Phoenix Point: Behemoth Edition [PS5] - O Irmão Mais Novo de X-COM?

 A versão original de Phoenix Point saiu em 2019, enquanto X-COM 2, um dos mais conhecidos jogos do estilo, em 2016. Devido a algumas parecenças óbvias é praticamente impossível não comparar os títulos. Ambos foram imaginados pelo "pai" projetista e designer Julian Gollop, daí apelidarmos Phoenix Point de irmão mais novo. Mas se "fisicamente" pode ter similaridades, enganam-se se tiverem a ideia que é uma copia exata da saga X-Com. Em termos de "personalidade" é bastante distinto e tem o seu próprio valor nesta grande mundo que é os videojogos. Nesta versão completa denominada Behemoth o que poderá Phoenix Point trazer de novo em 2021?

Para contextualizar os jogadores, Phoenix Point começa com uma introdução onde nos conta o que é o Projeto Phoenix. Era uma iniciativa secreta, onde os melhores cientistas, engenheiros, construtores e militares se juntaram para preparar o mundo para o evento de uma possível catástrofe a nível planetário. Com o decorrer dos tempos o projeto foi sendo abandonado pelos países e sem fundos acabou esquecido e terminado.

Agora, resultante do aquecimento global, foi descoberto nos glaciares derretidos um vírus com um ADN nunca antes visto, apelidado de PandoraVirus. Principalmente os crustáceos começaram a apresentar alterações comportamentais, revelando-se mais agressivos mesmo contra predadores maiores. Relatos do surgimento de misteriosos e aleatórios nevoeiros são também recorrentes. Quando esta névoa começa a chegar às cidades, as pessoas perdem a consciência e vão em direção ao mar para voltarem alguns dias mais tarde deformados, com mutações e com comportamentos animalescos e agressivos. 



Os líderes mundiais acreditam que é uma arma biológica e assumem um estado de emergência e guerra. Milhares de mortos, cidades destruídas e o vírus a propagar-se. Estamos perante o ambiente para qual o Projeto Phoenix foi criado e cuja necessidade revela-se agora como um imperativo para toda a humanidade. Assumindo o papel de líder do projeto, cabe-nos a nós usar os poucos recursos existentes para criar e restaurar bases, descobrir a origem do vírus e exterminar esta ameaça. No desenrolar da história temos várias cutscenes apresentadas num formato equiparável a banda desenhada onde as vocalizações estão bastantes emotivas, e delineadas, com um discurso que se enquadra perfeitamente na temática do jogo.



Phoenix Point apresenta um complexo sistema estratégico que poderá parecer inicialmente demasiado complicado e cuja explicação beneficia de uma fragmentação em duas valências distintas.

Missões/Combate

O nosso pelotão é formado por um máximo de 6 operativos com classes diferentes  que têm à sua disposição uma variedade de armas (como por exemplo, snipers, metralhadoras, pistolas). Cada uma das classes é mais proficiente numa em prol das outras, pelo que cabe ao jogador perceber como gerir este grupo em cada missão, utilizando as capacidades de cada um, com vista a maximizar as probabilidades de sucesso. Os combates são feitos por turnos, primeiro o nosso esquadrão completo e de seguida o inimigo e assim sucessivamente. Cada personagem tem um numero limitado de AP (Action Points), servindo estes para movimentar, atacar, habilidades etc. É no uso destes AP que temos de planear cuidadosamente cada turno para sairmos vitoriosos. Porque se avançamos demasiado o nosso personagem, podemos encontrar um inimigo ao virar da esquina e já não termos pontos suficientes para atacarmos, ficando assim a disposição do turno do inimigo para nos atacar. No chão aparece delineado o quão distante podemos andar, mas também o quanto podemos avançar mas deixando AP's suficientes para ainda atacar ou ficarmos de guarda (e prontos a atacar se um inimigo aparecer no raio de visão.)



Existem vários tipos de missões, desde a mais básica de eliminar todos os inimigos, ou termos que defender determinados pontos onde inimigos estão sempre a aparecer, ou mesmo resgatar algum NPC.
Ao sairmos vitoriosos ganhamos pontos de experiencia que fazem evoluir especificamente cada personagem. De igual forma recebemos pontos gerais que podemos usar em qualquer um membro da equipa, facilitando assim essa evolução. Uma nova implementação foi criada quando o nosso personagem chega a nivel 4, onde pode desbloquear uma nova classe tentando assim colmatar algumas partes negativas das classes primárias. Durante o decorrer da campanha, apesar de as dinâmicas serem sempre similares, com o uso de novas habilidades e armas acabamos por alterar o estilo tático inicial o que não trás uma sensação de repetição.



Os inimigos iniciais como mencionado são meio humanos com mutações crustáceas, como por exemplo pinças ou carapaças. Eventualmente acabam por evoluir e incorporar armas humanas podendo assim atacar-nos á distancia. Avançando nas missões começam a aparecer uma maior variedade de inimigos com maior complexidade o que nos obriga a ter uma maior capacidade estratégica. Este é definitivamente um ponto bastante positivo, pois em cada missão nunca sabemos que tipo de inimigos vamos encontrar.
Há também ataques que nos deixam paralisados, envenenados ou mesmo que nos tiram WillPoints (quando ficamos com esses pontos a zero o nosso personagem foge e não o conseguimos controlar mais nessa missão). 

Uma nova mecânica implementada nesta nova edição foi a Free Aim. Esta deixa-nos apontar para o inimigo com um maior zoom e escolher a área onde queremos acertar (bastante semelhante à saga Fallout), só que em vez de percentagem temos duas áreas circulares onde os nossos disparos podem coincidir.


Em termos de mapas também estes são bastante diversificados, com temas desde cidades, a grutas, a campos, sempre contrastando com o cenário pós-apocalíptico, com detalhes suficientes para embelezar a missão mas não prejudicando a jogabilidade. Graficamente deparámo-nos com algumas quebras de frames; talvez quando atualizarem o jogo para PS5 com resolução 4k e 60 FPS este se torne mais fluido (este update está planeado ainda para este ano). Para complementar, a vertente audiovisual está também simples e eficaz, com os sons dos disparos distintos entre armas tal como os inimigos a  terem barulhos personalizados.

Um ponto negativo que deparámos nos combates é que alguns inimigos dentro de casas ficam com membros fora das texturas das paredes, que inclusivamente podemos acertar - pelo que não se torna somente um bug visual. Também salientamos que os loadings para as missões são um pouco demorados, algo que o software da PS5 nos tinha desabituado, e que por vezes após a conclusão das missões o jogo apresenta um erro e sai para o menu da Playstation, obrigando-nos a começar o jogo desde o ultimo save.

Geoscape

É aqui que passamos o tempo quando não estamos em missões. É a vista da terra em forma de globo onde temos vários pontos para explorar. Podemos sempre que necessário parar o tempo dentro deste plano para organizar e decidir os locais que queremos analisar. Dentro desses pontos existe as bases do projeto Phoenix que temos que reativar com recursos que também ganhamos nas missões.
Estas bases tem vários segmentos que podemos construir, desde laboratórios de pesquisa, a dormitórios, a linhas de montagem. Cada um deles tem um papel fulcral na evolução da nossa equipa: por exemplo os laboratórios de pesquisa tornam possível pesquisar inimigos para descobrir pontos fracos, e encontrar novas armaduras e armas. Existem também pesquisas obrigatórias para avançarmos na história. Para podermos construir armas, naves e novas equipas para exploração dispomos do espaço de produção. Alertamos que, depois de criar várias equipas e estarem ativas no Geoescape, começamos a notar alguns travamentos de imagem neste plano.




Também no plano esférico temos os Havens. Estas são fações onde temos a possibilidade de nos aliar e ajudar mutuamente para nos auxiliar no processo de construção enquanto ajudamos a proteger as cidades dos inimigos "extraterrestres" mas também das outras fações. E aqui é novamente incorporado mais um fator estratégico onde a fação A está em conflito com a fação B, que por sua vez está contra a fação C que desta feita é inimiga da fação A. Nesta vertente não há um caminho certo/errado. Temos de perceber qual é a narrativa que mais se enquadra com o que consideramos ser moralmente o mais correto, não sendo obrigatório aliarmos a alguma se assim o decidirmos. Num contexto oposto, se a nossa decisão passar por ajudar algum dos Havens, eventualmente teremos missões onde teremos que atacar os outros, criando aqui as missões contra humanos. Também ao decidirmos aliarmos a alguma fação existe uma evolução crescente (evolução essa que acontece ao fazermos missões pedidas pela fação e protegendo cidades controladas pelos mesmo) no apoio que recebemos. No nível máximo podemos inclusive ter acesso à pesquisa dessa fação o que conta com novas armas e armaduras.




Além de todos os pontos já mencionados, estão também incluídos na versão Behemot vários DLCs. Estes podem ser selecionados apenas antes de começarmos o jogo, onde incluem entre outras, mais fações. mais inimigos, e consequentemente mais horas de campanha. Aconselhamos vivamente se não são experientes em jogos de estratégia a começarem primariamente sem este conteúdo, adicionando-o num segundo playtrough, visto que acrescenta ainda mais valor estratégico em simultâneo ao jogo. Também somente no inicio do jogo podemos escolher o nível de dificuldade , que altera a quantidade de inimigos nas missões e também o comportamento dos mesmos, notando uma maior agressividade nos modos de dificuldade mais elevada.

Conclusão

Phoenix Point é um excelente elemento a reter para fãs de jogos de estratégia com combate por turnos. Apesar de ser um estilo que não tem uma vasta gama de apreciadores, ainda assim está bem delineado em todos os aspetos e com um profundo sistema estratégico para ser considerado por quem o queira experimentar. As falhas que apresenta não deixam marcar negativas que impeçam de apreciarmos este titulo.  Se quiserem experimentar o género têm aqui sem duvida alguma uma excelente opção. Para os fãs, inclusive os que provavelmente jogaram os títulos X-COM, não vão sentir que é uma cópia, com algumas semelhanças é certo, mas com vertentes bastantes diferentes e característizadas 



O Melhor:
  • Vocalização das Cutscenes
  • Modelo estratega bastante complexo
  • Variedade de inimigos e mapas.

O Pior:
  • Alguns bugs de textura durante as missões
  • Loadings demorados
  • Erros que fizeram o jogo crashar e sair



Pontuação do GameForces – 8/10


 
Título: Phoenix Point Behemoth Edition
Desenvolvedora: Snapshot Games

Publicadora: Sandbox Strategies

Ano: 2021


Nota: Esta análise foi realizada com base na versão digital do jogo para a PS5, através de um código gentilmente cedido pela Sandbox Strategies .


Autor da Análise: Filipe Martins







Phoenix Point: Behemoth Edition [PS5] - O Irmão Mais Novo de X-COM? Phoenix Point: Behemoth Edition [PS5] - O Irmão Mais Novo de X-COM? Reviewed by Filipe Martins on novembro 04, 2021 Rating: 5

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