Final Fantasy VII Remake: Diferenças com o Original


Final Fantasy VII Remake já se encontra disponível para todos que se queiram aventurar pelas ruas de Midgar e retornar a um dos jogos mais aclamados da história. Quem teve a oportunidade de conferir a nossa análise, com certeza terá ficado com a percepção de existirem algumas diferenças significativas entre o original e este remake.

De seguida procuramos indicar algumas das diferenças mais importantes a nível de grafismo, enredo, banda sonora e jogabilidade. Procuraremos evitar os pontos já mencionados na análise, mas antes sim expandir o apresentado e abordar como as diferenças se inserem na globalidade da experiência.

Com vista a sensibilizar os nossos leitores, dividimos o artigo em duas áreas distintas, uma livre de spoilers e outra que indiscutivelmente somente devem de ler depois de terminar a aventura de Final Fantasy VII Remake.


SPOILER FREE

A grande e mais notória modificação é naturalmente visual, nomeadamente os gráficos e arte que existe entre o original e o remake. Enquanto é notório que a arte do título mais recente procure inspirações no anterior, algumas diferenças são óbvias. Final Fantasy VII é um título muito mais obscuro e “cyberpunk”. Ainda que a arte conceptual seja muita similar, toda a envolvência dos cenários foi potenciada para demonstrar uma sociedade bipolarizada existente no enredo, onde alguns vivem num nível superior, enquanto a grande maioria mora em favelas ou guetos. Certamente esta característica já está presente no original, mas a caracterização dos cenários representa melhor esta realidade.




As personagens apresentam os mesmos riscos característicos. Nesta valência, a Square não arriscou muito. Certamente que quando saiu 1997, a passagem da serie para o 3D foi um efeito bastante “Eye Candy”, que contudo convenhamos não envelheceu tão bem como os seus irmãos mais novos da mesma consola. Principalmente Final Fantasy IX que até hoje continua um jogo verdadeiramente belíssimo. As animações do original frequentemente remetiam para simples abanar de braços e de cabeças, onde muito tínhamos de discernir a partir das caixas de dialogo sobre o estado da nossa personagem.

Em Final Fantasy VII Remake o estúdio continha a tarefa Hercúlea de criar um impacto semelhante, enquanto procurar adicionalmente criar o jogo que consiga com a idade crescer na sua beleza e nesta valência o novo título cumpriu com o desejado. O grafismo do jogo é soberbo, remetendo ao impacto que o original conseguiu gerar aquando o seu lançamento. As expressões e representação das personagens atinge um pico na actual geração de videojogos, onde conseguimos ler intuitivamente os sentimentos das personagens. Certamente os 100 GB que ocupa no disco (melhor ou pior optimizados) é um aspecto disso mesmo, por isso se ainda não o fizeram e pretendem reviver esta aventura novamente contem com esta necessidade. Principalmente denota-se que existiu um saudável cuidado com a performance, observando-se somente alguns soluços nas animações mais pesadas, como por exemplo nos ataques das Summons.

Outro aspecto que mudou significativamente, mas que procurou de igual modo inspirações ao original foi a jogabilidade. Neste quesito denota-se que agora Cloud já não percorre os cenários sozinho, situação que ocorria no original mesmo quando havia membros integrantes na nossa equipa. Também a navegação é diferente na medida que no original tínhamos a velocidade standard como “Andar”, versus ao que acontece no remake onde as personagens estão sempre a correr (adicionalmente com o sprint disponível se assim o desejarmos). Isto implementa um ritmo mais alto de navegação e do próprio jogo, mesmo com a hipótese de correr no original.




As mecânicas das batalhas em si é um dos dois grandes pontos de diferença. Enquanto o original baseava-se num sistema de batalha por turnos, onde as personagens não tinham liberdade de movimentos, aqui estamos perante um refinado Action RPG. Portanto um sistema que combina mecânicas de acção com alguma estratégia no que toca à escolha de habilidades, magias, items, etc. Naturalmente o irritante sistema de batalhas aleatórias do original, foi substituído pelo mais user friendly “batalhas com inimigos que aparecem no cenário”. Isto reduz significativamente a dificuldade, na medida que permita uma abordagem mais abrangente em como entrar em cada batalha. Fundamentalmente temos a hipótese de conseguir adaptar a equipa à batalha, pois chegamos ao ponto de conhecer os inimigos e quais as suas fraquezas. O jogo apresenta adicionalmente a possibilidade de utilizar um sistema classico a "simular" os jogos por turnos onde as personagem atacam e defendem automaticamente, sendo que o jogador somente escolhe as habilidades, magias e ordens similares. O problema é que este sistema clássico equipara-se à dificuldade "Easy" do jogo e consequentemente uma experiência capada do que o jogo pode providenciar. Como mencionado na nossa análise, podem confirmar que um dos grandes pontos deste remake é mesmo as batalhas mais dificeis, as quais recomendamos que abordem em modo pelo menos normal.

Neste mesmo sentido as difíceis batalhas em serie (normalmente associadas aos Bosses), onde no original a derrota da equipa no último adversário implicava voltar ao início e ter de vencer novamente todos os inimigos, foi substituído por um sistema de “Retry” da última ronda perdida. Ainda por cima sem sequer perder a experiência anteriormente ganha. Efectivamente existe um grande “hand holding“ na valência do Auto save do Remake.

As mecânicas de evolução das personagens é um dos pontos bastante similares ao original, significativamente centrado na evolução das “Materia” e conforme já abordamos na nossa análise. Denotamos sim uma maior “limpeza” dos menus e facilidade da sua navegação. Também as novas mecânicas associadas à jogabilidade “Action RPG” encontram-se implementadas de uma forma simples e concisa.
Por fim resta-nos mencionar a banda sonora. Em 1997, foram várias as faixas que tiveram sucesso, com algumas a remeter a sons já conhecidos da série e outras novas e refrescantes. No remake acontece algo bastante similar, ainda que não tenha existido uma aposta grande em novas faixas (pelo menos não tanto como o original). Mas o trabalho efectuado está divinal e nesse sentido ambos os jogos são bastante idênticos: Evoluir e aprimorar o que já existia, aplicar da correcta forma e conseguir impor um ritmo saudável e cativante de jogo.

Posto isto, resta-nos agora engrenar por territórios mais "perigosos" e associados à segunda grande diferença que Final Fantasy VII Remake apresenta face ao original: o seu enredo.

É também aqui que iremos entrar em zona de SPOILERS, pelo que recomendamos a quem não tenha ainda completado a história, ou nunca tenha jogado o original, que retorne mais tarde!







ATENÇÃO SPOILERS

Indiscutivelmente que a grande diferença entre o Remake e o Original é Sephiroth. O grande antagonista de Final Fantasy VII e um dos grandes vilões do mundo dos videojogos, tem um destaque significativamente maior. Enquanto no original o seu primeiro grande papel é quando mata o presidente Shinra, no Remake ele surge frequentemente a Cloud durante episódios psicóticos do mesmo. Nestas ocasiões são fornecidas indicações, para quem conhece a história, de várias pistas sobre o passado de Cloud. Certamente que no global estes episódios não impactam muito na história e servem em grande parte para “character build” do protagonista e do próprio Sephiroth. Pelo que o produtor mencionou, esta decisão baseou-se no facto de a vasta maioria dos jogadores já conhecer a personagem e que o conceito de “Terror do desconhecido” já não seria mais adequado. De qualquer forma a sua caracterização está eximia e em perfeita sintonia com a personagem, criando um novo e desconhecido desconforto nos jogadores de longa data face a esta velha ameaça.

Outro elemento do enredo que varia significativamente passa pela recta final. No original, como mencionamos, Sephiroth aparece e após matar Shinra leva o corpo de Jenova. Isso faz com que o grupo se una e comece uma expedição por todo o mundo para o encontrar. Ainda que no remake isto também aconteça, temos mais uma sequência de eventos que não aparece no original (capitulo 18 do jogo), onde no final defrontamos Sephiroth directamente.




Durante  todo o Remake somos contrapostos a entidades obscuras denominadas de “Espíritos do Destino” (Arbiters of Fate), que conforme explicado por Red XIII  tentam a todo o custo proteger a linha actual de eventos e prevenir modificações ao destino. Este aspecto em particular não aparece no título original e levanta grandes duvidas para o futuro da saga, na medida que durante a luta com um dos bosses finais do jogo conseguimos perceber que estamos a lutar por alterar o destino das personagens. Chegamos, inclusive, mesmo a observar visões do que poderá acontecer se não derrotarem o adversário que lhes é imposto (mais uma vez, conforme nos diz Red XIII). Algumas dessas visões são bem conhecidas pelos fãs que tenham jogado o original, incluindo um dos momentos mais marcantes do jogo. Voltando atrás um pouco no enredo percebemos que sempre que a história do remake parece desviar do jogo original, estas entidades intervêm, frequentemente contra os nossos heróis, mas por vezes também os salvando.

Acontece que no final do Remake destruímos o Rei destes espíritos, assim como todos eles (tornando-os em espíritos livres e fazendo chuva cair em Midgar). O que indica que a partir de agora não existem entidades a guiar o nosso destino e temos a liberdade de o alterar conforme o nosso melhor entendimento e capacidade. Este aspecto leva-nos a ponderar que nos próximos capítulos do jogo alguns eventos não seguirão tão de perto os eventos do original.

Outra personagem de grande importância é Zach, o mentor de Cloud e colega de Sephiroth. Quem jogou Crisis Core conhece o seu destino, a sua relação com Aerith e como morreu dramaticamente a proteger Cloud da infantaria Shinra. Estes eventos parecem consistentes com o apresentado durante grande parte do Remake, todavia, exactamente na última cena do jogo aparece Zach a transportar Cloud para Midgar (ainda vivo). Interessantemente aparece também um saco com uma estampa da mascote de Shinra (um terrier com uma boina verde), mas diferente do que nos habituamos a ver durante o jogo (um beagle com uma capacete cinzento). Isto poderá indicar uma linha de realidade alternativa onde Zach sobrevive.

Outros pequenos (ou grandes) elementos da narrativa mudam, como por exemplo Biggs a sobreviver a destruição do pilar (quando no original morria) que nos leva a crer que o futuro de Final Fantasy VII poderá vir a trazer mais novidades do que aquelas que estávamos à espera.
É claro que é incerto o que o futuro trará para a série, mas por hora parece que as portas estão todas abertas para a Square decidir para onde seguir. Uma cópia do original ou arriscar num reboot da história?



Artigo Por: Carlos Silva

Final Fantasy VII Remake: Diferenças com o Original Final Fantasy VII Remake: Diferenças com o Original Reviewed by Carlos Silva on abril 27, 2020 Rating: 5

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