Passava o ano de 1992 quando The
Lost Vikings foi lançado sobre a arquitectura preconizada por Ron Millar. O
jogo apostava num conceito de puzzle solving, misturado com plataformas e um
modelo cooperativo com diversificadas personagens. Apesar do moderado sucesso
obtido na altura, só recentemente tivemos a oportunidade de testar uma
experiência idêntica nas consolas actuais.
A saga Trine segue a mesma
premissa generalizada por The Lost Vikings, mas expandindo-a à jogabilidade,
grafismo e conectividade dos dias de hoje. Resumindo, seguimos as aventuras de 3
aventureiros, cada um com habilidades específicas que permitirão ultrapassar os
diferentes puzzles que vamos sendo submetidos. O jogo decorre numa perspectiva
2,5D, onde percorremos sala após sala (puzzle após puzzle), com alguns combates
pelo meio e um boss no final de cada nível.
A beleza deste jogo passa pela
forma de como abordamos os desafios. No início é frequentemente exequível ultrapassar
cada puzzle utilizando somente um dos heróis, mas com o aumentar da
complexidade dos desafios que nos são impostos, rapidamente teremos de combinar
as habilidades das várias personagens para conseguir ultrapassar cada nível.
Efectivamente existem alguns
puzzles que torna-se difícil a sua racionalização, mas eventualmente existe um
sistema de ajuda que ao fim de alguns minutos preso no mesmo ecrã apresenta algumas
dicas (por exemplo, quais as habilidades a usar) para podermos prosseguir com a
aventura.
O enredo segue as aventuras de três
heróis, um mago (Amadeus), um cavaleiro (Pontius) e uma ladra (Zoya), cada um
com origens, habilidades e personalidades bem distintas. Amadeus é um característico
e descontraído mago, com a possibilidade de levitar objectos ou conjura-los para
providenciar plataformas de apoio ou activar botões. Pontius é de longe o mais
forte e honrado dos três com a possibilidade de atacar com a espada, reflectir
objectos com o escudo ou deslocar-se rapidamente pelos cenários. Por fim temos
Zoya, uma irónica ladra que apesar de um grande desejo por bens materiais tem
um coração mole pelos mais desfavorecidos. As suas habilidades passam pelo arco
e flecha, que poderá utilizar para diversos efeitos, desde activar botões,
utilizar para congelar ou queimar itens no jogo ou criar pontes entre dois
objectos.
A aventura começa quando o grupo
é convocado pelo concelho de magos para perseguir um príncipe que fugiu do seu
castelo, após uma série de eventos que permitiu que os pesadelos fossem
libertados no mundo. Grande parte da aventura decorre connosco a perseguir o príncipe
e enfrentar os diversos pesadelos que o atormentam (e a nós!), sempre num tom
bastante cómico.
Durante a aventura somos
presenteados com cenários verdadeiramente belos, muito á semelhança do que a
série nos habituou e com um story telling bastante adequado ao ambiente do
título. Efectivamente a beleza gráfica associada aos cenários é uma componente
constante e que se tornou uma assinatura desta série.
Também a banda sonora é competente,
sólida e adequada, ainda que não se torne verdadeiramente memorável, mas cumpre
plenamente a sua função.
Em termos de jogabilidade, com
tantas possibilidades de controlo o trabalho desenvolvido pela produtora está
bastante competente e rapidamente é possível assimilar as mecânicas de
funcionamento do jogo. As personagens não mudam drasticamente durante o
percurso da aventura, mas algumas habilidades adicionais vão sendo introduzidas
ao longo da história, o que permite manter
o interesse do jogador ao longo da jornada.
Uma boa revisão notada neste
título, face aos anteriores, foi na reformulação das habilidades dos
personagens no sentido de poderem ser utilizadas em combate. Efectivamente
torna-se ocasional a necessidade de combater com os pesadelos do príncipe,
sendo que no início do jogo somente podemos contar com Pontius como a única alernativa
mais intuitiva para derrotar os adversários. Mas a possibilidade de desbloquear
novas habilidades que tornam os outros personagens em também capazes lutadores
é uma boa revisão no sistema de combate de Trine. Quer Zoya, quer Amadeus,
terão habilidades que permitem uma maior resposta em termos de combate com por
exemplo diferentes flechas ou arremessar blocos conjurados.
No que toca à dificuldade, por conhecer
a série, não podemos considerar tratar-se de um jogo particularmente difícil ou
com quebra-cabeças complexos. Efectivamente se há algo que possamos apontar
neste jogo é o elevado nível de “Hand Holding” durante toda a experiência.
Por fim deixamos uma menção à componente
multiplayer, que é onde verdadeiramente este título brilha. Enquanto seja possível
passar o jogo em modo singleplayer, existe a possibilidade de jogar com outro
jogador no conforta da nossa casa ou via online. Ainda é possível jogar um modo
competitivo online que ajuda a promover a longevidade do título. Nestas
vertentes o factor diversão é amplamente expandido e permite boas horas de
diversão a descobrir formas alternativas de passar os puzzles que já
anteriormente conhecemos.
Resumo
Jogos cooperativos de plataformas
são um dos subgénero com óptimas premissas que permitem a jogadores de diversas
idades e gostos juntarem-se para poder aproveitar uma experiência em comum.
Trine 4 faz parte de uma série
com raízes fortes no que toca à sua jogabilidade e enquanto não procure
revoluciona-la, denota-se uma clara evolução sobre títulos anteriores. Quem
conhece os títulos anteriores já poderá ter uma boa ideia do que contar.
Definitivamente é um título para
quem gosta do género, ainda que denotando alguma simplicidade nos
quebra-cabeças, não é um factor significativo no global da experiência e o
setting, caracterização das personagens e grafismo são óptimos pontos para
prender o jogador durante a sua jornada.
O Melhor:
- Ambiente geral do título remetente a um mundo mágico e bem caracterizado.
- Boa implementação dos controlos e evolução das personagens.
- Grafismo belo a acompanhar uma aventura mágica.
O Pior:
- A facilidade da generalidade dos puzzles.
Pontuação
do GameForces – 8,0/10
Título: Trine
4: The Nightmare Prince
Desenvolvedora: Frozenbyte
Publicadora: Modus
Games
Ano: 2019
Nota: Esta análise foi realizada com base na versão
digital do jogo para a Playstation 4, através de um código gentilmente cedido
pela Modus Games.
Autor da
Análise: Carlos Silva
[Análise] Trine 4: The Nightmare Prince [PS4]
Reviewed by Carlos Silva
on
março 23, 2020
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