Análise | TMNT: Shredder's Revenge - Regresso em Glória




Se há série de animação representativa de toda a irreverência dos anos 80 e 90 é a das Tartarugas Ninja, mas dizer isto em português é estranho, por isso permitam-me um pouco de inglesismos! Estamos a falar das famosas “Teenage Mutant Ninja Turtles...Heroes on a Half-Shell, Turtle Power"!

O que muitos poderão não saber é que as icónicas tartarugas começaram como uma simples banda desenhada que, resultante do seu sucesso, conseguiu ver os direitos vendidos para a Playmates Toys, criando assim toda uma alinha de figuras de acção que deixou a criançada (inclusive o ilustre redactor deste artigo) louca. Daqui, muito à semelhança de outros franchises (como por exemplo He-man ou os Transformers), foi criada a famosa série animada que catapultou para a estratosfera a popularidade deste quarteto fantástico (que não o da Marvel!).

Com a nova popularidade, as suas aventuras facilmente foram transpostas para outros meios de divertimento. Em particular destacamos os videojogos, produzidos inicialmente pela Konami e posteriormente pela Ubisoft e Activision. Na globalidade, foram títulos que conseguiram entregar experiencias razoáveis, mas que considerando a série em questão sempre ficaram aquém das expectativas. Naturalmente, quando um título com aspecto e jogabilidade retro foi anunciado pela Dotemu, grandes foram as expectativas criadas.




Shredder’s Revenge destaca-se numa primeira instância pelo seu retorno às origens. Quem acompanha minimamente a evolução deste franchise e tem filhos pequenos sabe perfeitamente que existiram diversas reformulações da série e aspecto dos heróis ao longo dos anos. Ainda assim, este título apostou num regresso ao design original, enquanto apostando num modelo de beat’em up, bem mais simples que os jogos mais recentes e remanescente das experiencias de outrora.

Fazendo relembrar a jogabilidade de “Teenage Mutant Ninja Turtles” de 1989, lançado para as plataformas da altura (NES, Amiga, Amstrad CPC, Atari ST, Commodore 64, DOS e ZX Spectrum), ou mesmo "Turtles in Time" (SNES), estamos perante um título com mecânicas actualizadas aos padrões modernos dos videojogos. Não é propriamente o jogo do género mais complexo, onde títulos similares apresentam mecânicas de jogabilidade mais sólidas. A quantidade de combos e ataques especiais é inferior, mas por outro lado existe uma maior enfâse nas técnicas de esquiva e contra ataque. Portanto podemos considerar que existe um equilíbrio diferente, mas perfeitamente viável da jogabilidade.



Outro aspecto que alude ao título de 1989 é o grafismo do jogo. Em Shredder’s Revenge somos presenteados com gráficos pixelizados verdadeiramente cativantes. Não somente os modelos, palete de cores ou cenários estão bastante vivos e detalhados, como evocam uma verdadeira caracterização do que era a série nessa altura. Os cenários, adversários e personagens seguem a série original sem grandes modificações, o que para os mais nostálgicos é um ponto bastante positivo. Ainda assim, notamos que a quantidade de personagens que podemos desbloquear é diminuta, quando comparada com outros títulos do género (como por exemplo Streets of Rage 4).

No que se refere à sua estrutura, o jogo apresenta um conceito bastante simples. Existem somente dois modos de jogo: arcada e história. Salientamos em particular que ambos permitem jogabilidade até 6 jogadores online ou localmente e existe cross play entre PC e Xbox (adicionalmente, a editora está a trabalhar para expandir para mais plataformas).



Tal como o nome indica, o modo história permite percorrer os diversos níveis da história, evoluindo cada uma das tartarugas ao cumprir missões dentro do jogo. Basicamente controlamos a icónica carrinhas das tartarugas, enquanto navegamos por Nova Iorque e escolhemos diferentes níveis (capítulos da história) para passar. Existe, portanto, a possibilidade de repetir diversos níveis em procura de vários coleccionáveis ou dos diversos segredos espalhados. É neste modo que teremos algumas side quests simples para completar, todas elas objectivando a procura de colecionáveis.

Já o modo Arcada procura simular a experiencia das arcadas, onde o jogador tem somente uma possibilidade de passar o jogo do início ao fim, e sem hipótese de gravação entre capítulos. Muito à semelhança das arcadas, o objectivo passa por acumular o maior número de pontos e ver como nos comportamos nas tabelas de pontuações mundiais e entre amigos.



Efectivamente, denotamos que estes modos são poucos e não permitem prolongar bastante a experiencia. Convenhamos que em 3 horas fazemos tudo o que existe para fazer, pelo que gostaríamos de ver mais opções disponibilizadas. A inclusão de uma galeria de arte, também poderia ser uma adição de valor acrescentado. Mas no global e considerando o objectivo da experiência, conseguimos aceitar aquilo que é apresentado actualmente como..."suficiente".

Por fim temos de deixar menção aquilo que é possivelmente o melhor aspecto do jogo: A sua banda sonora. Se existe exemplo a seguir para qualquer produtor de videojogos, ao que se refere à banda sonora, é o trabalho realizado em Shredder’s Revenge. Mais uma vez Tee Lopes (compositor famoso por bandas sonoras de títulos como Streets of Rage 4 ou Sonic Mania) conseguiu preparar uma composição extraordinária, memorável e envolvente, sem esquecer a origem das músicas originais e conceito da série. Salientamos em particular as contribuições de diversos músicos da actualidade como Jonny Atma, Mike Patton ou Mega Ran, que conseguiram transmitir toda a sua experiencia nas faixas em que participaram. O resultado é uma componente que não somente envolve os diversos aspectos desta experiência, como a consegue elevar diversos patamares acima.





Conclusões
Teenage Mutant Ninja Turtles: Shredder’s Revenge é uma verdadeira homenagem à série dos anos 80 e 90, capaz de nos transportar para sentimentos que guardamos carinhosamente na nossa mente. Ainda assim, consegue por mérito próprio destacar-se como um beat’em up competente para novas gerações que o desejem experimentar. Estamos perante um título essencial para qualquer amante do género e que para os demais, é uma óptima alternativa para passar um serão bem passado.




O Melhor
  • Grafismo e arte cativantes e verdadeiramente evocadoras da experiencia dos anos 80 e 90;
  • Banda sonora extraordinária, capaz de nos envolver e capturar na experiencia;
  • Jogabilidade viciante e divertida…


O Pior:
  • …, mas mais simples que outros títulos do género;
  • Poucos modos ou forma de prolongar a experiencia para além da história principal.






Pontuação do GameForces – 8.5/10


Título: TMNT: Shredder's Revenge
Desenvolvedora: Tribute Games
Publicadora: Limited Run Games, DotEmu, Gamera Games
Ano: 2022



Nota: Esta análise foi realizada com base na versão digital do jogo para a PlayStation 4, através de um código gentilmente cedido pela DotEmu.


Autor da Análise: Carlos Silva

Análise | TMNT: Shredder's Revenge - Regresso em Glória Análise | TMNT: Shredder's Revenge - Regresso em Glória Reviewed by Carlos Silva on junho 27, 2022 Rating: 5

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