Com o aproximar do final do ano,
muito se tem discutido acerca dos melhores jogos de 2019. Control tem
vindo a surgir em algumas dessas listas, tendo, inclusivamente, sido nomeado
para 8 prémios nos Game Awards (entre os quais Jogo do Ano). O jogo tem
apresentado números de vendas longe do ideal, mas tem recebido muito
reconhecimento por parte de fãs e críticos. Será o mais recente título da
Remedy Entertainment uma hidden gem de 2019?
Control é um jogo de ação na terceira
pessoa, com muitos elementos de shooter e de plataformas. Neste, assumimos o
papel de Jesse Fayden, no momento em que esta chega ao edifício de uma entidade
governamental chamada Federal Bureau of Control (FBC). Cedo percebemos que esta
passou por um evento traumático quando era mais nova, que culminou com a FBC a
levar o seu irmão. Ao entrar no edifício, este entra em lockdown, uma
vez que uma entidade paranormal – apelidada de Hiss – surgiu e começou a
infetar os trabalhadores da FBC. Jesse encontra o diretor morto e fica com a
sua arma, também ela com poderes sobrenaturais. Ao longo da história, Jesse irá
ajudar os sobreviventes a lutar contra o Hiss, enquanto desvenda mistérios e
conspirações à volta da FBC para poder descobrir o que aconteceu ao irmão.
Embora a premissa base não seja algo especialmente original, a história é
sempre intrigante, e leva o jogador a querer vê-la até ao fim.
Ao lutar contra os primeiros
inimigos, percebe-se que Control tem uma jogabilidade intuitiva. Uma
mira está sempre presente, facilitando a movimentação e o disparo em
simultâneo, sendo possível aproximar a mira, sprintar e agachar a Jesse logo à
partida. A arma principal não necessita de munições, adotando algo semelhante a
um sistema de sobreaquecimento. Isto obriga a alguma gestão dos momentos de
combate, de movimentação e da energia das habilidades.
À medida que se avança no jogo,
vai-se interagindo com Objetos de Poder – objetos do dia a dia carregados de
poder sobrenatural –, sendo assim que se desbloqueia novos poderes e
habilidades. Cada novo poder – telecinesia, evasão, levitação – acrescenta algo
à jogabilidade, dando sempre um novo leque de maneiras de abordar as situações
de combate. E é no combate que Control se destaca. A ação é sempre
bastante frenética, e os efeitos visuais e animações acrescentam quase sempre
algo. De facto, é bastante gratificante ver os inimigos serem atingidos e
resultar numa explosão de luzes. Isto e a grande variedade de poderes e de
modificações para a arma, tornam a jogabilidade de Control uma das mais
divertidas no que toca a jogos deste género.
Outro ponto forte de Control
prende-se com o design do mundo. O facto de o jogo se passar todo dentro de um
só edifício poderia levar qualquer um a pensar que os cenários se tornariam
repetitivos, mas tal não acontece. Cada secção do edifício – executivo,
manutenção, detenção – tem áreas com caracterizações distintas. Isto transmite
ao jogador a sensação de que está a navegar por ambientes diferentes.
O design das criaturas é igualmente
variado. Cada inimigo apresenta aspetos distintos e modos de combater
diferentes. Cada combate mistura diferentes espécies de inimigos, o que obriga
à utilização dos vários poderes e modos de disparo da arma, e torna os combates
menos repetitivos. Este aspeto sobressai nos designs dos bosses, em particular
nos das missões secundárias. Por norma, os bosses vão misturando poderes que a
própria Jesse tem ou irá ter mais à frente, e apresentam um bom desafio. Mas
nas missões secundárias, encontram-se bosses um pouco mais únicos e com forças
e fraquezas mais variadas, denotando-se um nível de criatividade bastante
positivo.
No que toca a aspetos mais técnicos, Control
é um misto de pontos muito fortes e muito fracos. Os efeitos visuais e luminosos
são maioritariamente espetaculares, sobretudo durante o combate e na interação
com o mundo. Cada vez que Jesse interage com um novo Objeto de Poder ou com
alguns Pontos de Controlo (que também servem de checkpoints), o espaço à sua
volta é alterado e reorganizado. E estas animações, bem como as presentes nas
situações de combate, são louváveis, assim como os efeitos luminosos referidos
anteriormente.
No entanto, excluindo estes períodos
de beleza, não se pode dizer que Control seja um jogo graficamente
impressionante. A definição dos espaços e das personagens deixa bastante a
desejar, havendo momentos em que alguns objetos e cenários denotam uma
pixelização demasiado evidente. Esta é uma falha estranha e que não se espera ver um
jogo desta envergadura em 2019, sobretudo tendo em conta os momentos de
brilhantismo que Control é igualmente capaz de atingir.
Mas o maior problema de Control
está relacionado com a performance do jogo. No início corre bastante bem, mas à
medida que se vai utilizando poderes mais diversos e os inimigos crescem em
número e habilidades, jogar Control torna-se cada vez mais problemático. A
partir do meio da história, a framerate vai caindo a pique na maioria
dos combates, causando algumas mortes escusadas em situações de combate
particularmente exigentes. Esta queda de framerate também se regista
depois da utilização do fast travel ou no abrir e fechar dos menus do
jogo.
Os problemas de otimização não se
ficam por aqui. O tempo de loading é também problemático do jogo,
perdendo-se minutos de cada vez que se vê um ecrã de carregamento. Com isto,
por exemplo, o fast travel torna-se aborrecido de usar em vez de
conveniente, devido ao tempo que o jogo leva a carregar a nova área. Também
algumas cutscenes para o final do jogo apresentam problemas de
sincronização. Há poucas coisas que quebram mais a imersão do que a imagem e o
som a não baterem certo, o que infelizmente acontece algumas vezes com as cenas cinematográficas em Control.
É lamentável que isto aconteça, até
porque o design sonoro é dos melhores aspetos de Control. O som dos
disparos, dos inimigos e dos poderes a interagirem com o ambiente são
exemplares e contribuem para a satisfação que se sente com a ação do jogo.
Também o desempenho dos voice actors é forte, sobretudo da protagonista
nos momentos em que alterna entre diálogo e monólogo interior.
Conclusões
Control é um jogo algo ambivalente. Por um
lado, a jogabilidade e a ação, que são dos mais divertidos do ano e tornam este
um jogo extramente gratificante. Por outro, os incontáveis problemas de
performance e de otimização, que transformam uma experiência cativante numa
enervante. Também os gráficos variam entre os efeitos luminosos brilhantes e a
falta de detalhe injustificável. No fim de contas, Control acaba por ser
um jogo recomendável e que irá divertir qualquer fã de jogos de ação, mas fica
aquém dos melhores títulos deste ano devido a problemas que poderiam ter sido
resolvidos com mais alguns meses de otimização.
O Melhor:
- A jogabilidade e a ação são bastante divertidas;
- Os efeitos luminosos são, na maioria das situações, bastante bem conseguidos
- Design dos espaços e dos inimigos é variado e criativo
- A história é intrigante
O Pior:
- Demasiados problemas de performance prejudicam a experiência de jogo
- Desfasamento entre som e imagem em algumas cutscenes quebra bastante a imersão
- Definição gráfica é algo pobre para um jogo desta geração
Pontuação
do GameForces - 7/10
Título: Control
Desenvolvedora: Remedy Entertainment
Publicadora: 505 Games
Ano: 2019
Autor da Análise: Filipe Castro
Mesquita
[Análise] Control [PS4]
Reviewed by Filipe Castro Mesquita
on
dezembro 15, 2019
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