[Análise] Pokémon Sword [NSW]



Há poucos franchises tão bem-sucedidos em todo o entretenimento como Pokémon. Todos os anos, os fãs da série anseiam por novidades dos próximos jogos e das próximas gerações. Contudo, e antes do lançamento, a entrada na 8ª geração de Pokémon ficou marcada por diversas controvérsias e críticas ferozes aos jogos e aos seus produtores. Será que Pokémon Sword merecem toda esta crítica, ou serão jogos que dão um bom passo em frente?


Tal como em todos os jogos anteriores, em Pokémon Sword jogamos como um jovem que estará prestes a receber o seu primeiro Pokémon. Tal acontece através de Leo, o campeão invicto da região de Galar, que dá a escolher um de três pequenos monstros: um de erva, um de água e um de fogo. Após esta escolha, o nosso primeiro rival Hop, amigo de infância e irmão do campeão, escolhe outro, ficando o último para o próprio Leo. Assim, estamos preparados para enfrentar os desafios dos ginásios Pokémon espalhados por Galar e tentar ganhar a taça de campeão.

Em termos de jogabilidade, Pokémon Sword mantém o tradicional combate por turnos, onde cada monstro tem até 4 ataques de diferentes tipos. No que toca a conteúdos, e depois de ter alterado um pouco a fórmula com a geração anterior, este jogo regressa um pouco à casa de partida, focando a aventura em derrotar líderes de ginásios espalhados pela região e obter os seus crachás. No que toca à história do jogo, pouco mais é acrescentado. Percebe-se que algo está a acontecer nos bastidores, mas Leo ou outras personagens encarregam-se sempre de tratar do assunto, pedindo-nos que continuemos a luta pelos crachás. O que é uma pena, uma vez que a história se abre no final do jogo, e aborda alguns assuntos bastante interessantes.

É verdade que o conteúdo dos novos jogos assenta numa fórmula de sucesso já bastante experimentada, mas é na forma que Pokémon Sword se distingue. Em relação aos rivais, Hop, Marnie e Bede, cada um tem personalidades muito próprias e estilos de combate diferentes. Para além disso, ao longo da história vão crescendo notoriamente à medida que vão conseguindo vitórias ou sofrendo derrotas. Isto torna a relação com estes bastante diferente e dinâmica. No que toca aos ginásios, as batalhas contra os líderes são bastante memoráveis. Cada líder tem uma personalidade muito vincada, e as batalhas decorrem num estádio cheio de fãs a torcer pelos treinadores. Assim, estas lutas pelos crachás dão a sensação de se estar a participar num evento especial, algo que se havia perdido em gerações anteriores.


Nestas batalhas pelos crachás, pode experimentar-se uma das novidades desta geração: Dynamaxing. Trata-se de fornecer aos Pokémons uma grande quantidade de energia, fazendo com que estes se tornem enormes e com um move set mais explosivo – as max moves. Esta opção apenas pode ser utilizada uma vez por batalha, e está limitada a algumas situações – como contra líderes de ginásios. A utilização do Dynamax requer algum pensamento estratégico extra, e as max moves apresentam animações vívidas e espetaculares. Contudo, esta não deixa de ser uma gimmick algo oca. Apenas alguns Pokémons vêem uma alteração de forma e ganham alguns ataques específicos, enquanto o resto sofre uma simples ampliação do seu modelo e ganham alguns pontos nos seus stats. Assim, é uma introdução sem grande conteúdo, sobretudo se compararmos, por exemplo, com as mega evoluções introduzidas algumas gerações antes.

Outra grande novidade introduzida pela 8ª geração é a Wild Area. Esta é uma zona aberta, na qual se pode ver diversos Pokémons a vaguear. Nesta área, ganha-se um controlo da câmara como nunca se tinha visto em títulos anteriores, e pode cruzar-se com inúmeros monstros diferentes. Alguns Pokémons estão num nível bastante superior aos da nossa equipa. Nestes casos, pode tentar-se derrotar os mesmos (e receber uma boa quantidade de experiência), mas não se pode apanhá-los, de modo a não tornar os desafios seguintes demasiado fáceis. Apesar de esta opção de design ser algo bizarra, explorar a Wild Area é sempre um prazer, e a opção de desafiar Pokémons bastante mais poderosos é aliciante.


Ainda na Wild Area, pode encontrar-se algumas tocas que emitem uma luz avermelhada. Estas localizações assinalam a última grande novidade de Pokémon Sword – as batalhas Max Raid. Nestas, quatro jogadores desafiam versões gigantes de Pokémons, que terão habilidades especiais, max moves e um HP avolumado. Estas batalhas são bastante divertidas, sobretudo quando levadas a cabo com outros jogadores, obrigando a um trabalho cooperativo bastante estratégico. Existe a possibilidade de recorrer a NPCs para abordar as batalhas Max Raid, mas estes são de uma fiabilidade extremamente reduzida, mesmo quando se batalha contra Pokémons de nível mais reduzido. Caso uma Max Raid seja bem-sucedida, cada treinador pode capturar o Pokémon derrotado, e receber uma generosa quantidade de outras recompensas.

De um ponto de vista técnico, Pokémon Sword é um jogo que, geralmente, funciona bastante bem, quer em modo fixo, como em portátil. As batalhas são fluidas, os cenários são diversificados, e as animações estão bem conseguidas. Graficamente, não é o salto qualitativo que se esperava, tratando-se de uma mudança da 3DS para a Switch, mas cumpre os requisitos. Há pequenas situações em que se nota alguma falta de otimização. Animações de alguns ataques (dos mais básicos no início do jogo) e a ausência de detalhe em alguns elementos, particularmente na Wild Area, deixam bastante a desejar, apesar de estes não serem grandes detrimentos para a experiência. A única questão de otimização prende-se com a componente online, que quando ligada torna a exploração da Wild Area bastante difícil, com a framerate a cair a pique.


Quanto aos aspetos sonoros, Pokémon Sword apresenta-se com qualidade. A música é extremamente memorável e genuinamente fantástica. Por exemplo, as músicas das batalhas contra líderes de ginásio, de alguns dos rivais e da Battle Tower são algumas das melhores que já se viu em jogos Pokémon, e vão ficar presas na cabeça. Também o som dos ambientes que atravessamos nesta aventura acrescentam algo à experiência. Por outro lado, muitos dos efeitos sonoros são reutilizados de gerações passadas, o que torna as batalhas e capturas menos dinâmicas do que seria ideal. É certo que os sons de um ataque muito eficaz ou de uma captura bem-sucedida já são icónicos. Mas passados tantos anos, são efeitos sonos que apenas cumprem requisitos mínimos, quando a capacidade da Switch poderia permitir um design sonoro muito mais imersivo na experiência.

Por fim, há que referir a questão do PokéDex. Pokémon Sword acrescenta 80 novos monstros para capturar e treinar, bem como 13 Pokémons com formas novas e exclusivas à região de Galar. No geral, os novos designs são bastante interessantes e únicos, e as novas formas dão nova vida a monstros mais esquecidos. No entanto, o problema está no facto de esta geração ser a primeira na qual não se pode reunir todos os Pokémons alguma vez criados. Na duração da história principal, apenas 400 Pokémons estão disponíveis. Para os jogadores mais casuais e que apenas querem jogar a história, estes cortes não terão grande impacto. De facto, a variedade de monstros que se encontra nas diversas áreas do jogo é muito grande, e cada um dos tipos de Pokémon está bastante bem representado. No entanto, estes cortes afetam bastante os jogadores que tencionem entrar na vertente competitiva e jogadores que tenham por hábito completar os PokéDex. Para estes, a longevidade do jogo fica bastante limitada, dando menos motivos para regressar a Pokémon Sword à medida que o tempo vai passando.


Conclusões

No geral, Pokémon Sword traz muitas coisas boas à série, mas acaba por saber a pouco. A Wild Area e as Max Raids acrescentam novas maneiras de jogar e de explorar o mundo, mas o Dynamaxing acrescenta pouco à vertente estratégica das batalhas. A banda sonora é excelente, as personagens são muito boas e as batalhas de ginásio são memoráveis, mas a falta de um PokéDex completo e alguns soluços na otimização gráfica e na performance online deixam bastante a desejar. Pokémon Sword é sem dúvida um bom passo em frente para o franchise, mas fica aquém das expectativas em alguns aspetos, sobretudo tendo em conta o potencial que a Nintendo Switch pode oferecer.


O Melhor:
  • A Wild Area é uma lufada de ar fresco na série, e é um prazer de explorar
  • Os combates contra os líderes de ginásios são memoráveis e entusiasmantes
  • A banda sonora é das melhores que já vimos em jogos Pokémon
  • As Max Raids são bastante divertidas, quando feitas com outros jogadores


O Pior:
  • A falta de um PokéDex completo danifica a longevidade
  • Alguns aspetos gráficos pouco otimizados, sobretudo na Wild Area
  • Conexão à internet torna a Wild Area muito lenta e com problemas de framerate


Pontuação do GameForces – 7.5/10


Título: Pokémon Sword
Desenvolvedora: Game Freak
Publicadora: Nintendo
Ano: 2019


Autor da Análise: Filipe Castro Mesquita

[Análise] Pokémon Sword [NSW] [Análise] Pokémon Sword [NSW] Reviewed by Filipe Castro Mesquita on janeiro 03, 2020 Rating: 5

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