[Análise] Guilty Gear: Strive [PS5]



Se existe género que apela à nossa nostalgia e tempos mais despreocupados são os beat m’ups. Numa época em que cada vez mais os jogos de mecânicas e enredos complexos estão mais generalizados, seria de esperar que este género tivesse dificuldade em acompanhar os tempos e modas modernas.

Pois é, a palavra-chave é “seria”! Se existe casa que consegue, jogo atrás jogo, provar com os seus títulos dentro do género de têm um lugar de destaque no panorama actual dos videojogos é a Arc System Works. Títulos como os das séries de Blazblue, Guilty Gear, Double Dragon ou Dragon Ball Fighterz, tem demonstrado a sua qualidade e que existe uma comunidade bem activa associada a este género.

O seu lançamento mais recente, Guilty Gear Strive apresenta-se como um refinamento de uma sólida formula, com alguns melhoramentos como por exemplo a inclusão de paredes que se quebram ou um modo multijogador online mais sólido. É fundamentalmente uma experiência que consegue enquadrar a jogabilidade já existente com uma perspectiva de apelar a novos e antigos fãs da saga.

Para além destes elementos mais amplamente divulgados, também outros mais oclusivos foram considerados, principalmente no que se refere à jogabilidade durante o combate, facilitando imenso aos novos jogadores interiorizar esta experiência. Já que falamos previamente em palavras-chave, aqui fica a que está associada a este título: Equilíbrio! Vamos por partes...




A sensação imediata é que Guilty Gear Strive é um jogo mais pausado que os seus antecessores. Este aspecto beneficia altamente a jogabilidade, pois permite um pensamento ou forma de jogar mais táctica, onde podemos definir os melhores momentos para atacar e defender. Portanto, um ritmo onde conseguimos mais intuitivamente discernir o que se está a passar e conseguir recuperar mais facilmente de algum erro que cometemos durante a ronda.

Também é notório o diferente impacto que os nossos ataques agora possuem. Qualquer ataque remove uma porção considerável de vida do adversário e os combos assumem novas importâncias na estratégia global a longo prazo de um jogador. Aliás, os próprios combos também se sentem mais livres onde qualquer ataque pode ser seguido por um outro, ao contrário de títulos anteriores onde os combos tinham de seguir uma sequência.



Ainda assim, no geral é um título que, comparativamente a outros jogos da Arc System Works, apresenta um sentimento de ser mais “preso”, ou mecanizado se assim o preferirem. Os combos ainda não saem tão fluídos como em Dragon Ball Fighterz, por exemplo. Felizmente o controlo das personagens tende a apresentar similaridades nas suas mecânicas, o que permite um processo de aprendizagem mais fluido e rápido. Lá está: equilíbrio!

Para além do Psych Burst, que permite ao jogador afastar ao adversário num momento mais complicado e conseguir contra-atacar, foi implementada a mecânica já mencionada, denominada de Wall Break. O jogador que fique preso numa das pontas do ecrã, após uma sequencia de ataques do adversário, irá quebrar uma parede invisível que o lançará para outra zona do cenário. Este aspecto permite ao jogador conseguir voltar a uma posição de equilíbrio e uma nova oportunidade em conseguir atacar efectivamente.

Desta forma, Guilty gear Strive, apresenta-se como uma experiência que consegue apelar não somente aos novatos devido à sua transversalidade e mecânicas inteligentes de equilíbrio da experiência, como a quem já tem experiencia no género e objectiva dominar o jogo a fundo.



Em termos de estrutura, existem diversos modos disponíveis, de onde se destacam os modos offline, online e de história.

No modo offline, o jogador terá uma vertente single player, multiplayer local (versus) ou de treino (dojo). Todos bastante explicativos por si próprios. Salientamos aqui o modo arcade tipico, onde o jogador escolhe uma personagem e terá de batalhar com inimigos consecutivos até ao final. Também o modo de sobrevivência é um desafio cativante onde o jogador terá de lutar consecutivamente, mas mantendo a sua vida no início de cada batalha, conforme estava no final da anterior.

O modo multijogador online apresenta uma estrutura sólida com os desafios usuais presentes. No modo “ranked” o jogador será atribuído a um grupo definido de acordo com as suas capacidades, com vista a evitar uma experiencia demasiado fácil ou difícil (medida quando lutamos conta a IA). Aqui teremos a hipótese de combater contra adversários do nosso nível, mas também poderemos subir de andar para outro mais avançado se desejarmos um desafio maior. Já o inverso não é permitido, para evitar jogadores mais novatos que sejam massacrados. Eventualemnte, se acumularmos um grande número de derrotas poderemos ser relocalizados para um andar mais acessivel. Novamente a palavra de ordem…equilíbrio!



Também aqui entra em serviço uma novidade deste título em particular, denominada de “Rollback Netcode”. Em termos simplicistas, o jogo recebe os inputs do jogador num determinado frame e para garantir que os dois participantes têm o mesmo resultado, independentemente da qualidade da ligação, alguns frames da animação podem ser removidos para atenuar os efeitos dessa diferença entre os dois jogadores.

Este aspecto poderá, numa primeira instância, parecer uma má ideia pois irá reduzir a performance e fluidez do jogo. Mas na prática o efeito não é visível, mesmo quando o jogo nos avisa de ter essa funcionalidade em funcionamento. O resultado final é uma é uma jogabilidade fluída, sem problemas e que permite jogar com alguém online sem grandes problemas independentemente do seu ping.

Confessamente é um dos melhores modos online que disfrutamos num jogo de luta, onde o único senão é o tempo de ligação inicial ao servidor demorar bastante (diria que chega mesmo a demorar 1 ou 2 minutos).




Graficamente, o título apresenta-se com um óptimo aspecto, onde a palete de cores, design e estilo gráfico funcionam todos em perfeita harmonia. Aliás, colocando em perspectiva, toda a componente audiovisual funciona como um todo e com vista a potenciar a experiência apresentada. Também a banda sonora de qualidade e memorável é um elemento diferenciador da experiência, como que a “cereja ano topo do bolo”.

Os personagens estão com um nível de detalhe exímio, onde cada movimento é ponderado para ser esteticamente atraente. É de louvar a atenção ao detalhe que a produtora teve na caracterização destas e com cada um dos seus movimentos, como estes se encaixam com os cenários e as animações dos seus ataques e especiais.

Por falar em cenários, estes apresentam um nível de profundidade, caracterização e aprestamento excelente. Não é propriamente uma particularidade singular a este título, pois outros conseguem entregar cenários tão bem ou melhor caracterizados. Contudo, a forma de como as personagens e acções dos combates se encaixa no cenário com vista a potenciar a experiencia entregue ao jogador é de louvar.



Por fim resta-nos abordar o modo história, que poderá revelar-se como a componente menos conseguida (ainda que, reconhecidamente, seja muito subjectivo). Fundamentalmente, são episódios de animação de 20 minutos cada, recorrendo ao motor de jogo para apresentar o desfecho desta história. Sim, basta escolher o episódio que quer visualizar, pousar o comando e assistir. Não há qualquer interacção com o jogador e demora cerca de 4 horas a assistir a todos os episódios. O grande senão aqui, para além da falta de interactividade, é mesmo que o motor de jogo não se encaixa perfeitamente neste formato de apresentação de conteudo. 

Sem entrar em muitos detalhes, este é o desfecho da história de Sol Badguy, um dos protagonistas principais de Guilty Gear. Devido a ser uma história já com anos de existência, possivelmente para o novos jogadores será somente um pouco de “eye candy”, mas para os fãs de longa data é uma interessante valência que certamente irão disfrutar.

Ainda existe um glossário com várias informações sobre personagens e desenvolvimentos anteriores a este título, mas chega a ser tão extenso que não sei se será a melhor opção. Para os dias de hoje, é simplesmente mais fácil rever em qualquer canal de youtube um apanhado da história até agora.






Conclusão

Guilty Gear Strive apresenta-se como a derradeira experiencia da série. A jogabilidade reformulada com vista a facilitar a entrada de jogadores novatos neste mundo, permitirá a que a excelente qualidade deste título seja disfrutado por um maior número de pessoas. Felizmente a produtora não descuidou a profundidade de jogo dos títulos da série, por isso, jogadores veteranos verão também aqui um excelente desafio a superar.




O Melhor:
  • Jogabilidade mais intuitiva;
  • Aspecto áudio-visual de topo;
  • Modo online cativante e com excelente resposta.

O Pior:
  • Modo online pode demorar fazer login e encontrar partidas;
  • Modo de história não interactivo para o jogador.


Pontuação GameForces – 8.5/10



Título: Guilty Gear Strive
Desenvolvedora: Arc System Works
Publicadora: Bandai Namco
Ano: 2021



Nota: Esta análise foi realizada com base na versão digital do jogo para a PlayStation 5, através de um código gentilmente cedido pela Bandai Namco e Representante Nacional.

[Análise] Guilty Gear: Strive [PS5] [Análise] Guilty Gear: Strive [PS5] Reviewed by Carlos Silva on junho 28, 2021 Rating: 5

Sem comentários:

Com tecnologia do Blogger.