[Análise] Dragon Ball Z: Kakarot – A New Power Awakens (Part 2) [PS4]


Já lá vão 11 longos meses desde que os fãs do trabalho de Akira Toriyama foram brindados com Dragon Ball Z: Kakarot, o surpreendente RPG que adaptou a história do amado anime com uma fidelidade impressionante. Depois de um primeiro pacote de conteúdos adicionais decente, os produtores voltam a brindar-nos com uma nova expansão das aventuras de Goku e companhia. Será A New Power Awakens – Part 2 capaz de ressuscitar o nosso interesse neste jogo, ou terá de treinar mais para captar a nossa atenção?
 

Nesta segunda parte do pacote de conteúdos adicionais A New Power Awakens, encontramos Goku e Vegeta a dar continuidade aos seus treinos exigentes com Whis, o anjo assistente do deus da destruição Beerus. Durante esse treino, e assim que os heróis estão prestes a atingir um novo nível de poder, o tirânico Frieza e o seu exército são trazidos de volta à vida. Sedento de vingança, Frieza submete-se a um treino rigoroso e invade a Terra em busca do seu arqui-inimigo. Os combatentes da Terra terão de resistir às forças invasoras até aos heróis regressarem com novos poderes divinos, para pôr fim às novas ambições maléficas do icónico vilão.
 
Tal como aconteceu com a primeira parte, A New Power Awakens – Part 2 vem adaptar um dos mais recentes filmes de Dragon Ball Z (o mais recente, de facto). Mas ao contrário do que aconteceu no primeiro DLC, desta vez a adaptação é bastante mais fiel ao trabalho original. A aquisição das novas transformações de Goku, Vegeta e Frieza, bem como o confronto entre os heróis e o vilão, apresentam-se tão bem representados como os restantes arcos narrativos no jogo base, algo que deleitará os fãs do anime e do jogo. Este aspeto é o verdadeiro ponto mais positivo desta curta experiência.
 
Com as novas transformações dos heróis, que adquirem aqui a forma de Super Sayian God Super Sayian (rapidamente abreviado para Super Sayian Blue, devido à nova cor de cabelo), vem também um novo leque de habilidades. Ou seja, o leque de opções em situação de combate volta a ser mais variado, o que apenas pode ser visto como algo de positivo. Não tão positivo é o facto de termos de voltar a colecionar um elevadíssimo número de esferas espalhadas pelo mapa (ou ganhas através de batalhas opcionais) para conseguir melhorar as mesmas ao máximo. Ou seja, há necessariamente um grind associado ao desbloquear de habilidades como o iniciar uma batalha automaticamente na nova transformação, algo que já se afirmava como um dos aspetos mais monótonos da jogabilidade base.
 

Uma das grandes novidades deste DLC é a introdução de um novo modo de batalhas contra hordas. Nestas, temos a nossa equipa de guerreiros a ter de enfrentar centenas de membros do exército de Frieza, tentando recriar a situação desesperante na qual os heróis terráqueos se encontram. Em combate, o nosso número de “combos” vai aumentando até ativamos uma Z Combination, que leva todos os elementos da nossa equipa a desferir um golpe devastador que elimina tantos inimigos quando maior for o “combo” acumulado. É uma ideia interessante e que poderia replicar fielmente vários momentos tensos do filme e do anime, caso tivesse sido melhor implementada.
 
Durante a história temos de participar em duas batalhas de hordas, utilizando, em princípio, personagens em níveis mais baixos, e podemos sair destas a pensar que estamos perante um novo elemento de jogabilidade interessante. Mas quando entramos nestas batalhas após terminar a história, utilizando as personagens com níveis mais elevados, tudo isto se transforma numa atividade monótona, não havendo qualquer tensão, perigo ou vertente estratégica associada. De facto, basta ir clicando no botão de ataque básico (e eventualmente comandar os parceiros a usar um ataque especial, para ir desbloqueando a Z Combination) e consegue alcançar-se muito facilmente a vitória, sem sofrer qualquer dano significativo. Também não ajuda o facto de apenas 8 a 10 inimigos serem alcançáveis de cada vez, sendo frequente despachar esse número de soldados com 1 ataque para cada, e esvaziar a arena de combate à espera que mais carne para canhão chegasse.
 
Já as batalhas contra Golden Frieza são mais prazerosas. Com uma nova transformação, o vilão ganha também um novo leque de habilidades com as quais temos de lidar nas batalhas na pele de Goku ou de Vegeta. Este novo leque de habilidades ajuda bastante a distinguir estas batalhas boss das que encontramos no jogo base durante o arco narrativo de Namek. Algo de estranho que reparamos foi no facto destas batalhas serem bastante desafiantes apesar do facto de usar personagens cerca de 100 níveis acima do indicado para Golden Frieza. Ser desafiado quando se joga algo é sempre bom, mas esta realização bizarra dá a entender que o sistema de níveis foi completamente posto de lado para estas batalhas. Ou seja, fica a sensação de que Frieza tanto podia estar no nível 150 como 250 que a dificuldade seria a mesma, pondo em causa a implementação deste sistema neste DLC, ainda para mais quando se fez questão de aumentar o nível máximo de 250 para 300.
 

Depois de terminada a história, e de vergada a vingança do malévolo Frieza, vemos mais algumas atividades secundárias serem desbloqueadas, desde mais batalhas de hordas até mais instâncias de treino. Temos também algumas novas missões secundárias para cumprir. Tal como sucede no jogo base, por si só estas missões acrescentam pouco mais que alguma longevidade à experiência, consistindo em buscas por itens ou combates rápidos (e pouco desafiantes) contra elementos notáveis das forças de Frieza que também regressam à vida, tal como a Ginyu Force. O aspeto mais positivo destas missões é que a conclusão das mesmas desbloqueia a opção de desafiar Golden Frieza quantas vezes quisermos, em batalhas progressivamente mais difíceis, uma opção bem-vinda que certamente desafiará mesmo os jogadores que tenham entrado no jogo consistentemente ao longo dos passados 11 meses.
 
De um ponto de vista técnico, não há muito que não tenha já sido dito. A experiência continua a ser visualmente fenomenal, a música diretamente retirada do anime é um toque genial e nostálgico, e o desempenho é relativamente consistente, com ocasionais quebras na framerate aqui e ali. Já a integração do DLC no restante jogo merece ser discutido. Ambas as partes de A New Power Awakens se apresentam como completamente separadas do jogo base, até como separadas uma da outra. Todo o progresso com as personagens transita entre as partes e o jogo base, mas nenhuma das atividades que ambos os DLC introduziram podem ser acedidos fora dos mesmos, quase como se cada “fatia” da experiência pertencesse a um mundo próprio. Tudo isto deixa a impressão de que Dragon Ball Z: Kakarot no seu todo não é um produto unificado e coerente, impressão essa reforçada pela necessidade de se utilizar menus para aceder a cada conjunto de conteúdos
 

Conclusões
Pode argumentar-se que A New Power Awakens – Part 2 vem acrescentar ao jogo base mais do que o primeiro DLC, no entanto muito do que acrescenta é inócuo. A adaptação do arco narrativo volta a aproximar-se da fidelidade esperada e visualmente volta a ser uma experiência excelente. No entanto, fica a impressão que o sistema de níveis de nada serve nas batalhas contra Frieza, e a grande novidade das batalhas de hordas tornam-se rapidamente aborrecidas. Quem já adquiriu o passe de temporada de Dragon Ball Z: Kakarot quererá experimentar este novo conteúdo, mas os restantes jogadores farão melhor em esperar para ver o que o último DLC trará.
 
O Melhor:
  • Adaptação desta parte da história está mais fiel do que a encontrada na Part 1
  • Batalhas de hordas são uma introdução potencialmente interessante, mas…
 
O Pior:
  • … Tornam-se rapidamente aborrecidas por não exigem o mínimo de cuidado ou estratégia
  • Sistema de níveis deixou de fazer sentido nas batalhas contra Golden Frieza
 
Pontuação do GameForces – 6/10
 
 
Título: Dragon Ball Z: Kakarot – A New Power Awakens (Part 2)
Desenvolvedora: CyberConnect2
Publicadora: Bandai Namco
Ano: 2020

 
Autor da Análise: Filipe Castro Mesquita
[Análise] Dragon Ball Z: Kakarot – A New Power Awakens (Part 2) [PS4] [Análise] Dragon Ball Z: Kakarot – A New Power Awakens (Part 2) [PS4] Reviewed by Filipe Castro Mesquita on novembro 30, 2020 Rating: 5

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