A chegada da edição remasterizada da trilogia Mass Effect, deixou os fãs desta saga espacial em extrema expectativa. Após jogarmos todos os jogos (De seguida!), qual foi a nossa opinião sobre este pacote? Valerá a pena joga-lo? O que significa para o futuro da saga?
Vejam abaixo algumas das nossas principais conclusões para cada título em particular, assim como a nossa dissertação sobre o que poderemos contar e gostaríamos de ver no novo título da saga.
Mass Effect 1
No título original da saga, denota-se uma jogabilidade extremamente mecanizada, já fora dos parâmetros actuais do mercado de videojogos. Jogo, á falta de melhor termo, muito parado. A velocidade da personagem é muito lenta (sem hipótese de correr), o gunplay extremamente básico e os poderes não tem impacto significativo (exceptuando dois ou três). Uma clara oportunidade de melhoria que a BioWare falhou em aproveitar.
Ainda assim, existem clara melhorias gráficas, principalmente dos modelos e ambientes. Esta versão em particular conta com a existência de dois modos gráficos, mas sem diferenças significativas. Prestação gráfica bastante estável, sem notáveis quedas da taxa de fotogramas por segundo em ambos, o que leva a equacionar a necessidade de um modo “performance”.
Salientamos que os ambientes encontram-se bem caracterizados, mas demonstram claramente um desgaste do tempo. Nota-se alguma falta de aprestamento, texturas simplicistas e aspecto árido. Claramente poderiam ter beneficiado de algum tratamento neste remaster.
Relativamente à vertente narrativa, o enredo revela-se cativante, capaz de capturar o jogador ao longo de todo o jogo. As personagens são bastante carismáticas e bem caracterizadas ao ponto de ficarem por muito tempo na memória do jogador após terminar a experiência.
Ainda assim, notamos que as actividades secundárias são extremamente repetitivas: Ir a um planeta, explorar com o “Maco”, entrar num bunker (sempre igual/com o mesmo layout) e derrotar todos os inimigos. Somente duas ou três actividades relativas aos nossos colegas de equipa, divergem deste esquema.
Salientamos ainda outras mecânicas de jogo com problemas que actualmente já não se justificam a sua existência:
- Controlo do Maco (veiculo todo o terreno) muito difícil de interiorizar. Um autêntico pesadelo...;
- Excessiva quantidade de armas, upgrades e armaduras do mesmo tipo. Ainda por cima o jogo tem um limite de no máximo 300 itens. Isto leva a termos de vender os primeiros modelos de cada arma;
- O minijogo de hacking dos diversos itens espalhados pelos cenários é bastante básico, tornando-se repetitivo e aborrecido.
Mass Effect 2
A melhoria da jogabilidade é significativa. Movimentos mais fluidos, mais rápidos, com um gun play mais divertido, frenético e gratificante.
A IA dos inimigos é significativamente superior. Inclusive, a sua variedade foi aumentada, quer no tipo de inimigos, quer nas armas que utilizam. Agora, conseguem inclusive efectuar tácticas de rodear a nossa equipa ou tentarem ganhar a posição mais elevada.
O controlo do veículo de exploração foi completamente reformulado. Desta vez temos um veículo mais intuitivo de controlar, que consegue inclusive dar saltos mais altos. A conjugação destas características promove algumas secções de exploração misturadas com mecânicas de plataformas e puzzle solving, bastante interessantes.
Também os ambientes dos planetas que visitamos estão melhor caracterizados e aprestados, existindo agora uma componente efectiva de exploração vertical.
Ainda no que se refere à exploração, mas agora da nossa nave Normandy, esta também é mais prazerosa. Podemos agora navegar pelo sistemas solares completos, sendo necessário gerir o combustível e sondas que temos na nave para completar a exploração. No título anterior bastava aceder a um planeta e fazer scan. Agora temos de equacionar o combustível necessário para lá chegar e ter sondas a pronto para disparar em locais estratégicos, que os nossos scans indicam poder haver recursos. Estes elementos (combustível e sondas) são adquiridos em terminais espalhados por toda a galáxia, pelo que não é um entrave na jogabilidade.
A narrativa continua a apresentar um bom pacing e o enredo consegue expandir a história do título original da forma mais adequanda, conseguindo manter o suspense, sem nunca esquecer a narrativa global. De igual forma, a caracterização de personagens continua muito cativante, com novas caras a entrar, enquanto velhos conhecidos surgem ocasionalmente. Este aspecto ajuda imenso a dar um sentimento de continuidade do enredo global da história.
As Side quests estão significativamente melhoradas, com histórias tão cativantes como as da main quest. Agora, existe um benefício claro em passar estas aventuras secundárias, no que se refere ao entendimento dos eventos que estão a ocorrer ao longo de todo o jogo principal. Diríamos mesmo que são essenciais para determinar a situação actual de antigos aliados e inimigos. Uma verdadeira ponte entre o título anterior e aquilo que o terceiro lançamento da saga virá a introduzir.
Mass Effect 3
Mass Effect 3 é, á falta de melhor expressão, uma experiencia agridoce. Apesar de contar com a melhor jogabilidade e grafismo da série, apresenta problemas significativos de enredo. Diversas linhas de história não ligam perfeitamente com os dois títulos anteriores e alguns eventos parecem demasiado apressados. Felizmente, o desenvolvimento de personagens segue uma linha mais coerente, ainda que de igual forma apressada.
O facto da linha narrativa não seguir os conceitos preconizados nos dois títulos anteriores, leva a um desfecho da trilogia que, apesar não ser mau, revela-se insatisfatório perante o que poderia ter sido. O facto das nossas opções perderem toda e qualquer importância para o final da aventura, também leva a um sentimento de traição perante todo o esforço por parte do jogador nos títulos anteriores.
Salientamos, contudo, a excelente envolvência das actividades secundárias com a história principal. Muito á semelhança do título anterior, mas a numa extensão muito maior, estas actividades apresentam elementos narrativos sólidos e essenciais para melhor compreender todas as peculiaridades da história global de Mass Effect. Diríamos mesmo que são obrigatórios a sua conclusão se pretendem efectivamente compreender os eventos a suceder.
No que se refere à ambientação dos cenários, estes tendem a roçar a perfeição. Desde planetas onde impera a vegetação, até aos mais tecnologicamente evoluídos, estamos perante uma impressionante caracterização de todos os espaços, ajudando imenso a interiorizar a experiencia.
A jogabilidade pode ser considerada como a refinação perfeita dos títulos anteriores, onde utilização de armas, poderes e mecânicas de combate é intuitiva e simples de interiorizar. Agora, a questão colocada é efectivamente como reformular o que já existe!
De igual forma, devemos enaltecer que esta Legendary Edition conta com todos os DLCs. Consequentemente, neste último título em particular, podem contar com uma versão extensamente mais desenvolvida que a originalmente lançada. Inclusive, teremos a possibilidade de conhecer um pouco mais da história por detrás dos Reapers, assim como do destino de diversas outras personagens carismáticas dos títulos anteriores.
Final
O enredo e narrativa da saga Mass Effect é uma dos melhores existentes no mundo dos videojogos. A ambientação, raças existentes (e relação entre cada uma delas), as personagens e a jogabilidade cada vez mais refinada traduz este conjunto num “must have” para qualquer fã de ficção científica.
A Bioware consegue com este conjunto demonstrar que sabe o que os fãs pretendem de mass effect: Uma experiencia imersiva numa galáxia complexa e responsiva ao nosso input. Por estes motivos, se nunca jogaram as aventuras do Commandante Sheppard, esta é definitivamente a vossa melhor oportunidade!
O Futuro
Mas e o futuro? O que deveremos esperar do novo título que a BioWare já se encontra a produzir?
O trailer/teaser mostra duas galáxias diferentes, promovendo a teoria de que Mass Effect 4 pode ser uma sequência de Mass Effect 3 e Mass Effect: Andromeda, contando uma história que abrange duas galáxias separadas. No mínimo, podemos afirmar que o jogo parece ser uma sequência directa de Mass Effect 3, visto serem visíveis alguns Reapers mortos e uma versão mais idosa da Liara T'Soni. Esta personagem tem 109 anos em Mass Effect 3 e sua raça, os Asari, podem viver cerca de 1000 anos. Como tal, Mass Effect 4 poderá ocorrer 900 anos após os eventos da trilogia original.
Embora Andromeda tenha tido alguns pontos altos, foi na sua generalidade uma experiência extremamente genérica e supérflua. Apresentado uma história com imenso potencial desperdiçado e um elenco descaracterizado (à expeção de PeeBee, claro). Como tal, gostaríamos de ver o futuro lançamento focado mais exclusivamente nos eventos ocorridos na via láctea.
Ainda assim, se por ventura decidirem incluir os eventos da Andromeda, a nossa aposta passa por uma narrativa baseada em viagens temporais. A existência da black matter associada à teoria por detrás dos campos de Mass Effect, permitem viajar no tempo, mas seria uma aposta muito mal conseguida voltarem a esta linha narrativa. Principalmente porque se fossem mexer em mecânicas temporais, existem outros eventos muito mais interessantes que podem ser abordados. Assim de repente lembramo-nos da Guerra entre humanos e Turian (first contact war), criação dos Krogan para combater os Rachni ou excomungação dos Quarian do seu mundo por parte dos Geth.
No que se refere à jogabilidade, após Mass Effect 1 e Andromeda, cremos ser claro que a exploração em mundo aberto não é benéfica para esta experiência em particular. A exploração dos planetas tende a tornar-se entediante e aborrecida, pois simplesmente não há conteúdo de relevo o suficiente para justificar longas extensões de terreno.
São os elementos da história da franquia que atraem a maioria dos fãs de Mass Effect, não a oportunidade de exploração extensiva. Consequentemente, algumas áreas intrincadamente projectadas tendem a encaixar melhor na experiência, sendo melhor recebidas do que mundos abertos vastos e vazios. A mecânica de fazer scan aos planetas em vez de pousar neles, em ME2 e ME3, ajudou a resolver isso e Mass Effect 4 deve seguir o exemplo.
Relativamente ao controlo de personagem e “gunplay”, gostaríamos de ver uma reformulação da fórmula existente. Evitando a sobrelotação de opções de ME1 e focando-se mais no aprimorar de umas poucas características.
Graficamente, pouco ainda se pode afirmar. O teaser, convenhamos, não revelou nada de significativo. Contudo considerando o prazo de lançamento, historial da série e o facto de ser um título projectado para a geração actual de consolas, então podem contar com uma experiência significativamente mais refinada que o último lançamento. Acima de tudo é necessário que trabalhem os cenários da mesma forma que o fizeram na versão remasterizada de ME3, com vista a providenciar uma interiorização da experiencia cativante e envolvente para o jogador.
Para finalizar, o trailer/teaser alude a que a Liara estará presente. Ainda é desconhecido se o restante elenco voltara e sobre que limitação, mas uma parte essencial desta saga são as personagens. É essencial considerarem personagens carismáticas e facilmente associadas ao jogador.
A verdade é que ainda existem muitas poucas informações, para além do básico. Estamos a contar com uma experiencia single player, complementada com multiplayer. Mas pode muito bem ser considerada uma totalmente multiplayer onde a hisórtia vai sendo construída (aludindo ao que Mark Darrah mencionou no que se refere a incluir live services numa forma orgânica nas séries Mass Effect e Dragon Age). Por isso, o melhor a fazer é ficarem atentos às novidades que vão surgindo!
Joguei a Trilogia Mass Effect de Seguida... e Agora?
Reviewed by Carlos Silva
on
novembro 11, 2021
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