leitores parássemos um pouco e meditássemos em qual foi o jogo da saga que mais apreciamos. Já está? Chegaram à mesma conclusão que eu? Underground/Underground 2? Não errei por muito pois não? Pois bem, relembro que estes títulos saíram em 2003 e 2004 respetivamente. Desde ai já saíram inúmeros "Need for Speeds" que ficaram sempre aquém das expectativas dos jogadores.
Será que 2022 é o ano de finalmente sentirmos uma aceleração ou ficamos pela garagem?
Nos trailers a anunciar a vinda de Need for Speed Unbound o que mais se destacou foi os efeitos meio cartoonizados que certas animações proporcionavam. Estes efeitos dividiram as criticas, e mesmo sendo possível desligar estes efeitos, apelamos aos leitores que não o façam pois, para nós, o contraste entre estes efeitos e a realidade imposta nos visuais dos carros em cada detalhe torna visualmente uma experiencia bastante interessante. Os drifs, saltos depois de uma rampa, o fumo dos pneus numa travagem mais acentuada ganham aqui uma nova vida que proporciona à jogabilidade um impacto visual atraente.
Mencionamos que estas cores mais vibrantes estão presentes também na criação do nosso personagem onde podemos personalizar praticamente tudo, com uma variedade saudável de itens para construir o nosso street racer ao nosso gosto.
Mas voltando à condução per se, aqui talvez o ponto alto de Unbound, não temos qualquer falha a apontar. É realmente um deleite conduzir pela cidade de Lakeshore rica em detalhes. O sentimento de velocidade está lá. A destreza de fazer a travagem correta para uma curva em drift, a entrada de uma nova mudança, o poder do nitro, tudo é perfeitamente sentido pelo jogador. Quando entramos numa estrada de terra batida com um carro preparado para asfalto o barulho do motor trás logo uma sensação de dor ao coração de qualquer um.
Infelizmente há alguns pormenores que levam esta vertente a um sinal de STOP. O modo como o jogo faz a sua progressão e nos obriga a tomar decisões sobre que corridas fazer, deixa-nos maioritariamente desanimados e desmotivados. Passamos a explicar.
Há semelhança de inúmeros jogos da saga, somos traídos por alguém de confiança e agora temos que subir na reputação para provarmos que somos os melhores. Em Unbound a progressão é diária, dividida entre dia e noite. No final de cada semana temos uma corrida principal que temos que ganhar para assim provar o nosso valor e avançar para a semana seguinte, num total de 4 semanas. Até aqui nada de novo, mas também nunca nos preocupamos muito com a história em si neste tipo de simuladores certo? Queremos conduzir as nossas máquinas e pronto.
Durante os dias da semana temos corridas de manha e corridas de noite muito à semelhança de Need for Speed Heat, em que as corridas durante o dia dão menos dinheiro mas também o nosso medidor de policia sobe menos contra o oposto da noite onde podemos fazer uma quantia avultada de dinheiro mas com o risco de mais vezes sermos apanhados e presos. O que acontece em Unbound é que temos que fazer uma analise demasiado criteriosa sobre que corridas fazer para assim balancear entre o valor que recebemos na corrida versus o aumento que a mesma corrida trás ao nosso medidor.
Para tentar amealhar o máximo de dinheiro é praticamente impossível não ganhar o nível máximo de heat (medidor de policia). No fundo, passamos praticamente o turno da noite não a fazer corridas mas a fugir da policia, pois se formos apanhados, o dinheiro que ganhámos nas corridas dessa fase é nos retirado. Em adição a este aspecto, em níveis mais altos de heat temos carros bastante mais velozes e resistentes que o nosso atrás de nós, carros à paisana e até helicópteros . Isto torna o simples facto de andar pela cidade até ao ponto de uma próxima corrida um autentico pesadelo.
Novamente temos de pensar se é realmente melhor ir para a próxima corrida ou simplesmente terminar aquela fase para assim fazer reset ao heat e avançar para o dia seguinte. Adicionalmente, só podemos repetir as corridas um determinado numero de vezes (consoante a dificuldade de jogo que escolhemos) o que pesará na decisão de avançarmos o dia ou não e deixarmos várias corridas para trás.
Isto em si não seria necessariamente um problema... se o dinheiro não fosse extremamente escasso! Convenhamos que, o que queremos em Need for Speed é aquela garagem de sonho, com Bugattis, Ferraris, McLarens, entre outros super carros correto? Novamente, a tentativa de balancear o jogo tornou essa tarefa quase impossível. Existem simplesmente demasiados aspectos que dificultam em demasia a angariação de dinheiro. Desde a decisão explicada previamente em não fazer as corridas para não ser apanhado pela policia, passando pelo fato de as próprias corridas terem um custo para entrar e os últimos lugares darem prejuízo ao jogador e finalizando na necessidade de gastar dinheiro na nossa garagem para poder ter acesso às peças melhores (e também mais caras), tudo torna o jogo extremamente entedioso e aborrecido nesta vertente.
Para tentar mitigar essa dificuldade, em algumas corridas especificas o primeiro prémio é um novo veiculo, mas novamente, esse tipo de corridas tem um custo de entrada extremamente elevado o que pode não compensar o investimento para a nova viatura.
E para prejudicar ainda, a partir da segunda semana, Need for Speed Unbound traz-nos um sentimento de repetição, onde parece que fazemos vezes sem conta as mesmas corridas, sem grandes diferenças entre elas, sendo os modos das mesmas bastante semelhantes. Aqui realçamos o modo de Takeover onde temos que andar por um percurso destruindo certos objetos e desviando de outros. Mas infelizmente todas estas corridas parecem passar-se sempre nos mesmo locais, notando aqui claramente um fraco aproveitamento de todo o mapa.
E por falar no mapa da cidade, podemos explorá-lo á procura de colecionáveis, entre bonecos de ursos, pinturas em paredes ou mesmo destruir painéis publicitários, que ao fazermos conseguimos uma pequena quantia de dinheiro ( já mencionei o quão escasso é certo?).
Felizmente algo que nos ajuda a distrair da frustração do gameplay é a banda sonora. Sempre com ritmos de HipHop a encaixar no ambiente mais underground do próprio jogo, trás aquela sensação de street racing a um bom patamar. Aliado a isso está a vertente audiovisual, onde o roncar dos motores, o chiar dos travões, a explosão do nitro, a própria policia com os seus helicópteros catapultam-nos para o acento do condutor, com o bom uso do DualSense aqui também a destacar-se. Complementando esta componente está a prestação gráfica, onde na Playstation 5 tivemos sempre os 60 frames por segundo sem qualquer quebra, o que a 300 km/h é realmente um experiencia agradável não ver o desempenho comprometido.
Para terminar, mencionamos também o modo Multiplayer, que infelizmente pouco acrescenta a Need for Speed Unbound. Vamos fazer corridas para juntar dinheiro para comprar carros melhores e de outras classes ( vão desde B,A, A+, S e S+). A única diferença para este modo é que se entrarmos numa corrida que seja necessário um carro de uma classe que não tenhamos, o jogo empresta-nos um minimamente decente para assim termos oportunidade de ficarmos num lugar de topo da corrida.
Conclusões
- Condução extremamente apelativa;
- Graficamente interessante e detalhado;
- Banda sonora e vertente audiovisual bem feita;
- Mapa bastante grande e diversificado mas...
- ....Pouco aproveitado;
- Balanço ineficaz em relação à jogabilidade e ao dinheiro ingame;
- Excesso de fugas á policia que se tornam maçadoras;
- Repetição nas corridas;
Título: Need for Speed Unbound
Desenvolvedora: Criterion Games
Publicadora: Electronic Arts
Ano: 2022
Nota: Esta análise foi realizada com base na versão digital do jogo para a PlayStation 5, através de um código gentilmente cedido pela PlayNXT .
Autor da Análise: Filipe Martins
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